Jan 24 2021
Esperteza saloia
Publicado por João EspinhoJá aqui o referi diversas vezes, mas não me vou cansar de o repetir. Paulo Arsénio, o cidadão presidente, utiliza a sua conta pessoal no Facebook como megafone das diversas iniciativas e actividades camarárias, pois é ali que a corte arsenete o vai aplaudir, em verdadeiros orgasmos públicos de rejúbilo. Encarcerado naquela bolha de felicidade, Paulo Arsénio publicita o arranjo de uma latrina pública, a ajuda a um vizinho com unha encravada ou a colocação de um azulejo que o anterior executivo comunista não havia cuidado de reparar.
Em exaustos parágrafos de propaganda, Arsénio sente-se imensamente feliz por anunciar “obra”, independentemente de a mesma ser de gestão diária ou de se tratar de uma ideia antiga e agora recuperada e posta a andar (devagar).
Veja-se este “post” sobre a queda de um pinheiro:
De uma importância vital para o concelho, a “notícia” serviu para desviar olhares e atenções de uma outra que ele não teve a coragem de anunciar, por saber que a mesma revelava uma insensibilidade social por parte da Câmara a que preside. Numa atitude populista e de alcance duvidoso, e porque a COvid-19 serve de desculpa para tudo, mandou cortar o acesso público ao Wi-fi gratuito disponibilizado pela autarquia, sabendo que essa ordem iria atingir maioritariamente aqueles que têm no wi-fi gratuito a única ferramenta para contactar os familiares que vivem longe: os imigrantes.
De facto, há relatos de ajuntamentos de imigrantes nos pontos onde havia wi-fi gratuito. Mas, porra, não haveria outras soluções menos penalizadoras?
Evidenciando uma esperteza saloia, mandou publicitar a medida no feed da CMB, refugiando-se de eventuais arremessos de pedras ou garrafas de plástico e da justa condenação e indignação de quem, mesmo em tempos de pandemia, não perdeu a sensibilidade social e para quem a palavra solidariedade não é um jargão eleitoral.
Há erros que podem ser revertidos e, neste caso, ainda tenho a ténue esperança de que Paulo Arsénio anule a medida. Tem, na sua equipa, quem lhe sugira uma medida alternativa e sensata?
Ficamos a aguardar.
Nota: Paulo Arsénio esqueceu-se de que também ele já foi um emigrante?