Mai 18 2016

A LONGA NOVELA DO DEPÓSITO DE ÁGUA DE BEJA

Publicado por as 20:06 em A minha cidade

depósito2
foto: joão espinho

Escreve Luís Palminha:

Em tom de desabafo, vou escrever aquilo que não vejo mais ninguém comentar nem tão pouco discutir. E isso deixa-me triste. Muito triste e desiludido ao nível intelectual e cultural da cidade. Acho que a ausência de debate ou o estrangulamento do mesmo, não só não beneficia ninguém, como também não beneficia a Cidade nem a região.
Confesso que não gosto nem nunca gostei do enquadramento visual do depósito de água no skyline da cidade. Mas não gosto porque sempre considerei que o mesmo traduz uma peça de engenharia desprovida de valor arquitectónico. Porque sempre olhei para ele como um “mamaracho” visual que ofuscava a beleza da maior torre de menagem da península Ibérica. Porque sempre achei que o mesmo representava a degradação e a morte lenta de toda a área que o envolve.
Mas esta é uma opinião que rapidamente poderia “revogar” se fosse encontrada uma proposta que transformasse este mamarracho numa peça de vanguarda e numa nova referência na cidade e região. Uma solução que aproximasse os Bejenses e não os dividisse. Uma solução que pelo seu valor acrescentado representasse o motor de transformação e valorização de todo o centro histórico. Que representasse um ímpeto cultural e turístico.
Peço desculpa ao Eng. Rui Marreiros, mas não me sinto satisfeito com o projecto de torre panorâmica da EMAS. Parece-me um projecto de engenharia “low cost” e que pouco ou nada transforma o mamarracho.
Não acho que seja a alternativa porque o único projecto que existe para o mamarracho é apenas isso. Um projecto. Não faz parte de uma rede cultural, não integra um verdadeiro plano estratégico com uma real ambição no potencial turístico e cultural da cidade.
Por outro lado, considero que a discussão não se deveria limitar à “solução A” ou “solução B”.
Então e a solução C, D, E, F, G… e por aí fora? O intelecto Bejense resume-se a apenas 2 soluções?
Julgo que a discussão deveria ser bem mais ampla e incluir a criação de um Plano Estratégico Cultural e Turístico, onde o Centro de Arqueologia e Artes, o projecto para a requalificação do depósito de água e o Museu Regional representassem o triângulo deste plano a 10 anos.
Mas tudo isto dá imenso trabalho. Envolve a realização de concursos chatos, o envolvimento da sociedade civil (que só atrapalha!) e também envolve fazer algo pelo futuro da cidade, mas quem é que de facto pretende isso?
Incomoda-me também que Beja tenha um largo número de jovens (e não só) formados em Arquitectura (haverá pelas minhas contas, mais de 30 jovens formados em Arquitectura) que certamente estariam disponíveis para participar com ideias arrojadas, diferentes, inovadoras, que incluíssem uma estratégia ou integradas numa estratégia para relançar o centro histórico da cidade. Não seria interessante criar uma PLATAFORMA que tirasse proveito deste valor acrescentado?
Mas no final, coloca-se sempre a questão.
De que valem estas discussões nas redes sociais ou nos blogs, se as várias lideranças dos diferentes partidos de Beja, ou se outros que ainda não participam nessas estruturas partidárias, seguem cegamente a sua vontade (ou será ambição?).
A única certeza que tenho, é que enquanto escrevo este post a cidade dá mais um passo na sua já longa caminhada para a estagnação.

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3 Resposta a “A LONGA NOVELA DO DEPÓSITO DE ÁGUA DE BEJA”

  1. leonel borrela diz:

    Concordo parcialmente com o Luis Palminha. Onde anda a malta nova ligada à arquitectura que poderia mexer positivamente na questão do depósito? Seria um contributo interessante. Mas, já agora, a talhe de foice (que é sempre uma chatice), gostaria de recordar que em tempos, uns arquitectos novitos, teriam cerca de trinta anos de idade, de passagem por Beja, fizeram uns projectos que foram aprovados pelo municipio, cuja construção resultou em poucos meses na demolição da obra de arte que realizaram, além de um deles ter alterado janelas, grades de ferro antigas das sacadas e limpo “criminosamente” um portal do século XV único na cidade, adulterando uma das suas ruas mais típicas, etc. Mas, este, é um inventário que eu tenho bem feito para mais tarde recordar e, quem sabe, publicar. Quarenta anos de fotos de Beja, sobre a sua urbanização, é muita fruta, e tem obviamente os seus responsáveis. Abraço, LB

  2. Rui Marreiros diz:

    Caro Luis Palminha, acompanho a estima que sabes que tenho por ti, com um agradecimento e uma proposta. Um agradecimento por este contributo que valorizo, compreendo e respeito. É absolutamete válido e pertinente, quer para este tema, quer para outros de igual ou até dimensão superior que se colcocaram e colocarão seguramente na nossa cidade. Uma proposta para que se criem condições para dar corpo à plataforma de que falas, conta com o meu apoio para aquilo que seria, seguramente, uma lufada de ar fresco para a cidade e para o conecelho. Forte abraço e até breve. PS – conheço uma meia dúzia de arquitetos e arquitetas que estão igualmente motivados para fazer parte da solução…bora?

  3. ATENTO diz:

    José Borrela:

    “…fizeram uns projectos que foram aprovados pelo municipio, cuja construção resultou em poucos meses na demolição da obra de arte que realizaram…”

    Por favor, explique melhor.

    Abraço

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