Out 06 2009

Autárquicas 2009 – Beja – Entrevista com o candidato Pires dos Reis

Publicado por as 10:00 em Geral

José Pires dos Reis é o candidato do PSD à Câmara Municipal de Beja.

(entrevista igualmente publicada no “Eleições2009“)


foto: José Tomé – Correio Alentejo

1 – Não receia que uma forte bipolarização PS/PCP, na votação do próximo dia 11 de Outubro, venha a retirar votos ao PSD, por via do voto útil?
Pires dos Reis – Claro que esta possibilidade existe. Para muitos eleitores o que está em causa, acima de tudo, não é eleger quem quer que seja, em concreto, mas sim retirar a CDU do poder. Acredito que até alguns eleitores da CDU optem por votar noutro partido, de tão desiludidos que estão com o seu. No entanto a questão do voto útil não explica tudo. As eleições autárquicas também são muito afectadas por outros factores, directamente relacionados com as características dos próprios cabeças de lista. Nesta perspectiva, após os diversos debates, entrevistas e contacto directo com a população conclui que, se por um lado o PSD poderá perder votos por essa via, por outro também será provável que venha a obter votos que normalmente não teria. Resta saber qual o lado da balança que mais peso terá.

2 – Explique melhor a ideia de levar para o bairro “Colina do Carmo” os indivíduos de etnia cigana residentes na Rua da Lavoura.
Pires dos Reis – Eu defendi, e defendo, uma requalificação urgente da Rua da Lavoura, cuja área é predominantemente comercial e representa a via de acesso à nossa cidade com aspecto mais degradado. Apesar de tal realidade, a nossa Câmara tem insistido em ali instalar (diria, despejar) famílias, em situações bastante complicadas, quando isso não representa uma solução, em sentido algum, mas antes um acréscimo dos problemas que são do conhecimento geral. No que respeita ao empreendimento “Colina do Carmo” apresentei-o como uma hipótese de realojamento, já que a CMB se comprometeu a adquirir até 30 fogos (caso não fosse concretizada a sua venda a terceiros) o que me parece ser uma realidade num curto espaço de tempo. Tal facto representará um esforço adicional para o erário público, que deve ter alguma utilidade. No entanto, embora a intervenção na Rua da Lavoura seja, para mim, inquestionável, garanto que a resolução da vertente social deverá ser bem avaliada por técnicos da área (que não é a minha) tendo também em atenção todos os visados por tal medida.

3 – Tem sido referido como o candidato mais bem preparado para discutir os aspectos orçamentais da Câmara Municipal de Beja. Qual é, afinal, o estado das finanças municipais? Foram-lhe facultados todos os elementos ou, pelo contrário, pensa haver alguns aspectos ocultos ou mal esclarecidos?
Pires dos Reis – Sem entrar por questões muito técnicas, considero muito preocupante o nível de endividamento da CMB, sem esquecer que o mesmo se agravará, substancialmente, até ao final deste ano, principalmente na vertente das dívidas de curto prazo, por serviços já contratados. Tal facto poderá dificultar bastante o trabalho de quem vencer as próximas eleições. Nesta perspectiva, na qualidade de membro da Assembleia Municipal, procurei solicitar ao executivo diversa informação, incluindo uma relação entre o orçamentado e aquilo que foi a realidade da execução orçamental de cada ano, sem ter obtido qualquer informação que eu considerasse aceitável. Note-se que nem o Orçamento de 2009 ainda se encontra disponível na página da CMB [veja, a respeito disto, o que menciona o art.º 49 da Lei 2/2007] quando eu, no início de Setembro, até o solicitei, pessoalmente, ao Sr. Presidente da Câmara. Neste contexto, as minhas dúvidas são muitas. Certezas só as terei se me for possível conferir, pessoalmente, as contas.

