
Lamentamos ter de vir novamente a público com o problema da Vacinação dos Profissionais de Saúde em Beja.
É uma situação completamente surreal, incompreensível, pois após vários contactos com as entidades responsáveis pela vacinação (Locais, Regionais e, por fim, Nacionais) não obtivemos qualquer resposta. Se alguma houve, foi pelas entidades Regionais (ARSA), com promessas de que iriam resolver brevemente a situação, de forma vaga e inconsequente.
Decidimos expor o assunto em carta ao Sr. Presidente da República, Ministra da Saúde e Coordenador da Task Force para a Vacinação.
Curiosamente não obtivemos qualquer resposta.
Iniciando-se a segunda fase da vacinação, vemos com muita apreensão a nossa situação. Será que os responsáveis políticos pela vacinação (os donos das vacinas) se esqueceram de nós? Ou será que estamos a ser vítimas de alguma perseguição ou represália?
Certo é que os vacinados indevidamente, muitos deles logo em Dezembro, estão vacinados e protegidos. Enquanto que outros Profissionais de Saúde, no activo ou não, foram vacinados e praticamente todos a trabalhar sob regime não presencial, os profissionais de saúde privados não o foram, nem tampouco contactados, estando todos em regime presencial. É normal que estes se sintam discriminados, abandonados e revoltados.
A conclusão a que chegamos é a de que quem cumpre é castigado e penalizado e quem prevarica é recompensado. É o País e a Justiça que temos.
A carta:
Beja, 5 de Abril de 2021
Representamos um grupo de profissionais de saúde privados da cidade de Beja, nomeadamente Centro de Radiologia de Beja, Centro de Imagiologia do Baixo Alentejo, Clínica Médica José Barriga e LACLIBE (Laboratório de análises clínicas de Beja).
No dia 27 de Janeiro, fizemos uma exposição à ULSBA com o objetivo de sermos considerados profissionais de saúde prioritários no plano de Vacinação contra a COVID-19, como consta no Plano de Prioridades, critério 2 (Resiliência do Estado). No dia 12 de Fevereiro, recebemos a informação da ARSA de que a vacinação para os privados estaria para breve, mas sem datas previstas.
Após 45 dias de espera, voltámos a enviar vários e-mails e fizemos telefonemas para a Administração Regional de Saúde do Alentejo, procurando saber em que fase estaria o processo de vacinação dos profissionais das Entidades de Saúde que representamos; no entanto as respostas foram sempre evasivas e remetidas para o Portal da Saúde.
É necessário ressalvar que estas quatro entidades foram, praticamente, as únicas em consulta diária e presencial em período de pandemia. Será que não merecem mais consideração e respeito por parte das entidades oficiais?
Será que os responsáveis pela saúde na região não reconhecem o papel destas entidades na prestação de cuidados de saúde, por incompetência ou por ignorância? Ou será que haverá outras razões? Ideológicas? Outras?
Consideramos que esta atitude é completamente discriminatória e lesiva da boa harmonia entre prestadores de saúde pública e privada, colocando em risco a saúde dos utentes e tornando-se um problema para a saúde pública.
Assim, permitimo-nos desde já atribuir responsabilidades, éticas e morais, a quem de direito, pela eventual eclosão e possível desenvolvimento de um surto nestas instituições, com consequências imprevisíveis.
Tendo em conta que nos aproximamos do fim da primeira fase de vacinação, e início da segunda, lastimamos que vários grupos profissionais, incluindo farmacêuticos, juízes, professores, etc., estejam já em fase adiantada de vacinação. Quais as normas da DGS que justificam a vacinação destes profissionais em detrimento de profissionais de saúde em contacto direto e diário com doentes?
Deste modo, lamentamos termos de nos dirigir a Vossas Excelências em defesa de um direito constitucional, uma vez que, as normas da DGS sobre prioritários colocam-nos na 1ª fase do Plano de Vacinação (Resiliência do Estado), não discriminando profissionais de saúde públicos ou privados.
Será que Beja tem que pagar o preço da interioridade, sendo sempre nós os últimos dos últimos? Será que o processo de vacinação dos privados está a decorrer de igual forma nas três regiões do Alentejo? E no País?
Atenciosamente,
(ass O Representante, José Barriga, Médico,
Cédula Profissional 27136
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