Out 10 2007

A Coligação – uma questão de semântica

Publicado por as 15:45 em A minha cidade

O assunto continua a suscitar reacções.
As últimas que se ouviram são as que representam os aparelhos partidários, são as vozes daqueles que têm dificuldade em ver para além do espaço que os rodeia ou, em esforço de futurologia, desaguam de imediato na impossibilidade de acordos, entendimentos, etc…
É a lógica partidária que lhes dita as regras do pensamento. E os obriga a rejeitar o termo “coligação”. Diga-se, em abono da verdade, que os responsáveis pelo lançamento do debate também não têm ajudado a desenrolar o novelo. Questionam sobre uma coligação PS+PSD, cingindo-se às afirmações de Paulo Arsénio, que respondeu ao que lhe perguntaram.
É um problema de semântica, já se percebe.
Para evitar afunilar o debate, centre-se o mesmo, em primeiro lugar, sobre se há ou não necessidade de afastar a CDU da Câmara de Beja, considerada como obstáculo ao desenvolvimento da cidade e da região. A partir daqui, saber o que se deseja para a cidade. Definidos os objectivos, saber quem é que os pode por em prática.
E quem quiser participar nas soluções deverá ser claro na forma como aborda a inclusão/exclusão partidária. A Democracia não vive só dos Partidos, mas não se faz contra eles.

Impõe-se uma adenda: percebo, pelo que vou lendo e ouvindo, que poucos foram os que ouviram a entrevista com Paulo Arsénio. A questão a que este teve que responder foi: “Entre a manutenção da CDU e uma coligação com o PSD, por qual optaria?”.
Entalado entre a espada e a parede, mesmo apontando as dificuldades que a sua escolha comporta, o dirigente socialista foi frontal e politicamente incorrecto.
As escolhas editoriais que se têm seguido nunca referiram a pergunta. E avançaram pelo mato das direcções partidárias, sabendo antecipadamente qual seria a reacção.
Assim, é um debate inquinado!

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19 Resposta a “A Coligação – uma questão de semântica”

  1. José Godinho diz:

    Cá pra mim o importante é que a CDU saia de uma vez por todas da Câmara. Anos e anos e a conjuntua não se altera.
    O País continua a andar a duas velocidades distintas, e aqui por beja é necessário meter outra mudança, senão os jovens vão continuar a sair, e lá para 2015 as perspectivas são que em nos grandes pólos de Lisboa e Porto em conjunto terão 69% da população portuguesa. Dito isto, pergunto eu? quem vai ter vontade em ficar cá pelo alentejo?

    Sou jovem, e tenho esperança em ver alterar o rumo da minha cidade – Beja. Não só me assusta o pormenor demográfico, como o cultural, os serviços, a oferta comercial, o (des)emprego, etc etc.

    Nas próximas eleições com toda a certeza que não vou votar na CDU, como nunca votei. Quero alternativas. Já!

  2. pontape na lógica diz:

    Amigo João, se há coisa que merece ser atacada neste país são os partidos. Até corro o risco de dizer que tal se pode constituir como um nobre acto de defesa da democracia.

    Repara que cada vez menos eleitores votam. Nota, também, que cada vez há menos pessoas filiadas em partidos. Por conseguinte, cada vez menos os partidos são representativos daquilo que as pessoas pensam, apenas resistindo “robustos e gordos” por via de um sistema parlamentar que alimenta e perpetua a sua existência. O chorrilho de promessas não cumpridas, a corrupção, o despotismo, o despesismo e o tráfico de influências descarado que proliferam no seio destas organizações não ajuda à identificação do “cidadão de bem” com as mesmas.

    A verdade, caro João, é que cada vez mais os partidos se representam a si mesmos e aos seus aparelhos. Se estas falanges não forem atacadas agora, e se esta situação de divórcio eleito/eleitor se mantiver, corremos o risco, a curto prazo, dos cidadãos começarem a procurar respostas em soluções alternativas na orla do espectro político. A história está cheia deste tipo de fenómenos sociopolíticos, em que o desencanto com a política vigente conduziu a extremismos – com as consequências conhecidas que advêm dos mesmos.

    Para ilustrar a coisa, socorro-me do Eça, que a soube descreve “um pouco” melhor que eu… em 1867:

    Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações.
    A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse.
    A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio. A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva.
    À escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos (…) todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espectáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade.

