(escrito no Eleições2009)

Obrigar as candidaturas às europeias a discutir exclusivamente assuntos da Europa e sobre o papel de Portugal na mesma, afasta a participação dos cidadãos e provoca o desinteresse da população em geral. Há, no nosso País, a ideia de que aquela coisa do Parlamento Europeu e de Bruxelas é só para uma reduzida elite, gente fina a auferir chorudos vencimentos.
Por outro lado, há quem aproveite as europeias para mostrar cartão ao Governo do seu país. Por isso, as oposições preferem discutir os temas nacionais, aqueles que afectam directamente os portugueses, tentando assim que o cartão seja o mais próximo possível da cor vermelha.

O ano de 2009 tem, porém, três ocasiões em que os portugueses poderão fazer uso dessa regra da arbitragem futebolística. Sendo certo que as autárquicas têm uma outra dimensão, elas também servem para penalizar os Governos.
O PSD – e falo do PSD por ser um Partido com aspirações à governação – está numa encruzilhada cujo desfecho se antevê. Trazendo para as europeias os males da governação, chegará às legislativas com um discurso gasto e cansado. É verdade que poderá atrair mais 2 ou 3% de eleitores e sair como partido vencedor das europeias. Também é possível – previsível – que vença as autárquicas. Mas o PSD não pode esquecer que, em eleições, a acumulação de dois cartões amarelos não significa a expulsão automática (cartão vermelho) do adversário (PS).
É um pau de dois bicos. Que o PSD terá que gerir com muitas cautelas. Sob pena de ter que mudar, mais uma vez, de treinador.