Arquivo de Janeiro de 2019

Joana e os jornalistas

31 de Janeiro de 2019

Transcrevo o que Pedro Correia escreve no Delito de Opinião:

“Que tenha sido uma psicóloga, num espaço televisivo de comentário político, a revelar ao País aquela que foi até agora a notícia mais importante do ano, divulgando a lista dos megadevedores da Caixa Geral de Depósitos, paga com o dinheiro de todos nós, é algo que devia envergonhar toda a classe jornalística. A começar por alguns directores de publicações, que continuam a ser pagos a peso de ouro por empresas tecnicamente falidas.

Nas últimas duas décadas, proliferaram como cogumelos os jornalistas especializados na “área económica”. Deviam ter sido estes – ao menos um deles – a difundir aos portugueses a informação que Joana Amaral Dias divulgou, prestando assim um autêntico serviço público. Tal como deviam ter sido eles a alertar em devido tempo para os riscos sistémicos da governação Sócrates, em irresponsável conúbio com o Grupo Espírito Santo, instrumentalizando e depauperando grupos empresariais como a PT e a CGD.

A diferença, neste caso, é que Joana Amaral Dias nunca aceitou férias milionárias na neve, pagas por Ricardo Salgado, que assim – durante anos – foi comprando o silêncio de directores e editores de órgãos “de referência” na comunicação social. Será também ela a revelar-nos um dia a tal misteriosa lista de avençados do Grupo GES que nenhum “jornalista de investigação” até hoje conseguiu trazer a público?”

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Confrarias

31 de Janeiro de 2019

Bebem-se uns copos, provam-se uns petiscos e, no final, mandam-se uns vivas à república ( ou talvez à monarquia). Pelo meio, arrotam-se umas ideias sobre os projectos do Portugal 2020. E assim nasce uma Confraria. (leia aqui). Viva!

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Correio Alentejo

30 de Janeiro de 2019

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Caixa de Pandora

30 de Janeiro de 2019


Abriram-na, agora não a conseguem fechar…

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Bruno Ferreira despede-se do Diário do Alentejo

28 de Janeiro de 2019

Com uma crónica que vale a pena ler, pela sua acutilância, pelas verdades que não oculta, pela realidade que “destapa”.

Começo pelo fim. Diz Bruno Ferreira:
“E assim terminam 10 anos de colaboração com este que, pelas mãos do Paulo Barriga e da sua equipa, se tornou num órgão de referência no Alentejo, com especial enfoque no Baixo Alentejo, e em toda a sua diáspora. Sim, porque eu não confundirei, nunca, o Baixo Alentejo com o que quer que mais seja. Terei vincada em mim, enquanto respirar, essa identidade. Ensiná-la-ei aos meus filhos, partilhá-la-ei com os meus amigos. Sou Baixo Alentejano. Por mais Costas, Passos, Cavacos ou Sócrates que apareçam a tentar branquear a história, a identidade, a cultura desta região e das suas gentes.
Vou ter saudades deste namoro com o DA. Vou ter saudades de ler os sumarentos editoriais do Paulo. Vou ter saudades de conhecer as notícias, o contraditório, a procura das verdades, o jornalismo na sua verdadeira essência, ao virar de cada página. Nunca me foi dito, mas sempre me pareceu que este jornal partilhava das minhas (e eu das dele) convicções sobre o que foi, é e deve ser o Baixo Alentejo. Da mesma forma que denunciava a desfragmentação consistente de uma cidade milenar e, consequentemente, de toda a sua região. Talvez por isso, pela assunção dessa liberdade de pensamento, tudo ficará por aqui. Até um dia. Obrigado Paulo, pela confiança na minha pena. Continuarei a acompanhar-te por onde andares a pensar, a investigar, a escrever. Obrigado também aos leitores por estes dez anos. Até já.”

