Mar 03 2013

As surpresas de Alvito

Publicado por as 18:15 em autárquicas 2013,Crónicas

bisca lambida

“Por que razão é Alvito, um dos mais pequenos concelhos do País, tão importante para as contas de todos os partidos?”

Não tenho a certeza de que Alvito seja assim tão importante para as contas de todos os partidos, mas estando em jogo a eleição de um Presidente de Câmara é óbvio que, num universo tão pequeno como o do distrito de Beja., mais um ou menos um presidente pode tornar-se muito importante, pois na distribuição de cargos em organismos e associações regionais, esse “mais um ou menos um “ pode fazer pender a balança para um dos lados que, tradicionalmente disputam esses “cargos”.
O “caso” de Alvito está cheio de curiosidades, pois ali todas as contas podem sair “furadas” e a vitória ser obtida por outsiders, isto é, por independentes (2005). Também foi em Alvito que o PSD conseguiu, já por duas vezes, (1985 e 1989) conquistar o primeiro lugar. Num concelho tão pequeno como o de Alvito, os resultados das autárquicas deveriam ser alvo de um case study, isto é, tentar perceber-se, também de um ponto de vista sociológico, o que leva os eleitores a mudar de voto, por vezes radicalmente, de quatro em quatro anos. Obviamente que, como em todos meios muito pequenos, onde toda agente se conhece, Alvito também não foge ao tradicional “caciquismo”, onde determinadas famílias são quem mais ordena dentro dos Paços do Concelho. Qualquer alteração a este status quo pode levar alguns eleitores a abalar para outras cores. Em 2009 a CDU venceu com 11 votos de diferença do segundo (PS). Veremos se a conjuntura irá beneficiar, mais uma vez, a alternância. Jogo uma carta baixa (4 de ouros), para não correr riscos.
João Espinho
(no DA)

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4 Resposta a “As surpresas de Alvito”

  1. Maria vai com as outras diz:

    Não é necessário estudar o que quer que seja sobre Alvito, isto porque os seus habitantes sabem muito bem responder às questões aqui levantadas.
    E que têm a ver com um concelho que vive de e para os serviços, pois as actividades económicas foram desaparecendo com os anos. E as que existem são bem problemáticas, como a Pousada de Alvito que deve dar um prejuizo tramado, ou a unidade industrial que nos presenteia com aquele cheirinho maravilhoso.
    Todo o concelho com a famigerada Reforma da PAC foi transformado num misto de lar da terceira idade e empregos camarários, daí toda a agitação que surge nas autárquicas e as recorrentes mudanças nos elencos governativos.

  2. tigre alentejano diz:

    Alvito é o espelho económico do resto do distrito de Beja, possivelmente Odemira pode ter diferenças.
    Perda de população, esta envelhecida, actividade económica pouco significativa e dependente do poder politico, mau de mais, logo dependente dos nativos politicos.
    A continuar esta crise e o descredito politico, os movimentos apartidários podem restabelecer a verdade e correr com os clientelismos e terminar com o medo das pessoas.