    Eça de Queiroz, in ‘Distrito de Évora (1867)

  3. Jorge Barnabé diz:

    Caro João,

    Independentemente da semântica e compreendendo a pergunta feita a Paulo Arsénio e a condição da sua resposta, a questão de fundo mantém-se: Deve ou não haver uma coligação PS-PSD? E analisando a questão de fundo é para mim óbvio que não. Ainda que defenda noutras circunstâncias entendimentos e convergências pontuais na defesa de projectos. Se o espaço político não se encerra nos partidos – e com isso concordo – e não devendo ser contra eles, a verdade é que cada partido tem uma identidade própria e objectivos de governação diferentes (falo claro de PS e PSD).

    O Concelho e a Cidade de Beja têm muito mais a ganhar com listas próprias e candidaturas mobilizadoras dos cidadãos e geradoras de projectos e dinâmicas alternativas ao poder actual.

  4. João Espinho diz:

    caro Jorge,
    a pergunta de fundo não poderá ser essa!
    Eu lancei o repto para que o debate seja muito mais alargado, não se confinando aos Partidos PS e PSD.
    O sistema político português não pode estar condenado aos desígnios das direcções partidárias. Há, cada vez mais, sinais que colocam a nu o desgaste deste sistema. E não pensemos que por estarmos na província, os ricochetes de, por exemplo, Lisboa, não chegarão cá. Há oportunidades que se vão perdendo porque as discussões e os debates se centram nos interesses partidários. E eu não estou com vontade de que a oportunidade 2009 se volte a perder. Já que eu não posso vir a usufrir de uma cidade/região desenvolvida, então que as minhas filhas a possam aproveitar. São esses os meus desígnios, comuns a milhares de cidadãos, a quem não interessa se o Partido A ou B deve ou não concorrer em lista própria.
    Meu caro Jorge: há muito mais vida para além dos Partidos.

  5. H - V&P diz:

    Meu Caro João,
    por muitos razões, vou responder a este post. Apenas não o faço agora, porque estou cansado! Mas sexta, lá no buraco, deixo a resposta…

  6. Charlie diz:

    Em Beja nem é bem a CDU que deverá ser afastada do poder, mas principalmente o mofo a que cheira todo o espaço. Uma simples mudança de actores com um cenário velho de décadas não levará a um desempenho melhorado. E andar em cima dum palco viciado nos passos levanta imenso pó quando se anda por planos diferentes.
    Impõe-se o ensaio de nova peça…

  7. André diz:

    Se a lógica partidária do PS e PSD de Beja não permite a formação de uma coligação capaz de mudar o rumo das coisas em Beja, talvez seja a hora de se formar um movimento de cidadãos oriundo desses partidos e da sociedade civil,formado por pessoas com créditos firmados nas mais diversas áreas, que estejam dispostas a lutar por um futuro comum na nossa cidade, longe das tricas partidárias. Atrai-me muito mais… Mas teria de ser já e não a meses das eleições. As pessoas em Beja não papam arrivistas, nem pessoas que levam quatro anos paradas e surgem na altura dos votos a dizer que tem tanto a oferecer à cidade.

    Forme-se o movimento e inicie-se o trabalho já!!

  8. João Espinho diz:

    Caro H – para que não se percam as boas práticas da blogosfera, sugere-se que a resposta venha parar a esta caixa de comentários, independentemente de escrever ou não post sobre o assunto. Para que não se diga que só aqui vem para publicitar “o seu buraco”. 🙂

  9. AMRevez diz:

    (aqui vai a minha opinião, em “primeira mão” aqui!)

    Talvez por pontos a coisa, e eu próprio, se entendam melhor:

    1. Contra a CDU ou por um projecto autárquico alternativo? – Pois bem, a constituição de um “grupo de trabalho” que queira criar as condições para uma candidatura à Câmara de Beja (e não que se crie com o mero intuito de crítica ou debate políticos) terá de considerar dois passos sequenciais e que se implicam: a avaliação de desempenho do executivo comunista e a elaboração de um programa/projecto autárquico para o concelho. Num e noutro momento, a motivação não pode ser “contra a CDU” a todo o custo, mas sim a análise rigorosa do mandato e a definição das melhores opções e prioridades, sustentadas tecnicamente, e integradas numa visão estratégica para a cidade e para o concelho. Daquela análise poderá resultar, inclusive, a conclusão de que existem obras, planos, projectos em curso merecedoras de continuidade, e até outros que o actual executivo propôs ao eleitorado e que entretanto “meteu na gaveta” ou ignorou a troco de arranjos de ocasião ou por pressão da clientela interna que tem vindo a alimentar. Só assim, sem fundamentalismos de “terra queimada”, emergirá uma proposta credível e responsável, focalizada nos interesses da comunidade, nas suas demandas e aspirações, e não em qualquer “ajuste de contas político”, sem densidade programática e condenado ao fracasso.

