Mar 06 2009
Correio do leitor
De Tiago Baptista, publica-se missiva recebida:
Tenho 28 anos, sou licenciado em Engenharia Informática e trabalho em Lisboa.
No passado dia 24 de Fevereiro, dia de Carnaval, fui a Beja de passeio, fugindo aos Carnavais que deambulavam pelo país fora. Almocei na Vidigueira, vinha com referência de um bom restaurante, mas não dei com ele. Comi bem à mesma. Queria aproveitar a tarde para visitar a capital de distrito que nunca tinha tido anteriormente oportunidade de visitar.
Como disse em e-mail que escrevi para a Câmara Municipal de Beja e ao Governador Civil, tão depressa não devo voltar. Já o meu pai fez tropa em Beja durante 9 meses e disse-me que nunca tinha visto nada de jeito, portanto e infelizmente, é preciso provavelmente Jesus descer à Terra novamente para Beja ser uma verdadeira cidade. Para mim, é uma aldeia grande.
Aliás, da minha experiência de vida, eu que já tive a oportunidade de fazer Erasmus em Itália e vi a realidade de um outro país com mais atenção, posso afirmar com todas as letras que Portugal só tem 2 cidades, Lisboa e Porto. Existem muitas outras é óbvio, mas não há comparação possível sob muitos pontos de vista, a maior parte delas são aldeias grandes. Aliás, basta pensar que a Amadora é a 3ª cidade do país e é um dormitório!
A minha crítica dirije-se fundamentalmente aos ex-libris da cidade, o Castelo e a sua Torre de Menagem, que são praticamente as únicas obras arquitectónicas a visitar e onde me deparei com o fecho de ambos a horas totalmente inadmíssiveis. Foi-me dito, pela pessoa que é responsável pelo Castelo, eram 16h00, que o Castelo estava a fechar, pois sendo horário de Inverno fecha àquela hora. Por curiosidade ainda indaguei a que horas fecharia a Torre cuja resposta foi 15h30, é o horário de Inverno. É admissível que fechem a visita à Torre às 15h30 e o Castelo às 16h00?? Uma capital de distrito?! Fez-me muita confusão. O próprio posto de turismo no centro histórico estava também fechado. Aliás, tudo às moscas. Carnaval só em Cuba!
Deixo também uma forte crítica ao estado de limpeza da cidade. Junto à entrada do Castelo e ao busto do poeta Mário Beirão o lixo e os dejectos eram abundantes. A própria cidade em si não é apelativa, pois o Centro Histórico não está preservado e, como disse, tudo vazio. Aquela rua principal da baixa, pedonal, que vai daquela praça central até ao largo onde está a Pousada que parece ser mais interessante, está muito velha, parada, vê-se pelas próprias lojas, pelos edifícios. Apenas existe aquele café ao fundo que estava aberto, mas velho, isto é, nota-se que a cidade não conseguiu evoluir. Não está apelativa em nada. Só a zona do Castelo e as casas típicas à volta são mais engraçadas, até têm a sua parecência com o Bairro do Castelo em Lisboa, mas fora isso…
Comparando Beja com Évora, é o dia para a noite. Évora tem o centro histórico todo ele bem preservado, antigo, com as casas caiadas típicas alentejanas, enfim, por isso ser Património Mundial da UNESCO. Portalegre, terra natal do meu pai, acho-a mais citadina com o jardim central, com a Sé lindíssima e as famosas tapeçarias. Não é mais por aí além, mas tem mais condições.
Portanto, acho Beja uma cidade que se encontra mais isolada do que aquilo que pensava. A auto-estrada A2 que liga Lisboa ao Algarve veio isolar ainda mais a cidade, pois no tempo em que não existia, o IP8 era uma estrada obrigatória para quem ia para Espanha. As vilas do distrito são mais engraçadas, como Serpa ou Moura, especialmente Serpa. Há mais motivos de interesse em ir lá do que propriamente em Beja. Pode ser que a chegada do novo aeroporto e da Ryanair possam dar novo alento e uma nova mentalidade a quem governa e é responsável pela cidade, não esquecendo que a Ryanair não brinca. À mínima saí! Se não dá lucro, não há razão para fazer uma rota e é uma oportunidade de ouro para o desenvolvimento do distrito. Faltam estradas. Pode ser que a idealizar-se a tal auto-estrada Sines, Beja ou a imaginária auto-estrada interior, venha um dia a ligar todo o Portugal como deve de ser, mas não deve de haver verbas para tanto no futuro próximo.