  3. Manuel Maria Barroso diz:

    Caros amigos e amigas,
    Sou o candidato da coligação PSD/PP à Presidência da Câmara Municipal de Alvito nas próximas eleições autárquicas.
    Li com muita atenção, quer os textos de lançamento desta tertúlia escrita, quer os comentários que lhe sucederam. Agradeço a todos a iniciativa de comentar a historiografia eleitoral de Alvito. É oportuna e, com efeito, merece alguma reflexão.
    Além dos referidos aspectos de natureza sociodemográfica, aliás, comuns à generalidade das nossas vilas e aldeias alentejanas, o caso de Alvito exige alguma atenção, sob os mais variados pontos de vista.
    Com efeito, as dimensões física e humana do concelho de Alvito, embora relevantes, não se me afiguram como determinantes. Como se sabe, trata-se de uma área de 265,0 km2 com 2504 habitantes (dados de 2011),distribuídos por duas freguesias em número muito próximo (Alvito e Vila Nova da Baronia), o que equivale a uma densidade populacional de 9,45 hab/km2.
    Salvaguardadas as proporções dos valores globais, estes dados (na respectiva relação de conjunto), não me parecem significativamente diferentes de outros contextos demográficos do interior.
    Em todo o caso, a análise da variação dos resultados eleitorais no concelho de Alvito exige muito mais que uma apreciação de natureza demográfica (embora esta seja muito relevante).
    Trata-se de complexo universo multifactorial de explicação. Muito haveria para comentar a este propósito. Permitam que me reduza apenas ao factor “situação geográfica” e ao factor político.
    O concelho de Alvito, situado numa “esquina” do distrito de Beja, fronteira dos distritos de Setúbal e de Évora e, entre as duas cidades capitais de distrito – Évora e Beja, em muito pouco tem sido beneficiado por essas coordenadas geográficas. Como todos sabemos, por exemplo, aquando da definição do IP entre Beja e Évora, foi dado prioridade a um trajecto orograficamente muito mais complexo, longínquo e oneroso, por Vidigueira e Portel, em prejuízo do trajecto Cuba-Alvito-Viana do Alentejo.
    De igual forma, a relação com o limítrofe concelho de Ferreira do Alentejo tem funcionado tradicionalmente como um mero elemento cartográfico e sem que isso configurasse uma verdadeira relação de vizinhança cooperante entre estes dois municípios respectivas organizações e populações, mesmo se considerarmos que ambos partilham de um forte polo de apoio ao desenvolvimento agrícola – a barragem de Odivelas.
    Também, como se sabe, a situação geográfica de Alvito (concelho) face a Beja e a Évora acaba por não lhe conferir a condição de periferia dessas cidades (dormitório, tal como acontece com as povoações “satélites” das capitais alentejanas… todas elas!) e, por outro lado, não está a uma distância suficiente que tenha justificado (até agora) algum tipo de sub-centralidade de Alvito ou Vila Nova da Baronia, entre essas cidades.
    Este factor [geográfico] configurou, ao longo dos tempos, aquilo a que os demógrafos designam por “zona de repulsão demográfica” em contraposição com outras “zonas de atracção demográfica”, quer no contexto regional, quer no contexto nacional ou mesmo internacional (emigração interna e externa). Como se sabe, em especial a partir da década de 1960, houve um forte fluxo de emigração para regiões da área de Lisboa (a sul e a norte do Tejo), tal como evidenciam as estatísticas – o concelho de Alvito em 1960 tinha 4850 habitantes, o que se traduz numa densidade populacional = 18,32).
    Desde então, com uma leve alteração na década de 2000, a população do concelho de Alvito tem vindo sempre a diminuir.
    A tudo isto acresce o factor político. Com efeito, nem após a Revolução de 25 de Abril houve “engenho e arte” por parte do poder político central, regional e/ou local para travar este processo de despovoamento. De resto, esta “espiral recessiva” (tão em moda actualmente!) acabaria por ter um forte aliado predador do desenvolvimento local e da fixação e/ou manutenção das populações, na retirada em massa da actividade agrícola, hortícola e pecuária, as bases tradicionais e inculcadas nos processos produtivos convencionais.
    A tudo isto não é alheia a evolução do contexto político, neste caso específico, o regional e sub-regional. Todos sabemos o que se passou… (independentemente das interpretações político-partidárias de cada um de nós).
    Alvito variou na configuração político-partidária dos seus órgãos autárquicos, também, por força destes dois factores.
    Porém, a ser um município com as características geográficas que referi, nunca foi muito “absorvido” pela “massa ideológica” vigente no distrito de Beja. Como se sabe este sempre foi um concelho em que o Partido Comunista e seus aliados em coligação nunca tiveram grande força. Circunstancialmente, as últimas eleições foram ganhas pela CDU (tal como já tinha ocorrido anteriormente), com uma margem de votos diminuta e num contexto precedente em que não houve recandidatura do Movimento Independente (MI)
    Actualmente, assistimos a uma verdadeira e manifesta desgraça de natureza política [da exclusiva responsabilidade da CDU], isto é, a gestão municipal e das Juntas de Freguesia têm sido um desastre, assistindo-se a um progressivo definhar do bem-público local e a um descontentamento generalizado das populações, aliás, traduzido na não submissão (já expressa) ao veredicto popular do actual Presidente da Câmara [eleito pela CDU] nas próximas eleições autárquicas.
    Todavia, a máquina política da CDU continua insistindo em modelos reaccionariamente bolcheviques e hiperconservadores. O nível de caciquismo, próprio de organizações bafientas e do passado mais negativo da história da convivência humana está em marcha em Alvito e Vila Nova da Baronia.
    Estou disponível para o demonstrar!
    Face ao ímpeto da minha própria candidatura – onde estou objectivamente como um cidadão disponível, independente, sem qualquer vínculo partidário e onde apenas procuro ser um intérprete da vontade colectiva e consensual, para a aplicação das medidas necessárias ao desenvolvimento local e das condições de vida das pessoas – apressadamente o Partido Comunista, em sôfrego desespero, face ao inquestionável e mais que previsível desaire eleitoral que se colocaria, caso houvesse a recandidatura do actual Presidente da Câmara, procurou (e conseguiu) demover o actual Presidente da Junta de Freguesia de Alvito (pela CDU), à data disponibilizado e já contratado para ser o candidato à Presidência da Câmara Municipal pelo PS.
    Esta foi a estratégia da CDU para tentar (em vão, como se verá!) renovar as cores da CDU no Município de Alvito. E, a todo este folhetim, o PS acabou por assistir e nada fazer… nem sequer denunciar publicamente esse “roubo” do seu candidato já “contratado”, à data.
    Como se sabe, o actual Presidência da Câmara Municipal já anunciou que vai iniciar o seu próprio processo de “emigração” política para Viana do Alentejo, não querendo correr o risco de ter de explicar a derrota que sabe que teria em Alvito. Aliás, é pública a não anuência (ou melhor, desconformidade) da CDU, relativamente à recandidatura do actual Presidente da Câmara Municipal de Alvito.
    Por outro lado, o meu opositor da CDU (o actual Presidente da Junta de Freguesia de Alvito), se assim entender, deveria explicar a razão de ter “borregado” da candidatura em que se tinha comprometido pelo PS e a consequente re-adesão à CDU e, depois, deveria explicar e/ou justificar as múltiplas situações de incapacidade política e administrativa que estão bem visíveis em Alvito, enquanto actual Presidente da Junta de Freguesia de Alvito…. E são muitas! A título de exemplo, veja-se como é lamentável que tenha deixado degradar o espaço das grutas, conhecidas por “Buraco das Pedreiras” (únicas), fazendo perigar a segurança das pessoas e , inclusivamente, podendo evoluir para o colapso de um monumento (Igreja de S. Sebastião). Embora seja um dado curricular, de menor relevância para o debate politico, sublinha-se o facto de o actual Presidente da Junta de Freguesia de Alvito ter obrigação de saber do que se trata – ele é, por mérito próprio, Mestre em História. Trata-se aqui de uma matéria afim à incapacidade executiva na Junta de Freguesia e não o espelhar de méritos académicos, que sublinho, tem.
    Estes são alguns dos múltiplos factores (entre muitos, mesmo muitos!) que estiveram na base da minha disponibilidade para assumir a liderança de um projecto, que pretendo de construção participada e que resulte de consensos de todo o tipo.
    Acredito que o processo democrático e da legitimidade se possam sobrepor a alguns mecanismos propagandísticos que se começam a difundir em Alvito e Vila Nova da Baronia. Estou disponível para os denunciar de forma veemente, através dos legítimos meios.
    Espero que esta determinação e assertividade em prol do desenvolvimento, da empregabilidade e da melhoria das condições gerais de vida das nossas gentes, permitam estabilizar essa tradicional variação na liderança política dos órgãos autárquicos do concelho de Alvito?
    Deixo aqui o atalho para a minha página pessoal do Facebook da candidatura:
    http://www.facebook.com/photo.php?fbid=147961045368103&set=a.115765295254345.24374.100004626246121&type=1&theater&notif_t=like#!/pages/Candidatura-%C3%A0-Presid%C3%AAncia-da-C%C3%A2mara-Municipal-de-Alvito-Manuel-M%C2%AA-Barroso/405803336155661
    Por isso aqui estou para mudar! Como está, não obrigado.

