Mar 08 2016
Alentejo Prometido
Sobre a polémica que se instalou nas redes sociais, destaco estas duas opiniões:
1 – No A Gata Christie:
“Já li. E chego ao fim confirmando aquilo que senti às primeiras páginas. É como se eu agora fosse ali passar uns dias a Alfama e falasse com umas quantas pessoas, daquelas mais antigas e que quase nunca saíram do bairro, e que me falavam das avós varinas, das tias fadistas, dos padrinhos que marchavam no santo antónio. E depois, com isto tudo, fazia um retrato dos lisboetas.
Alentejo Prometido é um livro de memórias, de Henrique Raposo e dos seus familiares. É um mergulho do autor no seu passado, nas origens humildes da família, a desenterrar as histórias que as famílias geralmente tentam calar e, nesse sentido, é até um pequeno acto de coragem. É uma visão muito pessoal do Alentejo e é como tal que deve ser visto. Para ler aqui
2 – Quem se mete com o Alentejo leva, de João Miguel Tavares:
“Henrique Raposo não precisa que eu o defenda nas páginas do PÚBLICO, até porque os momentos de histeria via redes sociais seguem sempre a mesma mecânica: 1) um tipo qualquer descobre uma coisa na internet que o irrita; 2) um grupo de gente identifica-se com esse tipo qualquer e inicia o processo de indignação descontrolada e analfabeta via Facebook em crescendo de idiotia; 3) outro grupo de gente que não gosta do Facebook reflecte sobre as redes sociais e conclui que Mark Zuckerberg é o anti-Cristo; 4) um terceiro grupo sublinha a necessidade de preservar o direito de cada um a escrever aquilo que bem lhe apetece; 5) cinco dias depois, já ninguém se lembra de nada disto.
(…)
E aqui eu identifico três outros pontos, que me parecem bem mais interessantes como reflexão: 1) porque Henrique Raposo é um tipo de direita que escreve no Expresso sem o tom delicodoce apreciado pela intelligentsia nacional, logo, está no pódio dos colunistas que o povo digital mais adora odiar; 2) porque um tipo de direita pôr-se a escrever reflexões iconoclastas sobre o grande bastião do PCP, e logo na colecção “do tipo do Pingo Doce”, é uma provocação que não se admite; 3) porque uma escrita que mistura a autobiografia com o ensaio é uma tradição anglo-saxónica que ainda não entrou nas cabecinhas nacionais.” Para ler aqui
8 de Março de 2016 às 22:04
O problema de Henrique Raposo é não perceber nada sobre e do que é e foi o Alentejo.
Escreveu sobre o que lhe disseram e o que lhe pareceu. E depois tirou as respetivas ilações.
Um tipo de raciocínio puramente cartesiano, que como aprendemos no liceu, está errado.
A partir de premissas que até podem estar certas, pode não se chegar a uma correta conclusão.
Como é que um cronista experimentado pôde cometer um erro desta tamanho?