Temos que pensar que o Turismo é a maior arma para este século, pois representa riqueza e com isso responsabilidade sob muitos pontos de vista, em especial na preservação do património, que tem sido ignorado por todos os responsáveis deste país, especialmente por todos os Ministros da Cultura. Deveriam tirar ideias aos homólogos italianos que todos os anos renovam um dos seus imensos símbolos de modo a manterem a sua preservação e, em especial, a percentagem que representa o Turismo no seu PIB. Fala-se tanto na construção de novas obras públicas, por que não no restauro dos nossos monumentos? Em Beja, um começo poderia ser esse, dar vida e restaurar a parte mais antiga. Se não, nunca irão lá! Tenho imensas ideias, pois vivi no país que faz mais rendimentos a partir do turismo mais do que ninguém a nível mundial. É óbvio que não se pode comparar uma coisa com outra, mas acredite que o Alentejo e Portugal têm coisas excelentes que de certeza que os outros saberiam dar valor. É preciso que haja organização, estruturas e rentabilização de tudo para que seja uma máquina que é aquilo que a Itália é. Vive muito à conta do turismo, muito mesmo!
Eu gosto de política, mas penso que seria dificil estar próximo dela, porque não sou dado a coisas que me fazem confusão que são os jogos de bastidores e a hipócrisia que está por detrás dela. É obvio que isto dito assim é generalizado, mas existe. Sou apartidário, não me identifico com nenhum dos partidos, mas talvez estivesse mais à esquerda, porque defendo a igualdade de direitos das pessoas. Sendo vanguardista, nunca poderia ser comunista, nem sou de extremos nem tão pouco neste PS hipócrita do Sócrates que é igual a tantos outros que por lá já passaram. É muito triste verificar que o nosso país desde o 25 de Abril não conseguiu organizar-se e desenvolver-se em nome de Portugal. Os interessantes pessoais e as privatizações que criam os novos ricos é a política comum e o resultado é aquilo que se vê a olho nu. Enfim… grande discussão que isto daria…
Peço desculpa por não ser sucinto, mas penso que dei uma ideia geral daquilo que vi e senti da cidade nas poucas horas que lá estive. Se for útil, darei sempre a minha crítica.
6 de Março de 2009 às 11:19
infelizmente concordo com esta carta, beja esta parada no tempo, não é nada de novo para quem vive em beja, gostava realmente quem manda nesta cidade tivesse atento a esta e outras opiniões sobre a nossa querida cidade e desse um impulso de dinamismo a beja, que se encontra num marasmo que até da pena.
bem hajam bejenses heroicos
6 de Março de 2009 às 11:54
Impressionante fotografia de quem só por cá passou uma tarde.
Tal como eu, que num Domingo de Agosto de 1989, cá cheguei, nos poucos comboios que por esta terra passam, nem um café aberto para beber uma água encontrei. Hoje pouco mudou… Talvez só a arrogância de quem por aqui tem um poderzito.
6 de Março de 2009 às 12:41
Descobrir “parecência” (sic) entre o Bairro do Castelo de Lisboa e a zona circundante do castelo de Beja, abona pouco a favor do críticoe não só no conhecimento do português. Foi o Erasmo que o baralhou.certamente.
Quanto ao acerto de algumas críticas, temos que ter “paciência”
6 de Março de 2009 às 12:43
em tempo: ou “paciença”?
6 de Março de 2009 às 13:12
… mas ´”beja orgulha-se destes momentos!”
6 de Março de 2009 às 13:28
O constatar de um facto real e que infelizmente não é único por aqueles que nos visitam e que em vez de ser actractiva é simplesmente o contrário em muitas valências e sectores !
Já o disse mais de uma vez, mas nunca é demais, para quem gosta de Beja, aqui nasceu, aqui vive e aqui viu nascer as suas filhas, aqui tem os amigos, verificar que nos últimos anos a cidade de Beja, está a definhar e afundar-se a cada dia que passa, apesar da demagogia do autarca dizer o contrário perante a evidência.
Haverá assim, para além das dificuldades reais resultantes da difícil situação económica e financeira, em que o mundo vive e a que Portugal e a nossa região Alentejo não podem fugir, uma precária e quase nula gestão do município de Beja.
O grande défice de gestão e de liderança, e a escassez de ambição e rigôr deste executivo da Câmara Municipal de Beja caracterizaram ainda mais o nulo exercício dos cargos para que foram eleitos.
Quem investe ou investiu em Beja nos últimos anos ?
Para consolidar projectos e negócios e saber olhar para o futuro é necessário confiança e ela não existiu e não existe, falta liderança, “coisa” ausente na organização, no método e na disciplina.
