Nov 04 2013

Na minha rua

Publicado por as 15:00 em Fotografia,Geral,Poetas

dsc_0151cao
foto: joão espinho

Conto de Manuel Dias Horta

É manhã cedo.! Abro a porta e saio de casa. O sol teima em romper a forte e impenetrável opacidade por onde se escapam as estrelas mais tardias. Lá fora na leveza do ar quente, ouço a doçura da voz duma mulher, logo seguida dum vozeirão.
O que se passará na minha rua, pacata e segura e onde mora gente com educação? Percorro o quarteirão, ao cimo da rua há um ajuntamento, dizem-me, é tudo por causa do có-có dum cão.
O maroto do cão da minha vizinha foi deixar o serviço ao portão do meu vizinho que não tem cão. Perde o homem a compostura, há raios e coriscos e tribunais à mistura, estabelece-se a confusão. No calor da discussão, não vê o meu vizinho a aproximação dum camião que vem espalhando água e lama que cobrem o chão. Tem agora o meu vizinha o có-có ao portão e o fato que ficou em lastimoso estado de apresentação. Dão-se alvíssaras, dirigem-se à loja do cidadão.” Aqui não”, grita o chefão !. Corre o dia, o sol exausto vai-se chegando ao poente, há várias pastas com legislação em cima do balcão, mas nenhuma que contemple tal acção. Bem medidas as coisas, recomendou o chefão que para a próxima vez tivessem mais atenção, o homem com o camião e a minha vizinha com o cão. E é neste preciso momento que o cão alça a perna e faz longa mijadela no cadeirão do chefão..

Cansado, vencido, o chefão grita –Oh! não… senão ainda ponho as mãos no chão.

Beja, 2013..04.01 Manuel Dias Horta.

Share

Deixe Uma Resposta