Ismael Pimentel é o candidato do CDS-PP à Câmara Municipal de Beja.

(entrevista igualmente publicada no “Eleições 2009“)

1 – O CDS-PP é um partido com reduzida expressão em Beja, tendo obtido em 2005 cerca de 180 votos (1,03%). O que o levou a aceitar este desafio de se candidatar numa terra que não é a sua? Não se sente um para-quedista?

Ismael Pimentel – Entre 1995 e 1999, enquanto deputado nacional fui o responsavel político do Distrito de Beja. Criei ligações, criei amizades, liguei-me para sempre ao Alentejo e a este Distrito.
Desde 2001, que tenho também residência no Distrito, no Alvito, e desde essa altura que mantenho um contacto e uma atenção permanente com Beja. Fui convidado pelas estruturas locais do partido ou seja por gente de Beja. Não sou funcionário do partido nem tenho qualquer cargo político remunerado. Sou um pequeno empresário, mas quero permanentemente pôr em prática a defesa dos princípios e valores em que acredito. Gosto do meu partido, o CDS/PP, acredito em Beja, sou um apaixonado pelo Alentejo e amo o meu País.
Vim de novo e vim para ficar!
O Alentejo, o concelho de Beja, necessita ardentemente de que quem cá está não vá embora, de que quem quer vir, por cá fique e de quem ainda não nos descobriu na nossa genuinidade, nos descubra e venha.
Não, não me sinto um paraquedista!

2 – Que diagnóstico faz à actual situação da cidade e do concelho? Que opinião tem sobre o desempenho, de mais de três décadas, dos executivos comunistas no município de Beja?
Ismael Pimentel – Beja não está bem!
Vivemos momentos dificeis no País, que são consideravelmente mais graves na nossa cidade.
Hoje já temos realidades de fome no nosso concelho. A taxa de desemprego é das mais altas de Portugal. O investimento ou não existe ou é tão timido, que se não dá por ele.
A higiene urbana degradou-se. A agricultura não é apoiada e os agricultores são esquecidos, enfim, e mais uma série de razões poderia referir para não me sentir conformado com a realidade de Beja e ter a coragem de ficar comodamente a assistir sem nada fazer por esta região e por esta cidade.
Decidi que não! Na primeira hora que as gentes de Beja fizeram o favor de me convidar para protagonizar esta candidatura, disse que sim e aqui estou!
Poderia falar sobre o desempenho passado dos executivos comunistas dos últimos trinta anos, mas não vou perder tempo com um passado que muitos já esqueceram e que muitos outros querem esquecer. Vou falar de futuro!
A população de Beja, nunca até hoje, nem a mim nem ao meu partido, deu a possibilidade de sermos parte activa na governação desta cidade.
Muito foi feito de bom, muito, mesmo muito foi feito de mal, mas, nem eu nem o meu partido alguma vez participámos nem do que de bom foi feito nem do que de mau se foi fazendo.
Queremos agora pedir essa oportunidade!
Queremos mostrar o que valemos!
Queremos levar para a governação da Câmara de Beja um novo fôlego, novas propostas, mais dinamismo, maior vigor e maior capacidade de reivindicação junto do Poder Central, queremos em suma, melhorar a govrnação de Beja.

3 – O que é que Beja não tem para ser considerada uma verdadeira capital de Distrito?
Ismael Pimentel – Hoje, amanhã, não será possivel governar uma câmara dentro dos seus gabinetes. Um presidente de câmara é a autoridade máxima de um concelho e assim, e em conformidade com o estatuto e com as suas responsabilidades, deve agir. “À mulher de César não basta sê-lo, é preciso parecê-lo”.
Tenho defendido para a Câmara Municipal de Beja um governo transversal, transversal com os outros concelhos do Distrito. Porque somos capital desse mesmo distrito, mas também porque temos de liderar a governação deste concelho numa prespectiva de que somos efectivamente a capital do mesmo.
O meu lema e o lema da minha campanha é “Vamos Devolver o Orgulho a Beja”, e vamos, vamos ser efectivamente a capital do Distrito e vamos ser mais e mais ambiciosos, vamos lutar, trabalhar e essencialmente provar que podemos ser a verdadeira capital do Alentejo.
Vamos recuperar a influência política e administrativa de Beja, perdida para outros concelhos nomeadamente para Évora.
Vamos reivindicar junto do Poder Central os direitos que são nossos e que tantas mas tantas vezes nos têm sido subtraidos consentidamente por tantos dos nossos políticos.

4 – Receia que uma forte bipolarização PS/PCP possa vir a esvaziar ainda mais o número de eleitores do CDS no concelho de Beja?
Ismael Pimentel – A bipolarização não me preocupa nem é uma realidade ajustavel aos verdadeiros problemas de Beja. Nenhum partido tem em si os princípios e os valores defendidos pelo CDS/PP.
Somos um partido comprovadamente personalista, temos acima de tudo a defesa da pessoa humana e de tudo o que ela comporta.
Queremos devolver o orgulho a Beja, mas também queremos devolver o orgulho às populações de serem de Beja, de viverem num concelho que as respeita e que as valoriza, que as protege, que as apoia, que lhes dá valor e que as quer activas, que se sintam parte activa desta cidade e que sintam de uma forma natural e genuina, que fazem parte integrante desta cidade, deste concelho, desta região, do nosso Alentejo.

5 – Se fosse eleito Presidente, coisa que já disse não acreditar, qual seria a primeira medida que tomaria?
Ismael Pimentel – Quando for eleito vereador, a primeira medida que tomarei é despir a camisola partidária, convidar os eleitos dos outros partdos que procedam da mesma maneira, vestir a camisola de Beja e pedir que os outros eleitos assim procedam e em conjunto trabalharmos afincadamente com a camisola deste concelho, desta cidade e deste distrito.

6 – Diga aos bejenses aquilo que ainda não teve oportunidade de dizer (porque ainda não lhe perguntaram nas entrevistas e debates).
Ismael Pimentel – Quero dizer aos bejenses, que venho de novo mas que vim para ficar! Que fui chamado pelas gentes de Beja e que isso me encheu de orgulho!
Que desejo, que pela primeira vez exista na Câmara Municipal de Beja uma verdadeira oposição construtiva, que exista uma força política que se não lembra do que está mal feito apenas na vespera das eleições. Una boa e eficienta oposição, garantirá certamente um menos mau ou um melhor exercício do poder.
Que se lembrem que nunca colaborei no que de mau ou bom foi feito pela governação da câmara, mas que me permitam desta vez, levar uma nova voz, novas ideias, maior dinâmica, mais trabalho, que me deixem dar “uma pedrada no charco”, “separar as águas”, que me deixem mostrar o que posso valer e que me julguem daqui por quatro anos. Se fizer bem, reforcem-me o poder. Se fizer mal, mandem-me embora.
No dia 11 de Outubro, acatarei disciplinadamente as indicações da população de Beja! Acredito numa vitória!