Dez 28 2021

Alegrias e tristezas de um desfecho anunciado

Publicado por as 16:03 em A minha cidade

Escreve Paulo Barriga:

Li uma espécie de artigo no Lidador Notícias que dava conta do acórdão final da secção social do Tribunal da Relação de Évora sobre o litígio laboral que me opõe, há coisa de três anos, à entidade proprietária do Diário do Alentejo, a Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo. O que a pressuposta notícia tem de valor é isso mesmo, a decisão.
É verdade, a Cimbal perdeu. Mas perdeu por fundamentos que escaparam completamente, porque não procurou informar-se, ao dito jornalista: os factos “não deixam dúvidas quanto à culpa elevada da empregadora, ao elevado grau de censurabilidade e ao nível elevado de ilicitude da conduta da empregadora”.

Que é como quem diz: “a conduta da ré, que os factos documentam, é severamente censurada pela comunidade jurídica, sendo catalogada como uma verdadeira ‘praga de recibos verdes’, onde a precariedade impera e em que é difícil ao trabalhador escapar a este tipo de situações.
O trabalhador ou aceita os termos propostos para a contratação ou fica sem acesso ao emprego”. E é isto, agora, passados três anos e cinco tribunais depois, como foi sempre isto e apenas isto que se impôs desde a primeira hora.
Já me perguntaram se estou “contente” com o desfecho da “novela”. E a minha resposta tem sido esta: sim! E não! Ao mesmo tempo.
Estou contente, claro, porque procurei na Justiça a justiça que não encontrei fora dela. E ela fez-se, a Justiça!
Simultaneamente, enquanto cidadão e contribuinte, senti-me vexado. Vi-me espoliado dos meus direitos enquanto trabalhador, despedido de forma vil, ameaçado, vítima de calúnias e de intrujices, coagido. Por muito boa que seja a decisão final dos tribunais, quem poderá esquecer e ficar feliz com tanta e tamanha infâmia?
E como esquecer? Esquecer as pressões inenarráveis dos meus patrões, ainda para mais autarcas eleitos e com deveres de defesa do bem público? As suas tentativas de intercedência política na vida editorial do jornal que dirigia? A “visita histórica” e “amiga” que um deputado da nação se deu ao luxo de promover para me pôr na linha?
O concurso maquiavélico, viciado, para não dizer pornográfico, para diretor do DA engendrado pelo secretário da instituição e pelos seus fantoches de mão? A campanha de difamação das redes sociais e nos blogues que contra mim promoveram?
A campanha difamatória que fomentaram junto dos meus atuais “patrões” com o intuito de me prejudicarem a mim e à minha família? E a mentira? É muito difícil conviver com ela. Fica atravessada na goela. Jamais me esquecerei das
caras deslavadas de Jorge Rosa e de Fernando Romba, no Tribunal de Trabalho de
Beja, perante uma juíza de direito, impávidos, profissionais do ilusionismo, a afirmarem que quase nem me conheciam, que não sabiam quem dirigia de facto o DA, que desconheciam se eu tinha assento no jornal ou se me relacionava com as pessoas que lá trabalhavam… sinto pena e sinto vergonha por eles. Ao mesmo tempo.

E a hipocrisia (ou será pura maldade)? Que outra coisa se poderá dizer de quem convive diariamente connosco durante anos a fio e prepara em surdina um concurso para o nosso próprio lugar? Lançado à medida de um concorrente pré-selecionado?

Promovido quando me sabiam ausente, porque em férias? Sem um alerta, sequer, ainda que em cima da hora? Uma farsa que denunciei ao Tribunal Administrativo e Fiscal de Beja, processo que acabou arquivado porque, do ponto de vista “formalista-legalista”, estava bem maquinado.
São sabidos, todos os malandros. Mas sobre a suasapiência ficou o reparo em jeito de censura do procurador responsável pelo processo:

    “Trata-se de um tipo de procedimento que nunca se conseguiu furtar totalmente à ideia de utilização maniqueísta, destinado a dar cobertura a desígnios previamente formados pela entidade adjudicante e envolvendo uma noção de favorecimento e prejuízo do interesse comum”.

Talvez ainda haja algumas pessoas que não consigam interpretar na perfeição o termo “favorecimento”, mas eu explico em duas palavras mais acessíveis: compadrio e amiguismo. Que são os alicerces da máquina de corrupção que nos consome em “prejuízo do interesse comum”. Foi disto que fui vítima.

