Nov 14 2016
A obsessão antiamericana
Apesar de significativas contrariedades dentro do próprio partido, impôs-se como candidato e fez uma campanha que, aos olhos de um europeu e de qualquer democrata, estava condenada ao fracasso.
Sempre pensei, e esperei, que Donald Trump não fosse eleito presidente dos Estados Unidos da América.
Dito isto, pretendo avançar para o que se assistiu nas horas seguintes aos actos eleitorais.
Foi com pasmo, e tristeza, que vi Trump ser eleito para o cargo político mais poderoso do mundo.
Foi uma escolha do povo e em Democracia “o povo é quem mais ordena”.
Porém, nas redes sociais, parece que Povo só é povo se votar nos candidatos da nossa preferência. Pior, se esse povo decide votar num candidato que odiamos, esse povo passa a ser “burro, inculto, estúpido, xenófobo, racista, grunho” etc…
Eu compreendo esta nova vaga de “comentadores” que, evidentemente, desconhece que os EUA têm uma Lei Fundamental ( Constituição) desde 1787, sendo das mais antigas democracias que conhecemos. O seu preâmbulo começa com um expressivo “We the People”.
Será talvez por ignorância, ou por alinhamento desinformado, ou mesmo por uma questão de moda, que muitos adjectivam o povo americano com nomes como os que atrás referi.
Porém, nos tempos que correm, esta obsessão antiamericana tem outras raízes. Órfãos da União Soviética, vêm nos ataques aos Estados Unidos uma bóia de salvação para as suas crises de orfandade e de saudades das pátrias do socialismo soviético.
Aqueles que militam na obsessão antiamericana não perdoam que os americanos tenham prosperado economicamente e que, simultaneamente, constituam um povo que vive em democracia e onde a Liberdade não é só uma estátua.
Donald Trump foi eleito e o que aí virá não se sabe. Durante um ano ouvimo-lo dizer grandes atrocidades, demonstrando um elevado grau de desumanidade e com um discurso carregado de selvajaria e violência.
Queremos acreditar que o Presidente não será uma cópia do candidato.
Podemos, e devemos, protestar contra as opções que Trump escolher e que nos pareçam colocar o mundo ainda mais perigoso.
Durante o trajecto podemos, e devemos, evitar ser grunhos, burros e estúpidos. As redes sociais não podem servir para isso.
Atrás dos tempos vêm tempos. Desejo, e luto por isso, continuar a viver em Democracia e Liberdade.
Crónica publicada igualmente na Rádio Ourique
14 de Novembro de 2016 às 9:32
“parece que Povo só é povo se votar nos candidatos da nossa preferência. Pior, se esse povo decide votar num candidato que odiamos, esse povo passa a ser “burro, inculto, estúpido, xenófobo, racista, grunho” etc…”
Parto do pressuposto que esta sua reflexão também se aplica à politica local, Certo?
14 de Novembro de 2016 às 10:46
@ramos – certo.
14 de Novembro de 2016 às 14:31
O sistema eleitoral americano tem diversas paticulariedades nomeadamente pelo facto de não haver uma eleição directa originando situações em que o mais votado pelos eleitores acaba por não ser o eleito – já aconteceu no passado e aparentemente vai voltar a acontecer.
Mas genericamente é estd o “problema” da democracia pode sempre eleger o candidato menos democrático e menos preparado.
Lembram-se do Adolfo? Também ele foi eleito…