Bom moço, honesto, trabalhador e humilde
9 de Outubro de 2017A minha participação na “Bisca Lambida”, Diário do Alentejo, 6 de Outubro de 2017:
Quando em fevereiro deste ano o Partido Socialista apresentou Paulo Arsénio como candidato à Câmara de Beja, depois de vários nomes terem sido lançados para a praça pública como putativos candidatos socialistas à autarquia bejense, foram muitos os comentários que se ouviram sobre esta escolha do PS.
Quando divulguei a candidatura no meu blog, li vários comentários, todos eles interessantes, alguns com certa malícia, natural em quem se tenta proteger sob a capa do anonimato. Os adjetivos, e características do candidato, eram pronunciados de forma jocosa. Noutros blogs e redes sociais seguiram-se as habituais tentativas de assassinar o carácter do candidato e das pessoas da sua equipa.
Nas conversas de rua havia uma quase unanimidade: o Paulo é bom moço, é honesto, trabalhador e humilde mas… E eram os “mas” que me faziam sorrir. Que não tinha peso político, que não tinha experiência autárquica, que era “fraquinho”…. Mais, vaticinavam uma derrota humilhante perante João Rocha, um dinossauro com mais de 30 anos de poder local e conhecedor de todas as “manhas” para vencer eleições.
Mas, e houve um “mas” decisivo, o debate televisivo trouxe à tona de água que: afinal, o Paulo era combativo, estava bem preparado e que, imagine-se, levara gráficos para apresentar, demonstrando ter feito o trabalho de casa. Ganhou o debate e ascendente sobre o seu apático e principal rival na disputa eleitoral.
A partir desse momento as conversas mudaram. Do lado do PCP perceberam-se algumas reações de desânimo. Apesar das jogadas “espertas” levadas a cabo pelas tropas comunistas – veja-se o que se passou na EMAS – onde o “vale tudo” passou a ser o título do programa da CDU, a candidatura de Paulo Arsénio foi inteligente, não desmoralizando, não caindo na tentação de ser agressiva e/ou ofensiva. Sem piscar o olho ao eleitorado do centro- direita, a candidatura assumiu-se como claramente socialista e trilhou os caminhos que Paulo Arsénio definiu para chegar à desejada cadeira na Praça República.
Chegados ao dia das eleições, havia uma grande expectativa, principalmente nos setores bejenses contrários à eternização de Rocha à frente dos destinos do concelho. Teria o bom rapaz, o moço trabalhador e honesto, convencido o eleitorado? Os resultados não enganam. E, sem ser exaustivo na análise de números, essa tarefa cabe a outros, percebeu-se que foi o tradicional eleitorado do PCP que mudou o seu voto, transferindo-se de armas e bagagens para as cores socialistas. No concelho de Beja, como aliás em todo o Distrito, o PCP/CDU foi o grande derrotado. Não foi um voto contra o Rocha, contra o Duarte ou contra o Ramalho. O eleitorado comunista zangou-se com o seu partido. Não basta apregoar “trabalho, honestidade, competência”. É preciso, de facto, olhar para as necessidades das populações e ir ao encontro das suas ambições. O PCP/CDU foi por outros caminhos. Perdeu-se e perdeu.
Umas últimas palavras para o meu Partido, o PSD. Em Beja, só mesmo o candidato e os pesos-pesados que o rodearam acreditavam num milagre. Pinela Fernandes não foi o candidato escolhido pelas bases do Partido. Foi um candidato que se autopromoveu, impondo a sua candidatura aos órgãos do Partido que, irrefletidamente, se limitaram a homologar os nomes que lhe iam aparecendo em cima da mesa.
As novas equipas socialistas, que em breve tomarão conta do Distrito, não vão ter desculpas, nem serão merecedoras de grandes tolerâncias: dominam as autarquias, a Comunidade intermunicipal e, sublinhe-se, são do mesmo partido do governo da nação. Se não souberem aproveitar esta ocasião, trazendo o desenvolvimento para as nossas terras, tirando o Alentejo do marasmo e da letargia, se assim não acontecer, não terão, daqui a 4 quatro anos, desculpas, e serão fortemente penalizados.