Ago 12 2016

As festas de Verão

Publicado por as 9:06 em A minha cidade

sanatamaria

D. António Vitalino Dantas no Correio Alentejo:

“Em muitas terras com emigrantes o tempo de férias traz vida e movimento aos dias adormecidos ao longo do ano, sobretudo nas aldeias do interior, desertificadas e envelhecidas. As comissões de festas procuram associar o convívio e as devoções tradicionais da terra, mesmo que tenham de trasladar para essa altura a comemoração dos padroeiros, misturando o profano e o religioso, pelo menos nos seus cartazes publicitários, numa simbiose em que, por vezes, os actos de culto apenas aparecem no título da festa e na imagem da santinha, como se diz no Alentejo.
Nem sempre as comissões se constituem com o conhecimento da paróquia, nem os programas se combinam de acordo com os responsáveis da comunidade eclesial. Por isso não podemos chamar a isso de festas religiosas, mas simplesmente
de festas populares, em que as paróquias realizam alguns actos de culto, que fazem parte dos acontecimentos festivos, mas não são a festa.

Escrevo isto porque, por vezes, se exagera no programa das festas, nos gastos avultados, sobretudo em arruados, artistas convidados e fogo de artifício. O culto dos exibicionismos, das disputas entre comissões e das vaidades, que muitas vezes acaba em zangas e arruaças, não é muito próprio de uma festa popular nem muito menos religiosa. As festas devem promover o convívio, a alegria entre a população, residentes e visitantes e, se religiosas, também a devoção e o fortalecimento da fé das pessoas.
Também não posso deixar de advertir as comissões de festas ligadas à igreja, aos conselhos económicos paroquiais e às irmandades para terem cuidado com a legalidade fiscal, não favorecendo a fuga aos impostos sobretudo no pagamento aos artistas. E se os lucros económicos da festa não se destinarem ao culto ou a outras finalidades da acção da igreja, também devem submeter-se às normas contributivas em vigor.
Festas sim, mas para promover, na simplicidade, o convívio, a alegria e a devoção, no respeito pelas leis em vigor. Assim vale a pena festejar e cansar-se, pois nada poderá pagar o lucro social e religioso daí resultante. Boas férias e boas festas são os meus votos.”

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6 Resposta a “As festas de Verão”

  1. festeiro diz:

    Ou foi por descuido ou de propósito mas o programa das festas está incompleto e engana as pessoas. A Katia Guerreiro vai cantar acompanhada pela Orquestra Clássica do Sul como fez na Praia do Carvoeiro quando começou o Festival Caixa Sul organizado pela CGD que paga o espectáculo. Assim é fácil, com os ovos da minha vizinha de borla faço boas omoletes.
    E quanto é que a Câmara dá às festas das freguesias, quando queremos artistas mais conhecidos temos que os pagar, em Beja paga iluminações, fogo de artifício e cortejo? Tudo da cabeça do senhor Rocha, até um grupo vem do Norte. E se ele é tão solidário porque é que não faz como o seu colega e dá o dinheiro do fogo aos bombeiros que bem precisam?

  2. João Espinho diz:

    @festeiro – num dos programas que li, dizia que o concerto era organizado pela CGD. Com o apoio da CMB. Quanto ao resto, é difícil saber quem é quem e quem gasta o quê.

  3. atento diz:

    E alguém já perguntou que tradição têm estas festas? Antes da era Rocha em Beja havia festas de Santa Maria? E realizava-se alguma procissão? A feira de São Lourenço e Santa Maria não era bem a mesma coisa que agora se importou de Serpa, como outras.

  4. João Espinho diz:

    Isto agora é para enganar algum povo.

  5. viverbeja diz:

    Isto tem mesmo que mudar em Beja!! Para o bem de quem aqui vive!
    “O papa Francisco criticou a “fé não solidária” e “mentirosa” de quem vai à missa, mas não sabe o que ocorre nas periferias, ao visitar aos moradores de Bañado Norte, um dos bairros mais pobres da capital do Paraguai.

  6. Marquinhos diz:

    Impressiona aqui a disparidade e o tipo de criticas a este género de festas populares. Sobretudo aqueles que até querem ser mais papistas do que o próprio papa.
    Cada um de nós, é fruto da terra em que nasceu e da educação que teve. Boa ou má, mas foi aquela que nos foi dada e que nos marcará para toda a vida.
    É caso de JR e as novas festas religiosas da cidade.
    Só quem ainda não foi ao Minho é que ainda não percebeu, que ele quer trazer para Beja toda a tradição religiosa secular dessa região.
    E fará algum mal?
    Pelo contrário, digo eu, que até fica bem a um comunista ser ele a fazê-lo.
    Logo não concordo com os epítetos “fé não solidária” e “mentirosa”.
    Trata-se apenas de festas populares, claro que com interesses políticos manifestos como aliás sempre assim foi, mas na tradição católica e cristã que norteou a Reconquista há 800 anos destes territórios aos muçulmanos do Al Andalus.

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