Mar 14 2009

Célia -59-

Publicado por as 12:30 em Célia

Ao meter a chave na porta percebi que Mariana não saíra. A luz e o som que inundavam a casa eram a sua marca. Entrei, jogando as chaves para cima da mesa com a mesma força com que me lancei no sofá. Lembro-me de Mariana a soletrar as palavras que a música ditava. Leste a mensagem? e eu a pensar em que mensagem, qual das últimas palavras fazia sentido naquele momento, submerso como estava nas certezas das últimas horas. Voltei a consultar o que me diziam todos aqueles verbos que bloqueavam o meu telemóvel. Lidos, relidos, não vi qual deles poderia ser uma luz para desenterrar o meu afundamento.
Reenvio-te, já que não sabes do que estás à procura – era Mariana a tornar-se cúmplice de uma indesejável situação. Pedi-lhe para me ler o que eu ia receber. Lê, e tenta perceber. A mensagem reenviada deixou-me ainda mais perplexo. Recordo-me de a haver lido, mas agora recebia-a de Mariana. Ambas haviam, percebi, trocado mensagens.
És capaz de responder ao desafio “e se deixássemos de fugir de nós?”
Levantei-me, pus a tocar a música que me apetecia naquele momento, apaguei as mensagens que entupiam o meu telemóvel e, já estiraçado de novo no sofá, não resisti ao beijo que Mariana me oferecia.

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