Abr 12 2017
O Centro Histórico de Beja
foto: joão espinho
Escreve Rita Palma Nascimento: “Na minha óptica, e enquanto cidadã comum, considero que uma das problemáticas com consequências visíveis a médio e longo prazo nos centros históricos tem sido, desde sempre, a nossa incapacidade para a auto-responsabilização que, por consequência, nos tem arrastado para uma contínua má gestão dos espaços públicos e prédios urbanos.
É também verdade que, muitas dessas questões, ainda se esperam ver resolvidas pelo poder autárquico que, embora conte já com 40 anos de eleição democrática, não conseguiu até à data, encontrar uma ferramenta que permita uma boa gestão do espaço público e a sustentabilidade desejável (esta, a vários níveis). Assim, assiste-se a um contínuo e já prolongado abandono do centro histórico, à sua degradação, desertificação e à requalificação praticamente inexistente, por falta de planeamento e ornamento urbanístico.
São urgentes e necessárias medidas e acções que promovam tanto a requalificação dos centros, como a posterior captação e atração de famílias, jovens, comerciantes e alguns investidores.
Se poderá passar por um incentivo camarário aos proprietários dos imóveis, tendo em vista a sua recuperação? Julgo que sim. Se poderá passar diretamente pela autarquia, de forma a que seja esta a assumir e a levar a cabo a recuperação de alguns dos imóveis, com as devidas contrapartidas? Também não vejo porque não (temos o excelente exemplo do Porto). Se é exequível pensar e levar a cabo a abertura de um concurso que vise a reabilitação e requalificação de espaços e imóveis devolutos? Claro. É preciso é ver a ideia passar do papel à prática.
Posteriormente, por parte do poder central, seria importante que o regime de arrendamento urbano nas zonas históricas fosse revisto, e adequado aos fins a que se destina.
No que respeita aos comerciantes, é sempre possível, bastando querer, a autarquia facilitar ou proporcionar estacionamento gratuito, assim como isentar a restauração de taxas de esplanada.
Enquanto comunidade e vivendo em sociedade, também nós, enquanto cidadãos, temos parte da responsabilidade na manutenção e na não degradação dos espaços públicos.”
12 de Abril de 2017 às 19:47
Pois, e os coeficientes do IMI cada vez mais caros nos centros urbanos.
É muito bonito desfraldarem a bandeira dos centros urbanos reabilitados e habitados, mas cada vez há mais restrições nesses mesmos centros urbanos( estacionamento, circulação, obras, limitações\obrigações, etc).
12 de Abril de 2017 às 19:59
@américo – tem toda a razão. Vivo no CH e ainda não descobri qualquer vantagem.
12 de Abril de 2017 às 20:20
E aquele famoso concurso de ideias para a regeneração do centro histórico apresentado com pompa e circunstância em 30 de Setembro de 2014 na Igreja da Misericórdia e que tinha 7 mil euros para o projecto vencedor e 2 mil para o segundo? Que é feito dele? Alguém venceu? Onde está o projecto? O que é que está a ser feito na sequência desse concurso? Ou não passou tudo de um grande flop e de mais operação de propaganda da câmara municipal, igual a outras como os projectos para uma praia fluvial no Guadiana, uma alameda para o Flávio dos Santos ou um grande pavilhão desportivo?
12 de Abril de 2017 às 21:18
@ bejense
ah magan@! tá bom de ver!
12 de Abril de 2017 às 21:58
Projectos existem muitos.
Obras feitas onde estão que não existem.
Mais projectos haverão até Outubro e não ser poucas as promessas.
13 de Abril de 2017 às 16:07
Para mim, os Centros históricos, em termos de habitabilidade e dinâmica comercial, estão condenados, precisamente por serem Centros Históricos. São espaços desajustados das exigências e necessidades da vida moderna em termos de trânsito, comércio, espaço de estacionamento, habitações sem condições mínimas de habitabilidade cuja reabilitação se torna caríssima, etc.
Pense-se real e muito seriamente na sua reabilitação como locais para o desenvolvimento do turismo cultural, locais de passeio, lúdicos, com umas esplanadas e estabelecimentos hoteleiros e restauração, algumas habitações. Dê-se prioridade à recuperação de edifícios históricos, os serviços públicos aproveitem, recuperando, edifícios simbólicos ou senhoriais desabitados ou abandonados e pouco mais. Estimem-se, isso sim, os carolas que ainda resistem no CH e concedam-se-lhe algumas benesses para que não desistam. Tentar trazer de novo a cidade para o CH é uma utopia. Só se conseguiria se acabassem com o automóvel e isso, é outra utopia.