Corrupção que gera impunidade que gera abuso de poder que gera a carta que o então presidente da Cimbal e da Câmara Municipal de Mértola, enviou, pelo email de Luís Lança Silva, a todos os membros do Conselho de Administração da Cofina e a todos os diretores e editores da revista Sábado, com quem atualmente colaboro. Retiro apenas
algumas pérolas de algo que nem aos porcos se pode dar: sou vingativo, insidioso, pouco sério, nada rigoroso, um tipo que usa a pele de jornalista como disfarce, um mesquinho violador dos deveres fundamentais da profissão, sensacionalista e interesseiro. Mais: segundo a sabedoria redentora, impoluta e fiável de Jorge Rosa já na altura, em
agosto último, eu tinha perdido o processo de trabalho que me opunha à Cimbal. E por isso me vingava, depois de reclamar, sem sucesso, “chorudas quantias do erário público”. Como esperar que o mesmo homem que mentiu em tribunal sob juramento tivesse agora algum pudor em reincidir?
Mas sim, respondendo à pergunta que ultimamente mais me têm colocado, estou contente. Contente, em especial, por não ter mais de lidar de perto com esta gente. As tristezas não pagam dívidas, não é verdade?”

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12 Resposta a “Alegrias e tristezas de um desfecho anunciado”

  1. Mirita diz:

    Em 1° lugar quero felicitar o Paulo Barriga pela vitória sobre a mentira deste PS de Beja.

  2. VL diz:

    Neste texto está bem descrito o que é o PS de Beja, e nem nos podemos esquecer que neste momento a CIMBAL está cheia de presidentes de junta eleitos pelo PS, candidatos pelo PS derrotados, acessores e membros do gabinete do presidente da camara de beja.
    Triste vai esta cidade de Beja, quando é governada por esta gente sem qualquer pudor em mentir e passar por cima de todos.

  3. Paco Grande diz:

    Os Chefes do PS local comportam-se perfeitamente como uns Cappos da Mafia Calabresa, querendo controlar tudo e todos, obviamente utilizando o dinheiro dos contribuintes. Que o Pedro do Carmo e o Romba eram ruinzotes já todos sabiam, agora o Jorge Rosa e o Luís Cunha Silva saíram melhor que a encomenda. Este último, filho de homem sério e honesto, anda a borrar a pintura. O Jorge Rosa anda desesperado para arranjar um tacho, não lhe bastando a reforma paga pelos sócios e clientes da Caixa de Crédito de Beja.

  4. debeja diz:

    Grande Paulo Barriga parabéns pela VITORIA, e continua a chamar os BOIS pelos nomes!!

  5. Bejense diz:

    O relato da visita do deputado da nação a Paulo Barriga mostra como certos políticos olham para a comunicação social, como se fossem os patrões dos jornais e das rádios. Não lhes chega o Correio Alentejo também queriam tomar conta do Diário do Alentejo. O PS de Beja quer ser o dono disto tudo como o seu antigo chefe. E é este aprendiz de Sócrates que está outra vez no primeiro lugar da lista do PS nas eleições de 30 de janeiro. O distrito de Beja merecia mais e melhor.

  6. Manuel Beja diz:

    Parabéns Sr. Barriga pela vitória. Mas já agora, pode explicar como é que celebrou contratos com a cimbal durante 12 anos? Ou os seus concursos também são pornograficos e com fatos à sua escolha. Quanto ao Luís Cunha Silva ser um fantoche de mão do romba, é normal, todos nós somos fantoches de alguém e tudo isto é uma grande fantochada.

  7. Paco Grande diz:

    @bejense – Há muito tempo que se sabe da vergonhosa tentativa de chantagem do Pedro do Carmo sobre o Paulo Barriga. Existe é medo de chamar os “burros pelo nome”.
    É um acto de cidadania denunciar tudo o que se passa na CIMBAL pois é um perfeito atentado ao Estado Democrático.

  8. Sou filiado no tachismo diz:

    Parabéns ao Paulo Barriga por ver reconhecida a sua razão na justiça e pela sua coragem ao não se poupar em palavras para desmascarar estes políticos de meia tigela.

  9. Marta diz:

    Espero que o Romba e o Rosa já tenham cabimentado o montante a pagar ao Barriga. O esperto do Lança Silva ajuda a inventar em que rubrica enquadram a indemnização ao Barriga.

  10. Maria diz:

    Oh sr Paulo você comeu do mesmo tacho enquanto lhe agradou, compactuou com tudo e quando não lhe agradou ver armar-se em virgem ofendida? Faça bom proveito do dinheiro, que também é publico a juntar as regalias que teve enquanto lá andou.

  11. João Espinho diz:

    @maria – que saudades de o ver por aqui. Podia ter rematado com um “vivó PS”.

  12. Mais Beja diz:

    Em choque! Sei que a política é um lugar imundo, mas não sabia que ainda se praticava tamanha desonestidade.

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