    2. Coligação formal entre PS/PSD ou lista independente? – O debate que se gerou, criado por alguns onde me incluo, já permitiu, ainda não definitivamente mas quase, uma clarificação. Qualquer uma das duas soluções “puras” acarreta vantagens e desvantagens. Vejamos: Uma coligação formal entre os dois partidos significaria (com maiores ou menores resistências internas) o envolvimento dos aparelhos partidários e uma conjugação de esforços e valências (recursos humanos, logística, apoios, mobilização, etc.) que são importantes para uma vitória eleitoral. Contudo, não é um processo isento de prejuízos, entre eles a “guerra dos nomes” negociada em gabinetes em função de uma distribuição igualmente negociada dos “lugares”, a existência de uma cultura política com visível identificação ideológico-partidária (mais do que política) que é desfavorável a acordos, alianças, coligações formais (e que provocaria uma dissidência de votantes), a desconfiança e “ilegitimidade” políticas de uma coligação autárquica entre dois partidos que no contexto local se atropelam, criticam e acusam mutuamente, e têm manifestado evidentes incoerências e incongruências, quer no âmbito da oposição institucional na câmara e assembleia municipal, quer no âmbito dos espaços de intervenção pública (comunicação social, blogues, etc.). A estas desvantagens importa ainda acrescentar as dificuldades estatutárias e regulamentares que os partidos impõem às coligações autárquicas.
    Quanto à lista independente, ela enfrenta as desvantagens “naturais” da precariedade organizativa, da falta de apoios, da desigualdade de meios face às candidaturas partidárias, do “voto útil”, mas também pode aproveitar o desgaste da imagem dos partidos, da inépcia das direcções locais e distritais desses partidos, da composição “clientelar” das listas partidárias, e rendibilizar, por sua vez, o capital de simpatia crescente pelas listas de cidadãos independentes, e o descontentamento reinante, no caso de Beja, face à incapacidade do PS e PSD em apresentarem “nomes” e projectos ganhadores. Mas estou em crer que o sucesso eleitoral de uma lista independente (ou de unidade, como prefiro), que eu defendo, dependerá muito da decisão dos dirigentes locais e distritais do PS e PSD em avançarem ou não com listas próprias. Espero que eles estejam à altura das responsabilidades. E se não estiverem, que isso não demova todos os que estão empenhados em construir uma alternativa.

    3. Mas o que é uma lista independente? Não estaremos a “trabalhar” sobre um equívoco? Uma lista independente não se forma (ou não se deve formar) contra os partidos, mas para além dos partidos, em alternativa a eles. E também não se deve formar contra militantes e dirigentes partidários, mas com eles! Com todos os que, apesar do seu vínculo partidário, entendam que o desenvolvimento de um concelho e o governo de um município são melhor assegurados com uma equipa de mulheres e homens unidos pelo amor à sua terra e dispostos a juntarem conhecimentos e outras competências no delineamento de um projecto que resulte do encontro de uma pluralidade de perspectivas e experiências. Por isso, prefiro a designação de lista de unidade. Onde não cabem formalmente as direcções partidárias, mas onde cabem todos os que, com ou sem partido, da esquerda à direita, consigam promover os alicerces para uma plataforma programática comum. Isto é difícil? Complicado? Improvável? É com certeza! Tal como as uniões emocionais entre pessoas diferentes, às vezes muito diferentes, mas que descobrem afinidades e constroem um património afectivo que acrescenta novidade e força ao que são as suas diferenças individuais. E quantas vezes, os “casamentos” e “uniões” improváveis são os que melhor sobrevivem às adversidades e se consolidam no território comum que é o desafio de existirem unidos.

  10. H - V&P diz:

    Meu Caro João – confesso que não conheço todas as regras da “boa prática de blogosfera”, pelo que na Net e fora dela, tento sempre actuar de acordo com o meu código moral de conduta! Se optei por responder com um post, foi apenas porque acho que quando se assume uma posição publica, não me parece que a melhor forma seja esconde-la na caixa de comentários de terceiros, quando existem outras possibilidades. Mas, terei todo o prazer em coloca-la também aqui, se achas que ajuda à discussão.
    Sobre a frase final, tu conheces-me bem melhor que isso, mas, para os teus leitores que não sabem quem sou, a frase podia ser interpretada no sentido que, com os meus contributos no Praça pretendo “tocar-me com os contadores”. Porque sei que essa não foi a tua intenção, deixo este reparo!