E na sua crónica, um diálogo:

“- Pai, onde é que tu nasceste?
– O Pai nasceu em Beja, filho.
– Em Beja nascem bebés, Pai?
– Quando o Pai nasceu, sim, filho, nasciam bebés em Beja.
– Foi em casa da avó?
– Não, foi no Hospital, amor.
– E havia Hospital em Beja?
– Pois havia. E chegou a ser um belo Hospital. Iam pessoas de todas as terras do Baixo Alentejo para serem tratadas, para irem ao senhor doutor, para terem filhos…
– O que é o Baixo Alentejo, Pai?
– Filho… o Baixo Alentejo foi a região em que o papá nasceu.
– Mas tu não és só Alentejano?
Mais do que Alentejano o Pai é Baixo Alentejano. Era o nome que se dava antigamente à região de Beja. E o pai vai ser sempre Baixo Alentejano. Mesmo que agora tu já não aprendas isso na escola, amor.
– E porque é que já não existe esse Baixo Alentejo, nem o Hospital de Beja, e os bebés já não nascem em Beja, Pai?
– Filho… porque tem havido muitos Governos que…
– O que é que são Governos, Pai?
– O Governo é como se fosse o chefe; o chefe de Portugal.
– A sério? Ele é que manda em tudo em Portugal?
– Em quase tudo, sim, filho. Ele e mais uns quantos ajudantes. E esses senhores não gostam que Beja tenha um Hospital; que nasçam bebés em Beja; que exista o tal Baixo Alentejo, e tudo o que fica perto de Beja eles mandam fechar. Olha a estrada: quando vamos visitar a avó, a Beja, como é que é a estrada?
– Ena! Aquela estrada aos altos e baixos, que parece as ondas do mar, Pai? Até fico enjoado! É naquela estrada em que eu e o mano acordamos sempre com o carro todo a abanar, pois é, Pai?
– É essa sim, filho. Chama-se IP8, mas é um velho caminho, o Pai já lá passava quando tinha a tua idade e já essa estrada era velha, cheio de buracos, sem bermas… – É muito perigosa, pois é, Pai?
– É sim, filho. Por isso é que temos de ir devagarinho e chegamos sempre tão tarde a casa da avó.
– E se tu escrevesses uma carta ao chefe de Portugal? Para ele tratar bem de Beja? Eu gosto muito de ir a Beja, Pai.
– Ainda bem, amor. O Pai também gosta muito de estar em Beja, e é muito bom que tu, sendo lisboeta, também gostes de Beja. O Pai já escreveu essa carta ao chefe de Portugal, amor. A explicar que Beja, e as pessoas todas que lá vivem, e que vivem em todas as terras nessa região, que já são velhinhas…
– Como a avó, pois é? A avó precisa dum hospital porque já está velhinha…
– Sim, a avó e todas as pessoas. Foi o que o Pai disse ao chefe: Beja precisa de um hospital, de uma estrada, de um comboio, do aeroporto a funcionar…
– E o que é que o chefe disse, Pai? Vai fazer essas coisas? Se ele é chefe, é só ele dizer para fazerem essas coisas que são mesmo importantes para a avó e para todas as pessoas que vivem em Beja e no Alentejo de Baixo, pois é?
– Baixo Alentejo, amor. Era assim que se chamava. E que para o Pai irá chamar-se sempre.
Sim, mas o chefe disse o quê à tua carta?
– Nada, filho… o chefe não disse nada, amor…Olha, traz ali o jornal ao Pai, trazes?
– Sim, Pai. Este? O Diário do Alentejo?
– Esse mesmo, meu amor. Andá cá sentar-te ao colo do Pai e vamos ler o jornal.

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Saneamento, mentiras e vídeo

25 de Janeiro de 2019

Editorial de Paulo Barriga

    Ao Pedro Ferro, meu bom mestre e eterno amigo.