Estes factores enumerados e outros, que quando não aplicados estragam qualquer melhor intenção ou intelegente inovação, são o espelho do PCP/CDU ao longo destes 35 anos na edilidade de Beja.
A alternativa existe, opte-se pelo voto útil, opte-se por (con)viver, opte-se pelo emprego e desenvolvimento sustentado !!!
6 de Março de 2009 às 13:48
Engraçado como o sr. Tiago numa tarde consegue faze uma análise da cidade! Em vez de estar em Informática podia ter ido para sociologia ou antropologia. Ainda que possa concordar com algumas coisas escritas nesta carta para mim não tem validade nenhuma, não é numa tarde que se percebe as dinâmicas da cidade, pois para se conhecer é a cidade é preciso vivê-la! Pois é Sr. Tiago convido-o a vir ver o nosso IPB, as nossas noites no Pax-julia, as noites no karas, até já temos um continente e vamos ter um aeroporto!
Mais ainda, se o seu conhecimento do Património da cidade se limita ao castelo de Beja parece estar muito mal informado. Pode ainda ter tido mesmo azar! Sabemos que os feriados e fins de semana em Beja deixam muitas vezes a cidade vazia, contudo eu orgunho-me de não termos um Carnaval, não gosto, nunca gostei e duvido que alguma vez goste.
É verdade que Beja pode não ser uma cidade de grande dimensão, mas o conceito de cidade sempre foi relativo! Eu pelo menos gosto assim, ter o campo aqui ao lado! Mas se o Tiago acha que fumo, barulho, confusão, transito e centros comerciais é que define o conceito de cidade fique lá na sua Lisboa que nós ficamos na nossa aldeia!
6 de Março de 2009 às 15:21
Faço minhas, as palavras da Patricia
6 de Março de 2009 às 16:28
Quando alguém diz….
“…Haverá assim, para além das dificuldades reais resultantes da difícil situação económica e financeira, em que o mundo vive e a que Portugal e a nossa região Alentejo não podem fugir, uma precária e quase nula gestão do município de Beja”!
Eu questiono e pergunto de quem é a responsabilidade politica pela situação que os portugueses vivem? Serão as autarquias? Atrasos nos fundos do QREN e Retenção do IVA diz alguma coisa???
Ou quando alguém Diz…
“O grande défice de gestão e de liderança, e a escassez de ambição e rigôr deste executivo da Câmara Municipal de Beja caracterizaram ainda mais o nulo exercício dos cargos para que foram eleitos.”
Eu questiono e pergunto, mas será que no que respeita ao exercicio dos cargos para que foram eleitos, está a querer mencionar os casos da Universidade Independente, Caso Freeport, Caso Felgueiras, caso do Curso de Engenheiro, caso de financiamento ilegal de Partidos, etc. etc.
Quando Alguém volta a dizer:
“Para consolidar projectos e negócios e saber olhar para o futuro é necessário confiança e ela não existiu e não existe, falta liderança, “coisa” ausente na organização, no método e na disciplina”
Eu questiono e pergunto, mas será que consolidar projectos, é como se consolidou Alqueva que demorou os anos que demorou!! ou o Aeroporto que esta feito e não tem acessibilidades prontas a tempo nem estratégia de comunicação e marketing turistica para a região!
Será que Liderança siginifica alternância entre PS e PSD?
Então organização significa atrasos e derrapagens orçamentais de milhares e milhões de Euros em muitas Obras!
Assim sendo método e Disciplina significa encerramento de Centros de Saúde, Privatização das empresas públicas que dão lucros fabulosos em 2008…
lucros da Galp de 478 Milhões de euros em 2008..
A EDP acabou de divulgar as contas referentes ao 1º semestre de 2008. E elas revelam que os lucros do grupo da EDP, só no 1º semestre de 2008, atingiram 962,4 milhões de euros, ou seja, mais 44% do que em igual período de 2007, que tinham sido de 668,2 milhões de euros. É esclarecedor que, embora os lucros antes de impostos tenham aumentado em 44%, os impostos a pagar pela empresa sobre aqueles lucros subiram apenas 4%, pois passaram de 176,7 milhões de euros para 184,1 milhões de euros, de acordo com as próprias contas da EDP. Como consequência, os lucros líquidos da EDP depois de deduzir os impostos aumentaram 56,6% no 1º semestre de 2008 relativamente ao 1º semestre de 2007, pois passaram de 491,5 milhões de euros para 703 milhões de euros, mas os lucros a distribuir aos accionista cresceram 66,6%. É um verdadeiro festim à custa dos consumidores.
