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foto: vin gm

Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.

Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
– a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.

E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.

– Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
– E o poema faz-se contra o tempo e a carne.
Herberto Helder

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O Museu Regional de Beja apresenta no seu Núcleo Expositivo da rua dos Infantes uma mostra da actividade arqueológica e museológica na Villa Romana do Rabaçal, ao longo de 25 anos.

Este sábado, dia 21 de março, celebra-se o Dia Mundial da Poesia, e a Biblioteca preparou-lhe um conjunto de atividades em torno desta comemoração.
A partir das 15 horas, a Biblioteca Municipal de Beja convida pais e filhos a perderem-se nas palavras, ritmos e rimas para descobrirem o prazer de ler, dizer e “poetar”.
Pelas 16 horas, temos Poesia Online a Duas Vozes, com Pedro Silva Sena da revista “Inefável” à conversa com Luís Contente da revista “Efémera”.
António Vilhena é o convidado seguinte e, pelas 17h30, apresenta a sua poesia em Cartas de Um Amor Ausente.
Ao final da tarde, pelas 19 horas, temos 12 Canções Faladas e 1 Poema Desesperado, um espetáculo de Spoken Word com Napoleão Mira e Reflect.
Estas são, sem dúvida excelentes propostas para visitar a Biblioteca Municipal de Beja José Saramago, neste sábado, Dia Mundial da Poesia.