“Saneamento, mentiras e vídeo

É em si, estimável leitor, e apenas em si que penso nesta hora de abalar. Porque foi a pensar em si, e apenas em si que nos lançámos há oito anos na tarefa de “refundar” o “Diário do Alentejo”. Aqueles a quem restar um pedaço de lembrança reconhecerão que não se comete grande exagero quando se fala em “refundação” para referir o que aconteceu nos últimos anos ao último jornal público do País. Até então, e desde o momento em que os municípios do Baixo Alentejo se associaram, no início dos anos 80 do século XX, para adquirir o título, que o “Diário do Alentejo” se transformou num autêntico pasto para a piromania político-partidária regional. À sua vez, e dependendo dos equilíbrios das forças em parada, comunistas e socialistas disputaram-no, usaram-no, instrumentalizaram-no. Com mais ou menos pudor. Com mais ou menos decência. E só um milagre eleitoral, como aquele que ocorreu em 2009, em que PS e CDU obtiveram o mesmo número de autarquias e o PSD se constituiu como fiel da balança através do município de Almodôvar, se pôde interromper a alternância sectária que até então grassou no jornal. É daí que vem a direção agora cessante, posta, pela primeira vez, por intermédio de um concurso público que valorizou o currículo dos proponentes e a natureza do projeto editorial. E a natureza do projeto que hoje finda, isso o saberá melhor do que ninguém o bom e fiel leitor, assentou apenas num pressuposto: no jornalismo, enquanto força motriz fundamental dos sistemas democráticos. Simbólica, é um facto, mas a primeira iniciativa que se tomou nesse sentido foi, após a apresentação do novo diretor aos jornalistas, convidar os presidentes de câmara a abandonar a sala da redação. Nesse dia inaugural ficaram logo muito bem definidas as fronteiras. E ainda melhor o ficaram quando se prescindiu de todos os cronistas políticos que asseguravam uma espécie de equilíbrio podre entre as partes conflitantes. O combate político sanguíneo e o comunicado partidário de gaveta deram, desde então, lugar às pessoas. Às suas realizações, aos seus conseguimentos individuais e coletivos, aos seus méritos, às suas aspirações, às suas necessidades. A cultura tomou o lugar da desgraça. As aldeias, mesmo as mais ínfimas e remotas, tornaram-se para nós o centro do mundo. A história de vida do indivíduo anónimo passou a importar. A identidade de um povo impôs-se às clubites e às partidarites. A valorização das pessoas em si, em vez do enaltecimento do poder que algumas pessoas em particular detêm, foi, pode dizer-se agora, a matriz editorial deste projeto. O seu fundamento. A sua razão de ser. Um jornal, qualquer que seja, porque tenta fixar a história num tempo presente, é necessariamente um álbum de erros. Já um bom jornal, sabendo o erro como companheiro inevitável, tenta escapar-lhe o mais possível, investigando, confrontando, parando para pensar e para questionar. Foi o que fizemos (ou tentámos fazer). Isso, lá fora, valeu-nos prémios e reconhecimento. Cá ao perto, pressões indizíveis e censura. Ao termos estabelecido a nossa própria agenda, absolutamente marginal à agenda oficial, experimentámos algo de libertador para o jornalismo que talvez nunca antes tenha sido experimentado em Portugal. E isso deixa-me tão feliz nesta hora de abalar como o facto de o ter tido e sentido, estimado leitor, sempre por perto.”

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Bom fim de semana

25 de Janeiro de 2019


foto: Igor Patokin

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Combater os ódios

22 de Janeiro de 2019

O meu amigo Pedro Horta, mente aberta e sempre objectiva, escreve na sua página no Facebook:

