Jan 22 2019
Combater os ódios
O meu amigo Pedro Horta, mente aberta e sempre objectiva, escreve na sua página no Facebook:
“Acerca dos acontecimentos desta noite
Conta-se que São João, já velho, em Efeso, era chamado pelos cristãos primitivos para participar nas Ecclesias, dando o seu testemunho de Cristo. Este, já velho e cansado, anuía e dizia sempre o mesmo: Amai-vos uns aos outros.
Era sempre assim.
Os mais jovens, cheios de ímpeto e fé, queriam mais. Queriam ouvir falar mais de Jesus, o Cristo e pediam-lhe que não se limitasse a proferir o que sempre dizia: Amai-vos uns aos outros.
Um dia perguntaram-lhe, ou terão perguntado, se não havia mais nada a dizer.
Ele, velho e cansado, disse: Basta que cumpram este preceito e tudo o resto está feito.
Amai-vos uns aos outros.
Digo isto, porque nisso acredito, mas igualmente porque tal faz-me saber que as coisas, mesmos as mais complicadas, se resumem ao simples e óbvio. E muitas vezes, querendo resolver grandes problemas, esquecemo-nos, porque estamos cegos ou não queremos ver, que a solução é simples.
Por exemplo a resolução do ódio.
Temos um problema de racismo em Portugal. Temos. Ponto.
E temos que o resolver. Ponto outra vez.
Temos dois caminhos, o do ódio, que gerará mais ódio, ou o tal que São João nos falava. O do Amor, da compreensão.
Coloquemo-nos na pele do polícia que recebe pouco, dorme em camaratas indignas para a sua condição humana, com os filhos longe. Um polícia que faz rondas em bairros onde ( e já lá vamos) lhe atiram pedras, o ofendem.
Um Homem-Policia que começa a sentir apoio apenas em discursos de ódio, radicais, que o fazem sentir bem outra vez. Que mesmo que assim não seja, que começa a sentir raiva da sua situação.
Esse Homem, quando tiver de atuar num bairro, onde está a ser ofendido, como fará?
Inevitavelmente converterá o seu ódio interior em ação violenta.
E agora passemos para a pele do Homem que recebe pouco. Estigmatizado pela cor da sua pele. O dinheiro que lhe pagam não dá para alimentar os filhos. Que quando chega a casa ou sai para o trabalho é revistado. O filho é preso e ofendido.
O que faz esse Homem quando vê a polícia a entrar no seu bairro?
Inevitavelmente converterá o seu ódio em ação violenta.
O que aconteceu esta noite e ontem é fruto disso.
Uma escalada de violência e ódio, para gáudio de um lado e do outro.
Virá o discurso racista contra os pretos, virá o discurso racista contra o policia-branco, virá mais ódio.
O que os extremistas pretenderão, porque cegos ou não querem ver, é simplesmente que esse ódio escale.
Esquecendo que a solução do problema está noutro campo:
No diálogo e na melhoria das condições sócio-económicas da população, seja ela polícia, branco, preto, amarelo, gay, mulher, ou qualquer outro adjetivo que se queria colocar.
Aqueles que, independentemente da cor e do credo político ou religioso, que para tal não contribuírem, estarão a querer apenas o ódio e a violência e não a resolução da situação.
Serão como os que convidavam São João, para tudo conhecer, mas esqueciam-se que a solução é só uma.”
Obrigado, Pedro, por não temeres lutar contra os ódios.
(foto: Mário Cruz/Lusa)
24 de Janeiro de 2019 às 17:13
Sem dúvida que devemos combater o racismo.
No entanto também há aqueles que, sob a capa do racismo, se aproveitam para terem comportamentos que de outra forma não seriam tolerados.
Na manif em plena Avenida da Liberdade, em que tentaram bloquear as faixas de rodagem, se não fosse essa capa protectora a actuação policial teria sido mais célere e sem dúvida mais rápida.
Os caixotes do lixo queimados (ainda nas 2 noites passadas ocorreram vários incidentes na zona onde moro a dezenas de kms do bairro onde desta vez iniciaram os “protestos”), na destruição de propriedade privada (carros de particulares danificados, etc.), nada têm a ver com racismo ou xenofobia, têm a ver com a falta de respeito face ao outro, face no fundo à sociedade onde realmente não se querem inserir.
Nos bairros “problemáticos” de facto a maioria dos habitantes são pessoas trabalhadoras, que apenas querem chegar ao final do mês e se possível ter um amanhã melhor.
Existem sim uma minoria que na verdade acaba por tomar como reféns os restantes habitantes, de modo a garantir que estes bairros são vistos como “problemáticos” de modo a neles poderem exercer a sua actividade sem serem incomodados.
Por isso talvez fosse melhor, em casos futuros, antes de se gritar “racismo” esperar para perceber o que se passou, sob pena de estarmos a contribuir para o agudizar do problema, ou a criar um “racismo invertido” que no limite apenas reforça posições extremistas.
Por que de facto os comportamentos incivilizados, a destruição da propriedade comum e privada, deve ser sempre punida de forma exemplar, independentemente da raça, cor ou credo de quem os pratica.
25 de Janeiro de 2019 às 13:14
Porrada pra cima…
26 de Janeiro de 2019 às 12:00
O Conceito de Bairros problemáticos é bastante interessante.
Deve depender do tipo de problemas que causam e do rendimento médio dos moradores.
Por um lado temos os bairros nos arredores das grandes cidades, esquecidos pelo estado, a não ser quando enviam a policia para lhes dar porrada.
Por outro lado temos os Bairros nas zonas finas, tal como Cascais, onde o estado de vez em quando têm de mandar a policia guardar a porta de alguns dos seus residentes , tal como na casa do Ricardo Salgado.
Os primeiros são os bairros ditos “Problemáticos” onde muitas pessoas vivem na miséria e subsistem com as migalhas que o estado lhes dá ex rendimento mínimo, onde alguns dos seus habitantes não conseguem evitar para a vida de crime, como único meio de subsistência e revolta.
Os outros são os Bairros “Finos” onde as algumas pessoas vivem de negócios corruptos de milhões, que afundam o estado e devastam a economia Nacional.
…
Muito se fala da minoria de “criminosos e vândalos” que mancham a reputação de uma maioria honesta e trabalhadora nesses bairos.
Pouco se fala de um minoria de Racistas e extremistas de Direita que infestam as forças policiais.
Bostas fardadas que avançam como animais para cima de tudo o que mexe sem que os seus colegas se sintam com capacidade ou vontade de
os impedir. Uma vez que existe um comportamento corporativista dentro da policia, que evita que esses fascistas sejam expulsos ou castigados.
Tal como na igreja católica com os Pedófilos, as Policias procuram manter a sua imagem intacta, fingindo que estes casos não existem, e procurando culpabilizar as vítimas.
Vejam os vários relatórios internacionais que envergonham Portugal no que diz respeito ao uso da força e comportamentos Racistas por parte das autoridades Portuguesas.