FEMININO/MASCULINO -13-
20 de Maio de 2005
foto: andreas bitesnich – Imagens
Continuam a surgir textos provocados pelo repto Feminino/Masculino.
Agora, a Maria do Rosário diz Hoje sou um homem.
Para ler no Divas & Contrabaixos.
foto: andreas bitesnich – Imagens
Continuam a surgir textos provocados pelo repto Feminino/Masculino.
Agora, a Maria do Rosário diz Hoje sou um homem.
Para ler no Divas & Contrabaixos.
Mais um contributo para o feminino/masculino. Em breve actualizarei esta secção, trazendo-vos contributos entretanto já publicados noutros blogs.
ÊXTASE
foto: darius shaolin
Puxou-me para cima de si,
Sentei-me sentindo-lhe
Um calor ardente
Que se me entranhava
Pelo corpo.
Afagou-me os seios
Agarrei-a também,
Fazendo-a levantar o torso.
Aproximámos as bocas
Mas ela agora devorava-me
Com o olhar sôfrego
Oscilando as ancas
Num movimento estudado,
Compassado.
A minha mão segue-lhe
A volúpia
Sente-lhe o néctar
E também eu estou agora
Preparada para que me beije
Para que me faça vibrar
Para que me sinta mulher.
No êxtase, só nós as duas,
Só nós, mulheres.
nikonman
foto: tankred tanik
A escrita no outro sexo. Ela agora é o homem que diz “a tua língua e os teus dentes são donos do meu corpo. A luta termina quando ambos temos na boca o sangue daquela batalha desigual.”
Quem é que continua a aceitar o desafio?
Também o Luís Ene se vestiu no feminino.
É ele mesmo que diz Sou uma mulher.
Continuam a surgir os textos, dando continuidade ao repto lançado aqui na Praça.
Agora o jotakapa escreve Clandestinidade no Feminino, porque o outro lado mostrou-lhe “como o sexo pode ser uma entrega deliciosa de dois corpos que se amam, deu-me a loucura da paixão, incutiu em mim a alegria de viver e a vontade de concretizar este nosso sonho. A clandestinidade do nosso amor seduz-me, mas quero mais, muito mais. Quero a revolução que tire este amor da ilegalidade e acabe com os (des)amores obsoletos que continuam a existir nos outros vértices do quadrado”.
“Fecho os olhos e recordo a sua imagem em cima de mim, o cabelo molhado em tons dourados, os seus olhos de felina como que a devorarem-me enquanto o seu corpo impunha um ritmo ofegante.
Regresso ao quarto e vejo-a sentada na cama a arranjar o cabelo.”
Também a Mad aceitou o repto. E dançou o tango. No masculino.
foto: Robert Wasinger
O Fernando aceitou e a transsexualidade invadiu-lhe o soneto.
É agora o Número Perfeito de Um Cidadão do Mundo.
“Mas ela voltou a palma da mão para cima, meteu-ma no meio das pernas e agarrou-me firmemente.
Abriu os olhos lentamente e fitou-me longamente, como se avaliasse as minhas reacções.
Disse por fim: “Quero-te … agora … não consigo resistir mais.”
O repto aqui lançado propaga-se.
A Maria, do Puta de Vida…ou nem tanto, escreve no masculino e com Óleo de Tangerina.
Para ler e…. massajar a alma.
foto: jacek pomykalski
Lembrei-me do poema “Feminina”, de Mário de Sá-Carneiro.
Um excerto:
“(…)
Eu queria ser mulher para mexer nos meus seios
E aguçá-los ao espelho, antes de me deitar –
Eu queria ser mulher pra que me fossem bem estes enleios,
Que num homem, francamente, não se podem desculpar.
(…)
Eu queria ser mulher para excitar quem me olhasse,
Eu queria ser mulher pra me poder recusar…”
O Orca trocou-se todo…. entre X e Y!
E nasceu uma Mulher a Dias.
A tecla masculina a escrever no feminino.
O repto foi aceite e reproduziu-se.
Também o leitor Charlie dá o seu contributo, escrevendo no feminino. Estou à espera de ler a escrita “no masculino” de mulheres que sabem transportar o imaginário para as palavras.
Escreveu o Charlie:
Um sonho de mulher.
Encontrava-me naquela fase limiar do sono, entre o sonho e o despertar, onde as sensações têm o peso para além da realidade.
A respiração dele massajava suavemente o meu pescoço.
Experimentara o morder dele no meu ombro, o que me fizera sair do sono profundo para este estado de quase consciência. Sentia os dentes dele a afundar em mim. Primeiro gostoso e depois com mais força, arrepanhando-me a pele numa prega fina entre os incisivos.
Acre como uma agulha, pensei, e senti-me ligeiramente incomodada.
Sem acordar em pleno, reagi movendo-me.
Mas ele aproximou-se mais de mim. O calor do seu corpo embalou-me e deixei-me afundar durante um instante mais nos braços de Morpheu. Contudo, as suas mãos começaram a explorar o meu corpo que não era mais do que apenas um instrumento para ele.
A minha consciência pendulava entre o limbo e o sonho. Estava deitada de lado e senti como ele pôs uma perna sobre mim, como as suas mãos tinham posto os bicos dos meus peitos entumecidos, como desciam e como agora exploravam o meu umbigo, deixando-me arrepiada. Contra o meu corpo sentia agora a pressão da expressão máxima da sua virilidade. Ele desceu mais e continuou. Eu por mim era apenas um frágil barco de papel navegando no infinito lago de desejo que era o dele. Quis dizer não, com o meu corpo a pedir sim, mas não me saiu qualquer som.
Senti-me afundar indefesa, e quando me pensava ir afogar, descobri de repente que a superfície do lago era apenas o limiar do primeiro céu dos sete para onde ele me queria transportar. Voltei o meu corpo de mulher rendida e senti como ele deslizou para cima de mim e para dentro de mim. Tocou nos meus lábios com os seus.
Não gostei da sensação. Estavam secos! Terrivelmente secos!
Acordei num sobressalto, num breve instante de consciência, mostrando a crueldade da realidade nua.
Ao meu lado não estava ninguém. Ele havia saído de casa havia já meses….. Deixei-me afundar novamente no sono. Senti ainda uma comichão no ombro – um mosquito, pensei, enquanto coçava já quase entregue ao mundo dos Deuses.
Ainda antes de mergulhar dentro de mim, desci com a mão procurando-me e voltando a encontrar o príncipe dos sonhos com o qual, momentos antes, tinha interrompido o encontro…