“Acerca dos acontecimentos desta noite
Conta-se que São João, já velho, em Efeso, era chamado pelos cristãos primitivos para participar nas Ecclesias, dando o seu testemunho de Cristo. Este, já velho e cansado, anuía e dizia sempre o mesmo: Amai-vos uns aos outros.
Era sempre assim.
Os mais jovens, cheios de ímpeto e fé, queriam mais. Queriam ouvir falar mais de Jesus, o Cristo e pediam-lhe que não se limitasse a proferir o que sempre dizia: Amai-vos uns aos outros.
Um dia perguntaram-lhe, ou terão perguntado, se não havia mais nada a dizer.
Ele, velho e cansado, disse: Basta que cumpram este preceito e tudo o resto está feito.
Amai-vos uns aos outros.
Digo isto, porque nisso acredito, mas igualmente porque tal faz-me saber que as coisas, mesmos as mais complicadas, se resumem ao simples e óbvio. E muitas vezes, querendo resolver grandes problemas, esquecemo-nos, porque estamos cegos ou não queremos ver, que a solução é simples.
Por exemplo a resolução do ódio.
Temos um problema de racismo em Portugal. Temos. Ponto.
E temos que o resolver. Ponto outra vez.
Temos dois caminhos, o do ódio, que gerará mais ódio, ou o tal que São João nos falava. O do Amor, da compreensão.
Coloquemo-nos na pele do polícia que recebe pouco, dorme em camaratas indignas para a sua condição humana, com os filhos longe. Um polícia que faz rondas em bairros onde ( e já lá vamos) lhe atiram pedras, o ofendem.
Um Homem-Policia que começa a sentir apoio apenas em discursos de ódio, radicais, que o fazem sentir bem outra vez. Que mesmo que assim não seja, que começa a sentir raiva da sua situação.
Esse Homem, quando tiver de atuar num bairro, onde está a ser ofendido, como fará?
Inevitavelmente converterá o seu ódio interior em ação violenta.
E agora passemos para a pele do Homem que recebe pouco. Estigmatizado pela cor da sua pele. O dinheiro que lhe pagam não dá para alimentar os filhos. Que quando chega a casa ou sai para o trabalho é revistado. O filho é preso e ofendido.
O que faz esse Homem quando vê a polícia a entrar no seu bairro?
Inevitavelmente converterá o seu ódio em ação violenta.
O que aconteceu esta noite e ontem é fruto disso.
Uma escalada de violência e ódio, para gáudio de um lado e do outro.
Virá o discurso racista contra os pretos, virá o discurso racista contra o policia-branco, virá mais ódio.
O que os extremistas pretenderão, porque cegos ou não querem ver, é simplesmente que esse ódio escale.
Esquecendo que a solução do problema está noutro campo:
No diálogo e na melhoria das condições sócio-económicas da população, seja ela polícia, branco, preto, amarelo, gay, mulher, ou qualquer outro adjetivo que se queria colocar.
Aqueles que, independentemente da cor e do credo político ou religioso, que para tal não contribuírem, estarão a querer apenas o ódio e a violência e não a resolução da situação.
Serão como os que convidavam São João, para tudo conhecer, mas esqueciam-se que a solução é só uma.”
Obrigado, Pedro, por não temeres lutar contra os ódios.
(foto: Mário Cruz/Lusa)

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Sem vergonha

21 de Janeiro de 2019

“Os fundos europeus são essenciais para o nosso desenvolvimento e para a criação de emprego.

Constituem, para Portugal, uma ajuda superior a 12 milhões de euros por dia e representam mais de 80% do investimento público.

Mas o governo Costa não os tem aproveitado. A execução do Portugal 2020 é inacreditavelmente baixa, próxima de 1/3.

Nas últimas semanas, porém, vimos lançamentos de obras e anúncios de investimentos quase todos os dias. Parece que o governo socialista descobriu os fundos europeus apenas em ano de eleições

Atrasar a execução para “despejar” dinheiro em ano de eleições é desonesto. Reprogramar o Portugal 2020 e “vender” que há mais dinheiro é desonesto. Aceitar cortes na Política de Coesão e na Política Agrícola Comum no próximo Quadro Financeiro Plurianual e não o contestar ou debater é desonesto. E usar os Fundos europeus para financiar campanhas eleitorais é uma vergonha!”
Carlos Coelho eurodeputado

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Bom fim de semana

18 de Janeiro de 2019


foto: Mike Robison

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Expliquem-me lá…

18 de Janeiro de 2019


Então eu estou a financiar uma obra? Os munícipes estão a pagar por uma coisa que não existe? Sim, a EMAS cobra aos munícipes para financiar obras… onde é que isto vai parar?

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Antes de o ser já o era

14 de Janeiro de 2019


De acordo com notícia da RPax, Luís Maneta será, a partir de 1 de Fevereiro, o novo director do Diário do Alentejo.
O blog Praça da República sabe, de fonte pouco segura, que um dos primeiros trabalhos de LM no DA, será um documentário em vídeo com as conversas tidas entre o próprio e quem o convidou para substituir Paulo Barriga.
É caso para dizer que o DA vai ser um sucesso junto dos apaniguados do PS. Ou estarei enganado?

PS: aproveito para dar os parabéns ao Luís Maneta e desejar-lhe sucesso e capacidade para não transformar o DA num boletim municipal.

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