4 – Considera que ainda é possível revitalizar a cidade? Como?
Pires dos Reis – O nosso Concelho apresenta problemas estruturais graves, que não são apenas reflexo da actual crise mas sim duma falta de visão estratégica da CMB, ao longo de décadas. Estou a falar do envelhecimento da população, da falta de dinamismo empresarial, do facto dos jovens terem necessidade de procurar emprego noutras regiões, do baixo rendimento per-capita, da difculdade em criarmos riqueza, empregos (sem ser na CMB), etc, etc. Recuperarmos esse atraso não é impossível mas cada dia que passa é mais um dia perdido. Como fazer? Adoptando uma nova postura que atraia investimento útil, apoiando o comércio tradicional, promovendo a marca Alentejo, ajudando e incentivando os jovens e os desempregados a obterem apoios para criarem o seu próprio posto de trabalho, dando prioridade máxima à aquisição de bens e serviços no nosso concelho, estabelecendo prioridades nos gastos, direccionando uma parte do orçamento anual para o desenvolvimento económico, procurando pagar a tempo e horas aos fornecedores, etc, etc.

5 – Se for eleito Presidente, qual a primeira medida que irá tomar?
Pires dos Reis – Avaliar pessoalmente e de forma concreta, a situação “real” das finanças da câmara, avaliando a hipotética possibilidade de existirem fornecedores que já forneceram bens e serviços à CMB e que, a seu pedido, ainda não emitiram a respectiva factura, não sendo considerados para o endividamento. É que do conhecimento de tal realidade depende todo o trabalho posterior, em qualquer das suas vertentes. Quem não conhece, com rigor, o que tem e o que deve, não consegue definir, em consciência, quais as medidas a adoptar depois.

6 – Diga aos bejenses aquilo que ainda não teve oportunidade de dizer (porque não lhe perguntaram nos debates e entrevistas).
Pires dos Reis
– Há forças políticas que são adversas ao desenvolvimento, porque o desenvolvimento é a semente da sua própria morte. Pense nisso…

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7 Resposta a “Autárquicas 2009 – Beja – Entrevista com o candidato Pires dos Reis”

  1. jony diz:

    Quanto ao PCP ser contra o desenvolvimento, apenas deixo uma pergunta aos candidatos do PSD.
    – Se o PCP é tão mau em termos de desenvolvimento, porque é que o norte do país não é comparável à Alemanha? com a maioria das câmaras e juntas cor de laranja.
    As câmaras PCP/CDU são das mais bem geridas e com maiores graus de desenvolvimento, não sendo o desenvolvimento apenas números, porque o desenvolvimento faz-se com as pessoas para as pessoas.

  2. Nuno diz:

    @jony
    Braga, Porto, Guimarães, Viana do Castelo, Matosinhos, Vila Nova de Famalico, etc. são um exemplo de desenvolvimento em comparação com Beja. Mais ainda… Mesmo Évora desenvolveu mais graças ao PS (e não ao PCP). Setúbal e Barreiro (terras tradicionalmente vermelhas e com martelos e foices em riste) continuam pobres. E nós, enfim, continuamos a viver sob o regime estalinista. Viva a Revolução de Outubro de 1917! Igualdade para todos, pobreza para todos! Viva!!!

    Adenda:
    Já agora, a Alemanha é tão desenvolvida graças às políticas de direita (Já esqueceste de Helmut Kohl e Adenauer???). Não é por acaso que o actual Governo eleito é conservador-liberal e consegue ter, concomitantemente, um dos melhores sistemas sociais. Por isso, a tua comparação acabou por ser um tiro pela culatra.