A Portugal Telecom anunciou hoje lucros de 581,5 milhões de euros em 2008…
Quando alguém diz:
“A alternativa existe, opte-se pelo voto útil, opte-se por (con)viver, opte-se pelo emprego e desenvolvimento sustentado !!!”
Eu questiono e pergunto, mas será que quando se fala em Alternativa é esta que ao longo dos vários anos, em nome de Maiorias Absolutas e Coligações, que tem gerado as assimetrias de desemprego, a precariedade de trabalho na juventude, a quebra do Poder de Compra das Familias, o aumento da Inflação, o maior numero de licenciados desempregados da Europa, que privatiza os prejuizos da banca e depois apresenta como nacionalização, que recentemente faz Negócios com Manuel Fino custando 105 milhões à Caixa (até hoje)?????… Etc…etc…
O certo é que quando os que apregoam a palavra Alternativa, Emprego e Desenvolvimento Sustentado no fundo é sinónimo de DEMAGOGIA POLITICA e falta de Honestidade com a Coerencia na Vida e projecto Politico pelo qual lutam tanto como o Sr. RL luta.
Concluindo já percebi que método e disciplina para quem diz o que diz, fica muito aquém do esperado… para quem diz o que diz só resta ir escrevendo em blogs da praça, entre muitos outros, e isso caros amigos, normalmente é intitulado de “Opinion Maker”, ou melhor, fazedor de opinião!
Mas o povo não dorme, vai vendo e sentindo as dificuldades e ele… o povo… sabe e saberá interpretar o que alguns por aqui vão querendo com o que escrevem….
Um bem haja aqueles que não vão na cantiga do bandido…
6 de Março de 2009 às 17:05
Não tanto ao mar nem tanto à terra, Patrícia.
Também eu podia estar a viver e a trabalhar em Lisboa e declinei as ofertas em tempo, para ficar aqui onde há outros valores.
Mas convenhamos que Beja tem vindo a perder, a desanimar, a desertificar, pesem embora os dados que adequadamente referiu.
Quando a crise chegou ao Mundo, já Beja se tinha antecipado. Vá lá que ao menos numa coisa estamos à frente dos outros.
Beja precisa, como pão para a boca, de sangue novo. De gente que queria ficar e trabalhar mas que lhes sejam dadas as condições. E quando falo em dar condições não falo em subsidios ou coisas quejandas.
Apenas de gestos de boa vontade, muitas vezes consubstanciados na simplicidade grandiosa de alguém sentir-se bemvindo.
6 de Março de 2009 às 17:06
No que respeita ao Castelo não sei se a culpa pelo seu abandono é da CM Beja ou do IPAR/IPA!? agora que a sua iluminação está em projecto há mais de 20 anos tal como o pára-raios, é uma realidade. Mas esta visão não é nova, não é falsa ou destrutiva, ela é simplesmente realista. As grandes superficies abafaram o comercio local, os serviços partiram, logo as pessoas sumiram, o envelhecimento da população é cada vez maior e as perspectivas futuras não são animadoras. Qualquer pessoa que venha a Beja ora de regresso ora pela 1ª vez sente uma “cidade fantasma”.
6 de Março de 2009 às 17:06
Este senhor Tiago existe?
6 de Março de 2009 às 17:13
@xicu – aí na CMB deverás ter recebido um mail idêntico ao que eu recebi e que deverá estar, como outras dezenas, à espera de resposta.
6 de Março de 2009 às 17:20
@zeitgeist – isso ficava bem como editorial do próximo Boletim Municipal. Sucesso garantido!
6 de Março de 2009 às 17:21
Pois eu adorei Beja e espero aí voltar…Cada um encontra aquilo que procura…O Tiago procurou uma nova Lisboa 🙂 Graças a Deus Beja é como é…and I LOVE IT!
6 de Março de 2009 às 22:34
@ Regina:
“Graças a Deus Beja é como é…and I LOVE IT!”
Vade retro, cruzes canhoto!!!
Com frases destas como a da sra. Regina, é que se vê o porquê da estagnação de Beja. E também se compreende o porquê, porque não vive cá. Vem até à aldeia descansar na pasmaceira das tardes quentes de verão.
Já com a sra. Patricia concordo quando fala sobre o Pax Julia mas, é manifestamente pouco, pouquíssimo para uma capital de distrito.
Eu que já cá vivo há 22 anos, reconheço que as vilas vizinhas são muito mais atraentes, sobretudo em acontecimentos culturais tais como as festas dos Santos populares.
Já lá vai o tempo em que se fazia algo em Beja, feira de maio, feira de agosto, mastros, feiras medievais etc etc.
