Mai 07 2010

RI3 – Entrevista com o Coronel Figueiredo

Publicado por as 12:00 em A minha cidade

1 – Se tivesse que explicar a alguém, num único parágrafo, o que é que o RI3 comemora em 11 de Maio, o que é que escreveria ou diria?
A 11 de Maio o RI 3 comemora o seu Dia da Unidade, momento de exaltação da sua História e dos feitos valorosos que marcam 2 séculos de vida do Regimento, momento de balanço das actividades realizadas ao longo de um ano e também momento de encontro com a Cidade de Beja que nos acolhe e com as suas gentes que tanto nos estimam.

2 – Sabe quantos homens e mulheres já passaram, ao longo dos tempos, pelo aquartelamento do Vale do Aguilhão? Agora dou-lhe 3 parágrafos, para nos relatar episódios ou factos que considere relevantes na vida deste quartel.
Essa pergunta obriga a recuar até aos tempos dos antigos RI 3, 16 e 17 e mais recentemente, ao conhecido Regimento de Infantaria de Beja, dos quais herdámos a tradição de sermos o “Regimento de Infantaria do Baixo Alentejo”, e por onde passaram milhares de homens que acrescentaram ao nosso Estandarte Nacional a medalha de ouro de valor militar e as duas cruzes de guerra, ganhas durante a IGM, uma nas campanhas de França e a outra nos combates de Môngua, em Angola além da medalha de serviços distintos e a medalha de ouro da Cidade.
E a esses, teríamos que somar as forças do Batalhão Além-Tejo que estiveram na India, até 1961, bem como as cerca de 2 centenas de Sub Unidades, desde Pelotões Independentes a Batalhões, que aqui no RI 3 foram aprontadas para os teatros de operações de Angola, Guiné, Moçambique e ainda para Cabo verde, S. Tomé e Príncipe, Macau e Timor ou mais recentemente, as forças dos contingentes integrados em forças multinacionais, em missões humanitárias ou de apoio à paz, no quadro da ONU ou da NATO, como foi o caso dos Batalhões que realizaram a missão na Bósnia, Afeganistão e no ano transacto a força da UNENG6 com destino ao teatro de operações do Líbano além dos 3 militares que este ano temos integrados em missões da NATO no Kosovo e Bósnia.
Deste Alentejo e deste seu Regimento, milhares de homens e mulheres partiram para os 5 cantos do mundo servindo uma bandeira, uma causa, um País, uma Nação, numa obra que continua a ser escrita todos os dias, que continua a ter nos seus cidadãos fardados os seus melhores escritores e que tem a sua mais alta expressão na condição de Ser Militar, gesta que o Soldado da Infantaria do Baixo Alentejo e Soldado de Portugal interpreta com simplicidade elevada e com temperamento de sacrifício, talhados, ambos, nos combates da vida quotidiana.

3 – “Conduta brava e em tudo distinta” é a divisa que ostenta o Regimento que comanda. Não o incomoda comandar sob um lema resultante das guerras napoleónicas? Se pudesse, escolheria um outro lema, por exemplo, de um poeta português?
O lema do RI 3 pretende ilustrar o feito da Batalha de Grijó, travada em 11 de Maio de 1809, onde o 1º Batalhão do RI 16, do qual somos herdeiros, recebeu um elogio pela “conduta brava e em tudo distinta”, pela forma como se comportou durante as invasões francesas e transcrito na Ordem do Dia de 27 de Maio do Marechal Beresford. Mas importa lembrar que o combate foi travado em solo pátrio e a conduta do 16 foi enaltecida não só pela defesa conduzida pelas tropas portuguesas em inferioridade numérica mas também pela perseguição e desgaste que o Regimento infligiu aos franceses. Essa coragem dos Alentejanos que acorreram em defesa do Norte, situação poucas vezes repetida na História da Pátria também resultou da invulgar capacidade de liderança do Coronel Luís Machado de Mendonça que, na 1ª linha de combate, exortou os seus homens ao cumprimento da missão dizendo, e passo a citar: “ (…) é chegada a ocasião de mostrar a vossa coragem e patriotismo, vale mais morrer no combate que deixarmo-nos vencer pelo inimigo: eu marcharei na vossa frente, segui-me: se virdes que me retiro do fogo inimigo, matai-me!”
Este exemplo tipificado em lema, que historicamente se sucedeu a outros como “Ao Valor do 1º Regimento de Olivença” ou ao “Dulce et decorum est pro patria mori” só nos exorta a fazer cada dia mais e melhor, com a mesma determinação que também o Lidador, outra figura histórica desta cidade de Pax Julia, o fez. Portanto, como a força não provém só da capacidade física mas muito da vontade férrea creio ser o lema ajustado e nós, os militares do RI 3, procuramos diariamente ter essa vontade de servir a Nação com coragem e distinção.

4 – O Quartel de Beja – é assim que é conhecido – pertence à cidade. Acha que a cidade de Beja reconhece o trabalho que os/as militares do RI3 desenvolvem no seu dia-a-dia?
A resposta a essa pergunta está contida na própria questão. Diz-me a minha experiência de Soldado já meio gasto que se há locais onde o Regimento é da Cidade então Beja é sem dúvida nenhuma o local onde encontrei esse sentimento mais enraizado. Não apenas ao nível institucional onde isso permite criar sinergias de grande partilha mas até no cidadão anónimo onde o sorriso de estima pela farda se faz sentir com muita honestidade.

5 – Complete a frase: “Ser (ter sido) militar no RI3 é…………”
Ser militar no RI 3 é… ter bom gosto!

6 – Sabemos que está quase de saída.
a) Que recordações leva desta cidade?

Todas quantas se podem observar da Torre de Menagem do Castelo de Beja. Os aromas e as cores do Alentejo, o tempo de ter tempo de apreciar a vida, a gastronomia e os vinhos de excepção, a afabilidade das gentes, os momentos de fim de tarde nas herdades, o apreço das instituições e a dedicação única dos militares e civis que tive a sorte de comandar. Sairei do Alentejo mas o Alentejo já faz parte da bagagem que transporto.

b) Foi bem tratado?
Pedir mais é pedir o impossível!

c) Era capaz de “mudar de nacionalidade” e tornar-se alentejano? Porquê?
Não se nasce alentejano, tal como não se nasce beirão… aprende-se a gostar do Alentejo de forma simples e natural mas procuro ser sobretudo Português de alma e coração.

7 – Uma última questão, onde não se exige, na resposta, a veracidade patente nas anteriores:
a) Lê os blogs aqui da terra? Se sim, desminta que o Praça da República foi o seu primeiro contacto com a blogosfera bejense.

Já antes de vir para Beja o Praça fazia parte da minha lista dos favoritos e sou consumidor diário da blogosfera local onde também há muito “ruído” mas é uma forma de perceber a cidade. Uso as redes sociais quer em termos pessoais quer em termos institucionais. Podia viver sem isso… pois podia, mas não era a mesma coisa e por isso o Praça da República continuará a ser a minha ligação a Beja!

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3 Resposta a “RI3 – Entrevista com o Coronel Figueiredo”

  1. Tweets that mention Praça da República » RI3 – Entrevista com o Coronel Figueiredo -- Topsy.com diz:

    […] This post was mentioned on Twitter by João Espinho. João Espinho said: RI3 – Entrevista com o Coronel Figueiredo http://goo.gl/fb/5QrnW #aminhacidade […]

  2. Celso Pereira diz:

    Parabéns Coronel Fernando Figueiredo.

    Cumpts,

    Celso Pereira

  3. Victor diz:

    Parabens,

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