  11. mad diz:

    H, “tocar-me com os contadores” é algo profundamente erótico como diria a minha amiga São Rosas.

  12. João Espinho diz:

    @mad – essa merece Pelourinho (que também é erótico, não é?)

  13. H - V&P diz:

    Aqui fica a resposta:

    Alguns equívocos esclarecedores

    1. Um facto é insofismável: a dois anos das autárquicas, o tema está sobre a mesa. E será interessante compreender as razões! Iludem-se quem pensa que o tema apenas foi lançado porque um comentador/analista fez um artigo ou porque um tolo qualquer com algum tempo de antena quis lançar a discussão ou porque um blogue de referência a tem lançado. A questão discute-se porque os partidos e os políticos, de todas as esferas políticas, aceitaram falar sobre ela.
    Por outro lado, se a questão de coligação foi para cima da mesa neste momento, é a prova provada do completo desnorte da actual governação autárquica: só isso explica este enorme mas inusitado anseio por novas eleições.

    2. Discordo de uma opinião que tenho lido recorrentemente, sobre a necessidade de provar a incapacidade da actual Câmara Municipal: penso ser desnecessário e infrutífero. Desnecessário, porque é demasiado evidente, infrutífero porquanto nada acrescenta ao debate.
    Quem votou PCP vai esmagadoramente voltar a mudar: uns, porque continuam a entender os partidos como clubes de futebol, pelo que haja o que houver, o seu voto é fiel; outros, porque temem mudanças; outros, porque convictamente acreditam que é a melhor solução autárquica; muitos, porque mesmo conhecendo todos os vícios e problemas, alimentam-se deles…
    A mudança não se fará procurando “converter comunistas” mas apelando ao voto dos abstencionistas, conseguindo provar que há uma alternativa credível.

    3. Na busca de uma alternativa, os cidadãos procuram os partidos. Foram e por enquanto ainda vão sendo, um pilar fundamental do Estado. No esquema autárquico concelhio, a alternativa seria primeiro o PS, depois, remotamente o PSD. Pelo que urgia ouvi-los. E assim se fez!
    Também desvalorizo a escolha semântica: parece-me irrelevante se os dois partidos estariam disponíveis para uma coligação, para um acordo formal ou para um entendimento não assumido, desde que o resultado útil fosse actuarem em conjunto.
    E gostem ou não PS e PSD, tinha toda a lógica que conseguissem uma solução conjunta para a autarquia de Beja.
    Desde logo, se há uns anos as diferenças ideológicas entre os dois apenas eram visíveis com uma lupa, por estes dias, nem o melhor dos microscópios consegue estabelecer a destrinça.
    Por isso a questão que se coloca aos dois partidos é simples: as estruturas regionais dos dois partidos têm a coragem e capacidade para colocar os legítimos interesses dos bejenses à frente dos interesses dos directórios dos partidos? Deve o PS e PSD dar primazia à região, ou é mais importante o PS- Beja conseguir eleger por Beja um deputado lisboeta, que precisa de GPS para chegar a Beja? Deve o PSD-Beja contribuir para a necessária mudança ou é mais importante impedir que o PS tenha mais uma Câmara na Associação Nacional de Municípios?

    Os representantes locais dos partidos dizerem que uma coligação PS-PSD é impossível porque as estruturas nacionais não o permitem, é uma verdade irrefutável que faz todo o sentido na lógica interna dos partidos! Mas, para o cidadão não militante, é uma triste resposta, a derradeira prova que se sacrificam os interesses regionais, em defesa dos desejos de Lisboa!