Nestes ultimos anos, tirando a ovibeja, Beja tornou-se numa terrível pasmaceira onde quase nada acontece.
Por este caminho, até o aeroporto quando estiver pronto, levantará voo para outras paragens.
O comércio é pobre e de má qualidade, absorvido que foi pelas grandes superficies e chinesices.
Resta-me dar a minha concordância com o sr. Tiago, que numa simples tarde tirou um raio X à cidade. É verdade que não viu tudo, mas viu quase tudo o que esta cidade tem para oferecer.
Cumprimentos a todos e rezemos para que melhores ventos bafejem esta cidade.
6 de Março de 2009 às 22:49
Boa noite a todos,
primeiro que tudo gostaria de dar uma resposta a alguns dos que contribuiram ao tópico que desde já agradeço ao João Espinho pela oportunidade.
Ao Charamba parecença em vez de parecência. São gralhas que passam despercebidas. O Erasmus não só me abriu as portas ao mundo como uma nova alma e visão de que gosta tanto de Portugal como eu, nasceu.
À Patrícia lamento que não tenha percebido a minha crítica. Se está tudo bem em Beja e no seu distrito, então perfeito. Que a CDU continue por mais 35 anos. O trabalho deve ser maravilhoso. Bem sei que numa tarde nunca poderia recolher nada mais concreto que apenas uma ligeira visão da cidade. Também por aqui existem bons bares como aí, mas talvez seja até a boa companhia neles que são o verdadeiro valor. Eu também não gosto assim tanto do Carnaval, daí ter fugido dele tal como comecei esta missiva, mas não deixa de ser triste ver uma cidade vazia sem ideias. Aconselho-a a ir ao Carnaval de Veneza e terá uma opinião mais favorável 😉 Bem sei que Beja tem muito mais para ver, mas pense nisto, se o Castelo fecha às 16h00, coisa poderia eu ter visto??? Não é só em Beja que acontece, em tantas outras cidades ou vilas é igual. Está tudo fechado! Não se aposta no Turismo em Portugal. É uma realidade.
Ao ZEITGEIST os meus parabéns pelo texto. Bom retrato do nosso país. É assim mesmo! O contribuinte paga e paga para que os grandes tenham esses lucros abundantes graças ao combustível, electricidade entre outros…
Beja é um dos muitos retratos do país. Não sei se daqui a 100 anos estará melhor ou pior, mas caminhamos para uma desertificação forte nos próximos anos. Receio que poderá ser mesmo uma cidade fantasma e não é isso que ninguém quer. Já eu estudei na escola o fenómeno do Êxodo Rural, ou seja, da migração das pessoas do interior para o litoral, das pequenas cidades e aldeias como Beja para as grandes que são Lisboa e Porto. O Alentejo apresenta uma das maiores taxas de desemprego do país e está em situação precária. Custa-me muito que seja assim! Faz-me mais confusão que se passe a fronteira e se chegue a Badajoz, mais interior que o nosso interior, e veja-se tanta vida, evolução, inovação, enfim… uma surpresa! Os campos em Espanha estão cultivados. Pelo Alentejo fora, além das grandes herdades, a paisagem parece selvagem.
Beja tem bons projectos para o futuro como referi. O aeroporto pode dar muita vida, mas é preciso existir uma máquina por detrás dele, e essa máquina chama-se Turismo! A Ryanair está interessada na concessão, porque Beja é próxima do Algarve e de certo modo mais próxima de Lisboa, mas sem gente, o projecto pode morrer antes mesmo de começar. Existe ainda o Alqueva. Preocupa-me muito o estado de desertificação em que está. Se fazem uma refinaria do lado espanhol, acabou-se! NÃO O PERMITAM!!!! Vi uma reportagem, penso que na TVI, e lá estava bem vincada a realidade dos projectos megalómanos dos nossos queridos políticos.
A crítica que fiz, tem o seu lado mais negativo, mas é a partir dela que se pode fazer melhor desde que haja vontade. Gostaria muito de contribuir se fosse útil e este pode ser o primeiro passo, mas o futuro está nas vossas mãos. Eu gosto muito do Alentejo, muito mesmo. É único! Para dizer bem a verdade, é muito parecido com a Toscana em Itália, região lindíssima conhecia pelas cidades de Florença, Pisa, Siena e pelos seus campos verdejantes onde o famoso vinho Chianti cresce. O vinho alentejano é soberbo. Pode ser que um dia tenhamos uma marca tão forte como o Chianti e que chegue lá fora para que eu possa ver o Alentejo, quem sabe Beja, não com meia dúzia de italianos a visitá-la, mas com grupos grandes dando prosperidade a uma das regiões consideradas mais pobres pela UE.
