Geração quê?

11 de Março de 2011

Crónica publicada na edição de Fevereiro/2011 da revista “30 dias

“A árvore antiga
Que cantou na brisa
Tornou-se cantiga”

Sophia de Mello Breyner Andresen

Geração quê?
No momento em que escrevo esta crónica o meu Sporting acaba de perder com o seu eterno rival. Coisa a que as gerações mais novas já se habituaram. Outras gerações, como a minha, continuam a recordar gloriosos momentos, e a contabilidade dos resultados com os benfiquistas não pode, não deve, molestar um sportinguista.
Mas o que eu estava a escrever, e é disso que eu quero falar, é sobre as gerações que, assim de repente, germinaram na nossa sociedade.
Faça-se justiça, atribuindo a Cavaco Silva o brotar da “geração pimba”. Sim, foi durante a governação do actual Presidente da República que a designada “música pimba” nasceu. Não vou aqui citar nomes, mas todos estarão recordados dos festivais académicos cheios de “bacalhau quer alho”. Depois, assim em estilo mais erudito, surgia o homem dos óculos escuros questionando “E eu e tu o que é que temos que fazer?” Poucos, dessa geração (desse tempo), terão lido o que lá se escrevia e cantava: “Há mortos na Palestina | E há feridos em Israel | Conversações que não saem do papel”. Mas a resposta é conhecida e sabe-se como o pessoal reagiu: “Talvez foder, talvez foder”.
Pois.
Aí estão agora, passados poucos anos, as novas gerações, a “fertilizar” feitas parvas e à rasca. Aí estão as gerações das petições e manifestações onde não há uma voz que diga “Basta!”. E, obviamente, perguntar: “O que é que temos que fazer?”.

Esta crónica é dedicada a um amigo que nunca teve medo de dizer o que pensava. Rui Sousa Santos, a meu pedido, fez a legenda da fotografia que acompanha esta crónica. Presto-lhe, assim, a minha respeitosa homenagem.
João Espinho – Fevereiro de 2011


foto: joão espinho
“Acho que só em Jerusalém, no Yad Vashen, é possível sentir um peso na alma semelhante ao que esta imagem do monumento de homenagem às vítimas do Holocausto provoca! Fantástica imagem, em todas as acepções do termo. O horror da despersonalização completa, a massificação da barbárie uma e outra vez repetida, aquém e além de muros de ignomínia. Brilhante!”
Rui Sousa Santos – Abril 2009

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fotografia

13 de Dezembro de 2008


Denkmal für die ermordeten Juden Europas” foto: joão espinho

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