Mar 29 2017

A cidade da solidão

Publicado por as 7:28 em A minha cidade


foto: joão espinho

Escreve Ana Nobre Gonçalves:

“A minha terra.
Não era assim. Esta rua tinha gente e vida e “bâ tarde compadre”, “vou ali ao Luiz da Rocha”, “vamos à biblioteca”, “a 77 já não tinha o jornal”, “que falta de alembradura”…
Os anos passam e,sim é verdade, saí e não voltei. Eu e muitos.
E outros depois de nós.
E outros ainda.
Casas podres, lojas fechadas, gentes dispersas…Beja não merecia isto. Até o comboio se cansou e fugiu, abandonada ficou a estação de azulejos de Jorge Colaço, se fossem do Almada, abandonados estariam…
Uma cidade mais antiga que Portugal, cercada pela planície a perder de vista. Da casa da minha infância conseguia ver as terrinhas ao redor, a planície é imensa e o Alentejo é um mar sem fim.
Aqui não chegaram os turistas nem a reabilitação urbana (e se Beja está cheia de História para preservar).
Beja ficou onde estava
A cidade da solidão.
#Bejaacidadedasolidão”

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8 Resposta a “A cidade da solidão”

  1. Sol diz:

    Mas algo deve estar profundamente errado.
    O executivo PCP/CDU tem em marcha uma campanha publicitária que ” Beja está a mexer “.
    Infelizmente realidades como esta e muitas mais provam precisamente o contrário do que escreve, diz e faz.

  2. Gabriel Santos diz:

    Vivi durante 10 anos em Beja, até 2006. Recordo ter-me apercebido que, salvo algumas actividades que movimentavam gente e atraíam temporariamente a atenção sobre a cidade, como a OVIBEJA, no tempo restante quase nada mudava. Reparei ainda que a cidade era dominada por uma meia dúzia de famílias, donas de terras e negócios, e que por isso os terrenos eram caros e as casas também. E que a gente nova migrava para Évora e outras paragens, onde encontrava o que em Beja lhes faltava. Por fim, vi que a área industrial da cidade, capital de distrito, era menor e menos geradora de riqueza do que a de muitas freguesias do norte de Portugal. Tudo junto e resumido, vi que meia dúzia de famílias controlavam a pouca riqueza que a cidade produzia. E, quando se deixa que assim seja, morre-se.

  3. enxoe diz:

    João

    Começo a ficar preocupado com uma das profecias do Bandarra:”Aqui foi Beja!” e acho que ele não falhou nada…!

  4. atento diz:

    O que é que a câmara vende? É que paga 900 euros por mês à Rádio Voz da Planície por serviços de publicidade como se fosse uma empresa. A seis meses das eleições dá jeito ter uma voz ao seu serviço, não dá?
    http://www.base.gov.pt/Base/pt/Pesquisa/Contrato?a=3182098

  5. ATENTO diz:

    Realmente a Beja falta-lhe dinâmica, a dinâmica do trabalho intenso. Não estou com isto a chamar preguiçosas ou pouco trabalhadoras as gentes d Beja, porque o não são, bem sofrem na pele o quase nada que Beja lhes dá. Refiro-me à falta de políticas e iniciativas que tragam trabalho, que dinamizem a cidade e mostrem as pessoas activas, em afã natural de quem corre para cumprir e satisfazer algo. Em contrapartida, se nos aproximarmos da área dos hipermercados, a dinâmica das compras e do consumo é enorme, todas as grandes superfícies da cidade mostram clientela em movimento. Faz confusão, onde se vai buscar e quem produz a riqueza, numa cidade longe do bulício que já teve do sector primário, sem indústria, com os serviços em notório decréscimo? No princípio justificava-se esse movimento consumista com a vinda de muitos de todo o Distrito, curiosos de conhecer os grandes centros comerciais. Hoje, tal justificação já não colhe pois não há vila ou aldeia maior que não tenha um Intermarché, um LIDL ou outro qualquer. Mantém-se a interrogação anterior. Outra coisa me espanta é o facto de ver cidades que antes eram equivalentes a Beja (Leiria, Abrantes, Castelo Branco, etc.) tornarem-se centros cosmopolitas, onde o progresso é evidente, não digo que seja ordenado, e onde se sente a dinâmica que por aqui falta. Deram “o salto”, Beja ficou pela ronceirice do costume e daqui não sai. Havia queixas da política que a governa, mudou-se experimentalmente essa política, não se sentiu diferença, apesar de todos os “cluster” prometidos, continuou tudo na estaca zero. Aproxima-se uma nova oportunidade de mudança política e o que se apresenta, apesar de todas as boas vontades? O mesmo, os Partidos com as rédeas nas mãos a conduzirem as diferentes carruagens, tiradas por gente submissa e conformada à vontade dos donos. É assim que acredito, até prova em contrário. Assim e por Beja, não se vai lá. Temos no Distrito exemplos de quem conseguiu sacudir a canga, pelo menos fazê-la tremer e há progresso, que mais não seja ao nível cultural, mas não só.
    Fico-me por aqui, preocupado, muito preocupado com a nossa cidade…

  6. Francisco Vargas diz:

    Acho que se está aqui a ser um pouco (eu disse ”um pouco”) alarmista. Beja é uma cidade do interior e que eu saiba (mesmo vivendo e trabalhando aqui no sudoeste da Inglaterra) e tento manter-me informado, este é um problema que mais ou menos é geral para todas as cidades do interior. No entanto, uma ressalva, no distrito de Coimbra estáo a fixar-se cada vez mais Britânicos, compram casas novas e velhas, cultivam hortas, gastam dinheiro e etc.. Sáo uma mais-valia, mas nada se faz para que eles se queiram aí fixar. Quando somos pobres temos de recorrer a tudo o que pudermos para passarmos a ser menos pobres…

  7. 2D diz:

    Até na informação Meteorológica, já começa a aparecer apenas Évora!
    Reparei nisso esta tarde no TVI24.

  8. enxoe diz:

    O proprio IPMA – Instituto Meteorologia já nos tirou do mapa numa das suas informaçoes que prestava on line!

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