É esta a realidade. Cada um vê como quer. Existo sim, Xicu. Sou de fácil contacto.
Cumprimentos a todos!
6 de Março de 2009 às 23:12
Admiro o texto e o tempo que utilizou o “zeitgeit” e até parecem as palavras do deputado comunista José Soeiro, e no caso do financiamento ilegal dos partidos políticos, o próprio Tribunal de Contas, apanhou o PCP/CDU, ou já se esqueceu ???
Mas se se analizar a forma e o conteúdo da escrita bem elaborada e cuidadosamente referenciada perante casos a vulso nacionais, nem uma palavra no que se refere à gestão local da Câmarra Municipal de Beja, porquê ???
A resposta é simples do prometido e que consta do programa (eu tenho-o) cumpriram durante 4 anos mais ou menos 20 % e os 80% restantes, esqueceram-se ou ignoraram-no ou mentiram a todos os bejenses ???
A informação de tudo o que não fizeram é a “arma” que os vai denegrir junto dos cidadãos, e esse incumprimento e a demagogia/populismo de que Beja, cito o presidente da autarquia dr. Francisco Santos ” A melhor e a maior cidade do Alentejo” junto do eleitorado vai ser bem penalizadora.
Em relação ao resto leio e tiro as ilações, e são opiniões que respeito mas não concordo, e jamais esqueça que “não há machado que corte a raíz ao pensamento” !!!
7 de Março de 2009 às 0:19
Será que esta Beja, tão cruelmente retratada pelo Tiago, será a mesma cidade que recentemente ganhou o galardão europeu (bandeira verde de 2008) pelo esforço na promoção do desenvolvimento sustentável, através de acções de educação ambiental nas escolas, construção de ciclovias e redução do tráfego automóvel no centro da cidade (ver DN de hoje)? Quem terá razão: O Tiago ou o júri do projecto ECOXXI? Em Outubro teremos a resposta!
7 de Março de 2009 às 13:37
@ Aldeão:
Ciclovias?!!! Bahhh!!!!
Apenas aumentaram um pouquito as existentes, construidas pelos alemães.
Redução do tráfego automovel dentro da cidade?!!
Apenas fizeram com que os automobilistas andassem as voltas dentro da cidade para levarem mais tempo a chegarem ao seu destino. Ou seja, mais consumo de combustivel, mais acidentes, mais poluição.
Olhe, são tantas as “tretas” que por cá existem que nem tenho tempo nem paciência para as enumerar aqui.
Bom fds!
7 de Março de 2009 às 17:42
Pois é El Junaito. Quando as suas referências culturais são os Santos Populares está tudo dito. Vamos lá por partes. Não é Bah! Foi a Associação Bandeira Azul da Europa quem atribuiu o prémio. Você diz que foram os Alemães que cá deixaram as ciclovias. Pois, se você chegou a Beja há 22 anos sabe lá o que aos alemães cá deixaram!. Olhe até as pintaram de vermelho e depois mais à frente construíram o polidesportivo Fernando Mamede, o parque das Merendas e o Parque da cidade. Depois como ainda tinham algumas disponibilidades financeiras reabilitaram o Pax Júlia e construíram a biblioteca municipal e tornaram-na numa das mais frequentadas e numa das melhores do país (é pena o Tiago não ter tido oportunidade para a visitar, certamente ficaria com outra imagem de Beja). Esta é que é a verdadeira história, não é?
7 de Março de 2009 às 18:28
Ciclovias? Nem a manutenção das existentes se faz. É só buracos, cuidado com as rodas…As árvores têm os ramos a impedir metade da via, é só vidros partidos pelo chão, para não falar das embalagens vazias do MacDonald’s. Alguns também pensam que é a casa de banho, é só politicos no chão. Deve ser isto que é desenvolvimento.
7 de Março de 2009 às 23:07
Cara Patricia, não é criticando a perspectiva de cada um que lá vamos chegar. Já se percebeu que não concorda mas daí a sugerir que “se o Tiago acha que fumo, barulho, confusão, transito e centros comerciais é que define o conceito de cidade fique lá na sua Lisboa que nós ficamos na nossa aldeia!”
Acho que a Patricia é das únicas que ainda não percebeu que este é um problema grave, que se nota bem nas capitais de distrito, como Évora e Portalegre. São aldeias maiores. Que estão notoriamente a perder influência, que estão a perder gente. Nem a dinâmica de uma cidade se vê apenas pelo barulho que tem, ou os centros comerciais, nem tão pouco por ter o campo ao lado.