    4. E é por isso que discordo do meu amigo e deputado João Espinho: o debate não está inquinado, o debate esta semana esclareceu-se! Confrontado com o dilema, Paulo Arsénio aceita a coligação partindo de premissas envenenadas e os PSD`s vieram a público matar a ideia. Pelo caminho, mais do mesmo: os dois partidos excitam-se a digladiarem-se entre si, esquecendo a realidade autárquica regional.
    Pelo que este é o momento para se iniciar o debate que realmente interessa! Há “espaço” para a criação de um verdadeiro movimento cívico, que consiga arquitectar um programa coerente para governar a cidade? Existindo este programa, deverá esse conjunto de pessoas assumir uma candidatura autárquica? O PS e PSD estarão disponíveis para, uma vez que nunca conseguiram ser solução, abdicar de lutar por lugares na vereação na Câmara para não continuarem a ser parte do problema?
    Tenho lido/ouvido algumas pessoas que respeito dizerem que sim. No meu caso, é consabido o meu cepticismo…

  14. João Espinho diz:

    caro H – não falei em regras da blogosfera, mas em práticas (neste caso tomei em conta as boas). Não disse para “esconder” a opinião numa caixa de comentários (nem me parece que um comentário aqui fique alguma vez escondido). Referi que comentário e post são coisas independentes, mas considerei que a opinião deveria ficar junto ao post que lhe deu origem. De resto, uma provocação inocente é sempre salutar.

  15. Jorge Barnabé diz:

    Caro João,

    De volta ao tema. Em primeiro lugar e como noutro local já referi a frescura do teu blogue propicia o debate das ideias e confirma o comodismo das últimas décadas. É este um exemplo de que de fora da esfera dos partidos muito é possível fazer e muito ainda está por fazer. Defendo a necessidade de debater alargadamente este e outros temas, de forma suprapartidária e envolvendo os pensamentos individuais dos cidadãos. Mas esta é questão para outra altura.

    Quanto à coligação: Não entendo ser possível que tal aconteça, primeiro porque os objectivos políticos do PS não o permitem, segundo porque não sei do entendimento popular sobre uma coligação de bloco central, e desconfio da sua aceitação e em terceiro porque me parece que não resolveria o estado das coisas. Neste momento nem o PS, nem o PSD a nível local e regional reínem condições internas de estabilidade e de liderança capazes de promover um projecto político de tão sério compromisso.

    No que respeita aos interesses participativos de independentes o modelo destes em listas partidárias é antigo e a meu ver está esgotado. É comum, os factos comprovam-no, candidatar cidadãos independentes que oportunamente se filiam nos partidos e são absorvidos pelas estruturas partidárias. Tenho as maiores reservas relativamente à possibilidade de PS e PSD se disponibilizarem a apoiar uma candidatura nesses termos, o que justificaria de abdicarem de uma posição política relevante. Poderá ser um caminho no futuro e talvez os partidos lá cheguem, mas por enquanto é demasiado permaturo alvitrar tal possibilidade.

    Ora, se o que se coloca é a possibilidade de uma lista independente dos partidos, cujos interesses são suprapartidários e estão confinados a uma alternativa credível para o desenvolvimento do Concelho, então estamos de acordo, e não vejo mal que essa lista (tal como o exemplo que dás de Lisboa) inclua pessoas de vários sectores partidários, militantes ou não. Mas essa será sempre uma responsabilidade de um movimento de cidadãos e é bom que não se confunda com os interesses dos partidos, que entretanto criticamos por cinzentismo e por alheamento da realidade.

    Para mim, politicamente, conta não o facto de derrotar a CDU por derrotar, mas sim de apresentar uma proposta alternativa credível, vitoriosa, competente e eficiente. Confio nos partidos políticos porque fazem parte do sistema político porque nos regem e são até ao momento o único garante do funcionamento desse sistema. A modalidade das candidaturas independentes é recente e defendo-as como uma mais valia na dinâmica do sistema político e no enriquecimento da democracia.

    Reconheço que a discussão sobre o tema é estimulante e nunca antes se vira tanto interesse em discuti-la e bem sei que não ficará por aqui. E esta é mais uma prova do desinteresse dos partidos em tratar destes assuntos publicamente, ou porque preferem a penumbra das suas sedes ou porque lhes custa admitir não terem soluções à altura.

  16. H - V&P diz:

    João, provocações entre pessoas que se respeitam, são salutares.
    A questão era apenas que o texto era demasiado longo para comment (até demasiado para post!)

  17. jorge diz:

    pessoalmente,concordo com o sr Saleiro, devia-se juntar um grupo de notáveis de Beja, mas independentes dos partidos políticos.

  18. snoopy diz:

    Só uma nota: António Saleiro não é, ele próprio, independente. Tem cartão de militante de um partido.

  19. João Espinho diz:

    @snoopy – eu próprio também tenho cartão de militante. No meu caso, do PSD. Julgo que isso não nos impede de ter uma visão supra-partidária, certo?
    (não me quero comparar com A Saleiro, pois ele teve responsabilidades no aparelho do PS e, por essa via, também institucionais, o que não é o meu caso)

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