    Alvito e Vila Nova da Baronia são terras e gentes com futuro.

  4. Anónimo da Silva diz:

    Caro Manuel Maria, folgo de te ver tão entusiasmado neste projecto em que agora te envolveste.
    Fui dar uma olhadela à tua página do Facebook e não me desiludiste. Antes pelo contrário.
    Embora o que mais gostasse foi da tua sala de estar, sobretudo dos quadros, que revelam não só o teu nivel cultural, como uma sensibilidade artistica especial que sempre te reconheci.

    Gostaria no entanto de te alertar para dois pormenores.
    O primeiro é pedir-te para nunca falares em público de improviso, mesmo com as ideias alinhadas. Foi o que fez Sá Carneiro, entre outros, por vezes com maus resultados. Prepara bem os textos e revê-os antes de falares em público.
    O segundo é alertar-te para o facto de não terem sido só os elencos da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia de Alvito os únicos culpados pelo estado de degradação acentuada a que chegou a vila de Alvito e que tu muito bem denuncias. Foi também a sua população e sobretudo o desleixo, o imobilismo e o não te mexas ou não me chateis do funcionalismo camarário que se está nas tintas para tudo. Que inclusivé conseguiram impôr ao atual Presidente da Câmara o horário de trabalho de verão durante o resto do ano.
    Pelo que se porventura alguém quizer alterar este status squo, de imediato é posto de ponta, e nas próximas eleições votam no candidato que mais condições tenha para derrotar quem queira alterar o atual estado das coisas. Daí que pelo número de funcionários e respectivos familiares no contexto dos potenciais votantes, se continuas com este discurso de certeza que perdes as eleições.

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