E convenhamos: que alegria a sua!! Beja nem precisa de mais ninguém…isto porque a Patricia entende que é assim é que é bom e que a cidade assim é que está bem. Pode estar muribunda, mas quem não gosta não apareça! Francamente. Eu sei que é a sua opinião, tem todo o direito a ela, não tome esta minha posição como um ataque pessoal, pois não tem. Mas eu discordo, irritando-me com essa perspectiva…teremos de ser nós, alentejanos, a fazer mais pelas nossas cidades. As capitais de distrito do Alentejo tendem a ficar cada vez mais mu-ri-bun-das!!!
7 de Março de 2009 às 23:20
Na realidade e com muita tristeza minha, sou obrigado a concordar com o Tiago, é o resultado de mais de 3 decadas de absolutismo arcaico e troteskiano.
8 de Março de 2009 às 21:55
@Aldeão:
Obrigado pelo retorno.
Mas deixe-me esclarece-lo de que referi os Santos Populares apenas como exemplo e sim, para mim são exemplos de cultura assim como muitos outros.
Noutras terras, existem as janeiras, entrudos, Santos Populares, etc etc.
Quanto ao que os alemães cá deixaram, posso garantir-lhe de que não sou cego, nem mudo, nem surdo, muito menos “lerdo das ideias”.
Ainda os “apanhei” cá 7 anos. Deu para vêr alguma coisa.
De 1987 para trás, como é óbvio não me posso pronunciar, pois não estava cá.
Mantenho a minha interjeição bahhh às ciclovias. São sem duvida uma mais valia para qualquer cidade mas requerem um cuidado constante, não sendo obviamente o caso das nossas em Beja.
Mas, meu caro esqueceu-se de comentar o meu comentário acerca da “Redução do tráfego automovel dentro da cidade”.
Gostaria de saber se concorda com o actual traçado de trafego na cidade e já agora se concorda com os parquimetros?
Cumprimentos.
9 de Março de 2009 às 9:38
Sobre a ideia com que o sr. Tiago ficou de Beja ao visitá-la num fim de semana, só tenho a dizer que, para além de criticar, talvez fosse mais útil a Beja ou qualquer cidade de interior que estes jovens que sabem criticar, deixassem a grande cidade e ajudassem a desenvolver o que eles acham que está parado no tempo. Concordo com alguns pontos de vista, mas criticar é fácil, em especial quando continuamos na grande cidade onde nada nos falta.
9 de Março de 2009 às 21:28
Caro El juanito, pois eu sou do tempo em que havia trânsito nas Portas de Mértola, veja lá. Quanto aos parquímetros são um mal menor nas artérias em que existe falta de estacionamento, salvaguardados que sejam os direitos dos moradores. Em Beja encontra-se estacionamento por causa dos parquímetros. Não queira saber como é naquelas cidades em que os parquimetros estão sempre avariados!
10 de Março de 2009 às 12:42
Ok!
Afinal sempre temos algo em comum, eu também sou do tempo desse trânsito e aliás fui até multado em frente da actual loja pronto a vestir “Mango”.
Quanto aos parquimetros, sou contra, ainda mais agora com as grandes superficies que retiraram quase todo o trânsito “comercial” do comercio local.
No verão então, nem se fala!
É lugares de estacionamento à farta não se justificando de modo algum os parquimetros.
Cumprimentos!
10 de Março de 2009 às 23:36
Cara maria espinho
Das suas declarações:
“estes jovens que sabem criticar, deixassem a grande cidade e ajudassem a desenvolver o que eles acham que está parado no tempo. Concordo com alguns pontos de vista, mas criticar é fácil, em especial quando continuamos na grande cidade onde nada nos falta.”
A crítica que deixei embora seja dura reflecte exactamente aquilo que está a acontecer ao interior do nosso país que é morrer lentamente. É só uma questão de tempo. A frase que escreveu é completamente intemporal, pois tal como referi, já muitas gerações anteriores se mudaram para o litoral, fenómeno que se chama Êxodo Rural. Hoje talvez com menos intensidade, mas com os mesmos princípios: o que é que o interior tem para oferecer? Emprego? Qualidade de vida? Serviços? Comércio? Cinema? Actividades culturais? Qualidade da habitação?
A minha resposta já foi em parte respondida com as minhas intervenções anteriores. A própria cidade tem que se inventar para que possa vir um a ser um dia mais tarde atractiva. Há emprego na minha área em Beja? Que ordenado poderei eu ganhar para que possa decidir-me a mudar? Que condições existem para que não sinta falta daquilo que deixei? São uma série de factores que não existem, esta é a realidade.
