Jan 28 2019
Bruno Ferreira despede-se do Diário do Alentejo
Com uma crónica que vale a pena ler, pela sua acutilância, pelas verdades que não oculta, pela realidade que “destapa”.
Começo pelo fim. Diz Bruno Ferreira:
“E assim terminam 10 anos de colaboração com este que, pelas mãos do Paulo Barriga e da sua equipa, se tornou num órgão de referência no Alentejo, com especial enfoque no Baixo Alentejo, e em toda a sua diáspora. Sim, porque eu não confundirei, nunca, o Baixo Alentejo com o que quer que mais seja. Terei vincada em mim, enquanto respirar, essa identidade. Ensiná-la-ei aos meus filhos, partilhá-la-ei com os meus amigos. Sou Baixo Alentejano. Por mais Costas, Passos, Cavacos ou Sócrates que apareçam a tentar branquear a história, a identidade, a cultura desta região e das suas gentes.
Vou ter saudades deste namoro com o DA. Vou ter saudades de ler os sumarentos editoriais do Paulo. Vou ter saudades de conhecer as notícias, o contraditório, a procura das verdades, o jornalismo na sua verdadeira essência, ao virar de cada página. Nunca me foi dito, mas sempre me pareceu que este jornal partilhava das minhas (e eu das dele) convicções sobre o que foi, é e deve ser o Baixo Alentejo. Da mesma forma que denunciava a desfragmentação consistente de uma cidade milenar e, consequentemente, de toda a sua região. Talvez por isso, pela assunção dessa liberdade de pensamento, tudo ficará por aqui. Até um dia. Obrigado Paulo, pela confiança na minha pena. Continuarei a acompanhar-te por onde andares a pensar, a investigar, a escrever. Obrigado também aos leitores por estes dez anos. Até já.”
E na sua crónica, um diálogo:
“- Pai, onde é que tu nasceste?
– O Pai nasceu em Beja, filho.
– Em Beja nascem bebés, Pai?
– Quando o Pai nasceu, sim, filho, nasciam bebés em Beja.
– Foi em casa da avó?
– Não, foi no Hospital, amor.
– E havia Hospital em Beja?
– Pois havia. E chegou a ser um belo Hospital. Iam pessoas de todas as terras do Baixo Alentejo para serem tratadas, para irem ao senhor doutor, para terem filhos…
– O que é o Baixo Alentejo, Pai?
– Filho… o Baixo Alentejo foi a região em que o papá nasceu.
– Mas tu não és só Alentejano?
– Mais do que Alentejano o Pai é Baixo Alentejano. Era o nome que se dava antigamente à região de Beja. E o pai vai ser sempre Baixo Alentejano. Mesmo que agora tu já não aprendas isso na escola, amor.
– E porque é que já não existe esse Baixo Alentejo, nem o Hospital de Beja, e os bebés já não nascem em Beja, Pai?
– Filho… porque tem havido muitos Governos que…
– O que é que são Governos, Pai?
– O Governo é como se fosse o chefe; o chefe de Portugal.
– A sério? Ele é que manda em tudo em Portugal?
– Em quase tudo, sim, filho. Ele e mais uns quantos ajudantes. E esses senhores não gostam que Beja tenha um Hospital; que nasçam bebés em Beja; que exista o tal Baixo Alentejo, e tudo o que fica perto de Beja eles mandam fechar. Olha a estrada: quando vamos visitar a avó, a Beja, como é que é a estrada?
– Ena! Aquela estrada aos altos e baixos, que parece as ondas do mar, Pai? Até fico enjoado! É naquela estrada em que eu e o mano acordamos sempre com o carro todo a abanar, pois é, Pai?
– É essa sim, filho. Chama-se IP8, mas é um velho caminho, o Pai já lá passava quando tinha a tua idade e já essa estrada era velha, cheio de buracos, sem bermas… – É muito perigosa, pois é, Pai?
– É sim, filho. Por isso é que temos de ir devagarinho e chegamos sempre tão tarde a casa da avó.
– E se tu escrevesses uma carta ao chefe de Portugal? Para ele tratar bem de Beja? Eu gosto muito de ir a Beja, Pai.
– Ainda bem, amor. O Pai também gosta muito de estar em Beja, e é muito bom que tu, sendo lisboeta, também gostes de Beja. O Pai já escreveu essa carta ao chefe de Portugal, amor. A explicar que Beja, e as pessoas todas que lá vivem, e que vivem em todas as terras nessa região, que já são velhinhas…
– Como a avó, pois é? A avó precisa dum hospital porque já está velhinha…
– Sim, a avó e todas as pessoas. Foi o que o Pai disse ao chefe: Beja precisa de um hospital, de uma estrada, de um comboio, do aeroporto a funcionar…
– E o que é que o chefe disse, Pai? Vai fazer essas coisas? Se ele é chefe, é só ele dizer para fazerem essas coisas que são mesmo importantes para a avó e para todas as pessoas que vivem em Beja e no Alentejo de Baixo, pois é?
– Baixo Alentejo, amor. Era assim que se chamava. E que para o Pai irá chamar-se sempre.
– Sim, mas o chefe disse o quê à tua carta?
– Nada, filho… o chefe não disse nada, amor…Olha, traz ali o jornal ao Pai, trazes?
– Sim, Pai. Este? O Diário do Alentejo?
– Esse mesmo, meu amor. Andá cá sentar-te ao colo do Pai e vamos ler o jornal. “
28 de Janeiro de 2019 às 14:00
@ espinho – rapidamente o regulamento estabelece 4 escalões e atualmente existem 6…..(https://www.emas-beja.pt/servicos)
28 de Janeiro de 2019 às 14:09
@pl – comentou no post errado, mas já percebi.
28 de Janeiro de 2019 às 20:45
A substituição do Paulo Barriga , efectuada por força das directrizes do Comité Central do PS de Beja , não representa unicamente a substituição de um JORNALISTA por um moleque do PS , é antes de tudo uma derrota clara daqueles que defendem o Baixo-Alentejo. O Dr. Pedro do Carmo ao impor á CIMBAL um ex-assessor dos altos quadros Socialistas de Evora , mais uma vez agiu cobardemente na defesa do Baixo-Alentejo. Os Socialistas do Baixo-Alentejo não têm vergonha desses seus Dirigentes que venderam a alma ao Capoulas ,ao Zorrinho etc. Etc ??
28 de Janeiro de 2019 às 21:47
Norberto Patinho a comandar as hostes socialistas bejenses a partir de Portel.
28 de Janeiro de 2019 às 21:52
O PS do baixo Alentejo entrou hoje em força nas redes sociais. É um fartote de rir. Ficamos a saber que só há 10 autarcas do partido e o deputado Pedro do Carmo que está presente em quase todas as fotografias e vídeos dá graxa ao Beja Merece elogiando os movimentos civis. Quem serão os movimentos militares? Pode ser que eles consigam mais do que os civis. Oh my god dá paciência aos baixo-alentejanos.
29 de Janeiro de 2019 às 15:50
Haja festas http://www.base.gov.pt/base2/rest/documentos/595216
29 de Janeiro de 2019 às 15:58
@festeiro – não consegui abrir esse link.
29 de Janeiro de 2019 às 16:28
@festeiro – grandes festas.
29 de Janeiro de 2019 às 16:11
http://www.base.gov.pt/Base/pt/Pesquisa/Contrato?a=5193602