Mar 10 2009
Semente do desejo
Há
(sinto-o)
Um batimento crescente,
Cada vez mais forte,
A ecoar nas paredes desta muralha
Na minha transformada redoma
Onde só eu
E os meus sonhos
Habitamos serenamente.
Há
(ouço-o)
Um constante tremor
À volta do meu muro
Como se alguém tentasse desconstruí-lo,
Tijolo a tijolo,
Deixando que entre os grãos de areia
Se façam espreitar raios de luz
Que lutam por abraçar
O único sobrevivente das minhas fantasias.
Há
(sei-o)
Um pulsar a agitar esta minha meia-luz
Erguida telha a telha
Onde renasço desvairado nas noites inundadas de luar
E me alberga
Em madrugadas desventradas
Pelo absinto das palavras que escrevo
E proclamo.
Há
(pressinto-o)
Um apetite de paixão que inflama
Os campos onde me abrigo
E onde as estrelas
São as gavetas dos meus espelhos.
Há
(conheço-a)
Esta semente de desejo.
13 de Março de 2009 às 1:11
Muito bom!
Um abraço.
15 de Março de 2009 às 3:00
“apetite de paixão que inflama”
29 de Abril de 2009 às 0:06
João,
Descobri hoje este teu cantinho das “intimidades” e fiquei maravilhada!
O sentimento, a emoção, a transparência que colocas nas tuas palavras, dão-lhes uma vida própria, que se transmite a quem os lê.
É assim que os vejo, pelo menos! Que bem que “te escreves”! E é uma emoção ler-te!
Escolhi este para comentar, porque de certa forma me revi nele.
Bj