Bem sei que muitas pessoas, em especial os alentejanos, são muito resolutos ao seu Alentejo, mas para que este não morra, é preciso que ele mude e muito! Os seus atractivos podem bem ser a sua calma e ter o campo ali tão perto, mas para mim não é o suficiente, pois aqui nem tudo é barulho, confusão ou trânsito como alguém disse, pois também tem os seus locais calmos e são tantos, no interior de Lisboa. Convido-vos a visitá-la! E Lisboa está também ela a morrer… é impensável que o seu centro histórico esteja completamente ao abandono, embora, lá está a diferença, o dinamismo e também a capacidade financeira diferentes estejam muito devagarinho a mudar uma cidade que está velha e impraticável em muitos bairros para viver. Não existem condições!
Li tudo o que escreveram e deixo de uma forma sucinta, agora sim, ideias para o futuro:
1. Apostar no Turismo: divulgação da cidade. Internet. Organização cultural, património, roteiros, hoteis, etc.
2. Aeroporto e acessos: não deixar fugir a Ryanair
3. Reconstruir e dinamizar a zona junto ao Castelo. Casas para estudantes, bares, melhorar a habitação.
4. Se há ciclovias, arranjar as que já existem e construir uma rede dentro da cidade. Mudar a mentalidade dos habitantes locais para pensarem a usar + a bicicleta em vez do automóvel. A cidade é relativamente plana e óptima para tal. Aproveitar exemplos das muitas cidades europeias que vivem da bicicleta como Amesterdão ou Pisa.
5. Melhorar acessos à cidade. Reconstrução do IP8 / auto-estrada Sines – Beja / auto-estrada interior. Pressionar o governo para terem mais apoios.
6. Não deixar morrer o Alqueva. Zona de Turismo de eleição. Já é distinguida pelo Turismo de Portugal.
7. Dinamizar o comboio. Pressionar o governo.
8. Reconstrução da baixa da cidade de modo a que seja atractiva sob todos os aspectos. Trazer as grandes marcas para o centro e ajudar as locais.
9. Limpeza da cidade. Copiem as cidades do norte de Portugal que são exemplares na limpeza e no arranjo dos espaços verdades. Exemplos de Braga e Barcelos. Dinamizar o Parque da Cidade.
Enfim… é preciso muito tempo e dinheiro. Ideias não me faltam. Se algum dia chegasse a um cargo político que me desse a possibilidade de fazer algo pelo desenvolvimento local de uma cidade, por exemplo, acreditem que me empenharia ao máximo. No entanto, isto deixa-me sempre a velha dúvida que está em perceber a máquina que está nos bastidores e que impedem com que as coisas não andem para a frente. Em Lisboa, temos o exemplo do vereador eleito pelo BE, o tão crítico José Sá Fernandes. Que coisa fez ele durante o seu mandato?! Eu que vivo cá e acreditem, não sei!
Para não ser mais um a fazer número, prefiro apenas criticar e sugerir. Quem sabe um dia encontre uma bela equipa de pessoas que estejam predispostas a fazer algo por aquilo que é seu e então aí sim, havendo dinamismo e sem impedimentos, reconsideria a tal aventura… A própria política precisa de jovens. O velho sistema está gasto!
12 de Maio de 2009 às 0:39
Boa Noite.
Tal como outros, achei a interpretação do nosso visitante, um tanto exagerada, mas a sua base é real e sentimos isso todos os dias. Nascido e criado, Bejense de gema, sou um ferrenho defensor desta nossa Terra e da sua calma e qualidade de vida ( entenda-se qualidade de vida como uma contradição aos formigueiros das grandes cidades ). Não consigo imaginar-me a viver noutro sitio que não Beja. Agora uma coisa é certa : nós Bejenses temos muito a dar á cidade, mas a cidade, o que tem a oferecer aos Bejenses ? Betão, Insegurança, falta de investimento, falta de honestidade politica, esquecimento por quem gosta da cidade e favorecimento a quem utiliza a cidade para ficar bem na foto…..enfim, falta de espaço, de segurança na rua, nas escolas, á porta de casa Esta cidade precisa de uma injecção de vida, de gente com vontade e oportunidade, e não de gente que nada mais faz que defender o Castelo que á tanto tempo está de pé, e ao mesmo tempo tenta ficar com méritos das acções de outros. Agora espero que, por mim e por todos aqueles que amam Beja, esses castelo caia e não fique uma pedra. Beja precisa de sangue novo. Eu vou dar um pouco do meu…!!!!!
Um abraço a todos os que pensam que Beja pode voar mais alto!