  3. jony diz:

    Venha para Beja o Tim de Rãs, e vamos entrar na senda do futuro.
    Vai enfiar os dedos nos olhos de quem quiseres, porque aqui, não.
    Por acaso não fui feliz ao escolher a Alemanha, mas nos país do tio Sam, governado ou por conservadores, ora por liberais, nota-se o bom que é o sistema social. Vê-se nas manifs anti-Obama, o quão eles pensam no social.
    Por outro lado, as pessoas que trabalham nas zonas do país que falas, devem ser muito felizes, trabalhando em garagens a fazer camisolas, crianças a trabalhar nas fábricas de sapatos, despedidos quando os patrões lhes dão na telha, a ganharem 350 ou 400 euros, é uma felicidade sem limites. É essa a riqueza que queres para Beja?

  4. isabel de brito diz:

    Parabéns por esta sua iniciativa de entrevistar os candidatos às autárquicas. Presta-nos um verdadeiro serviço público. Obrigada.

  5. Nuno diz:

    O que eu quero para Beja é um comércio mais dinâmico, empresas cada vez mais inovadoras e competitivas, atrair mais investimento, fomentar o empreedorismo, revitalizar o centro histórico, incutir uma relação mais coesa entre o Politécnico, a Câmara e as empresas e instituições locais, desenvolver uma preocupação especial em relação aos produtos regionais (vinho, azeite, produtos frutícolas, lacticínios, etc.) e ao crescente desenvolvimento turístico, promover a cultura regional etc. etc. etc.

    Adenda: Eu não quero igualdade para todos, mas sim igualdade de oportunidades para todos. É isso que me distingue dos comunistas. Acredito numa sociedade de mérito e com justiça social.

    Adenda 2: Jogas no Euromilhões?

  6. Madalena diz:

    O semanário SOL na pág. 12 apresenta um estudo intitulado “Vive-se bem em Portugal”.
    É a conclusão do estudo nacional que avalia a Qualidade de Vida nos Municípios.
    A cidade de BEJA aparece entre “os melhores municípios para viver.
    Angra do Heroísmo; Portimão, Albufeira; S. João da Madeira; Funchal; Beja; Bragança; Cartaxo; Covilhã; Estremoz; Figueira da Foz; Grândola; Guarda; Leiria; Lisboa; Odivelas; Portalegre; Porto; Santo Tirso; Vila Real.
    Este ano, Évora é um dos concelhos que se junta aos participantes.
    Então, meus amigos, estão espantados? Pois eu não estou.
    Beja, é uma cidade com qualidade de vida, em termos de: Identidade, Cultura e Lazer; Acessibilidades e Transportes; Turismo; Diversidade e Tolerância; Felicidade; Saúde; Economia e Emprego; Ensino e Formação; Urbanismo e Habitação; Ambiente.
    Francisco Santos é sem dúvidas um grande Homem, e um Grande Presidente.

  7. Madalena diz:

    @Nuno,
    A diferença entre a tua ideologia e a minha, és somente tu que a estás a fazer.
    Eu sou comunista e defendo precisamente aquilo que tu referiste.
    Essa questão da “igualdade para todos” foste tu que a acabaste de inventar, defendo a oportunidade de igualdades para todos, pois sei perfeitamente que nem todos poderão ter o mesmo, ou porque são mais gastadores, ou menos gastadores, ou porque têm trabalhos diversos e têm vencimentos diferenciados, ou porque há mais filhos, ou menos; são tudo motivos para que que cada um viva de forma desigual de outro.
    Agora, as oportunidades para estudar, ter acesso à saúde, à educação, ao emprego, às carreiras nos empregos, à velhice digna; penso que são premissas de que qualquer partido democrático não pode abdicar.
    As nossas diferenças deverão ser mais, em termos de estatal/privado.
    Eu defendo o privado, sempre que exista obrigatóriamente estatal; por ex: pode e deve existir um hospital privado em Beja, no entanto tem que continuar a existir o estatal; porque só desta forma, todos têm direito à saúde. O mesmo acontece com o ensino.
    Se apenas existissem escolas privadas, neste momento não teriamos ensino superior em Beja. Já pensaste nesta evidencia.
    Eu respeito ideias diferentes da minha, penso é que não têm existido grandes hipóteses de se falar assim.

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