Fev 05 2009

O pastor

Publicado por as 14:30 em Fotografia,Poetas


foto: joão espinho

“No montado, o pastor guarda o silêncio todo na boca. As palavras ditas e os outros ruídos do mundo não passam por ali que o pastor não deixa. Ali, só quem passa é a brisa e mesmo essa vem já ao fim da tarde, fresca, fugida do sol, para pentear e endireitar a erva que o gado pisou.
(…)
Eu passo na estrada.
O pastor acena-me e eu desligo o rádio.
Também eu preciso de sentir o sabor do silêncio na minha boca.”
Vitor Encarnação

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3 Resposta a “O pastor”

  1. mm diz:

    Fotografia e Poetas. Bem categorizado, pois a escolha que fizeste dá ainda mais poesia à tua fotografia.

  2. mm diz:

    ps: parabéns a ambos 🙂

  3. Reinaldo Louro diz:

    “O pastor guarda o silêncio” com sabedoria, mas eu não o guardo por razões diferentes !

    Algumas camadas da nossa sociedade têm uma falta de esperança colectiva e até mesmo um sentimento depressivo generalizado, ou não fossemos nós portugueses.

    Basta ver um qualquer telejornal para deixar depremido o mais optimista dos seres humanos, mas nós somos mesmo assim ? Ou não fossemos o país do fado e da saudade !…

    Gostamos de viver a lamúria e a tristeza, expluramo-las até à exaustão, alimentamos e pertuamos estes sentimentos com a resignação, e é com tudo isto que mais nos identificamos …

    Afinal, toda esta “crise” assenta que nem uma luva nos nossos traços de identidade nacional !!!

    Ainda ontem o deputado do PCP/CDU de nome Benardino Soares, clamava que a “crise” é culpa do governo, quando a olhos vistos ela é internacional e jamais vista pela nossa geração, esta maneira de estar é revoltante, e é sempre dos outros é como jogar barro às paredes e ele não pegar, entendem ???

    E se é certo que são muitos e sérios os motivos de preocupação, existe e existirá sempre uma luz ao fundo do túnel !!!

    A inércia autarquica em Beja é nauseante, populista e demagógica.

    Não tenho perfil depressivo e ainda bem que tal acontece, e recuso-me a ser “o pastor” e ser contagiado por este vírus que parece afectar “alguns bejenses” que preferem a abstenção e a não participação.

    Procuro desenvolver todos os dias os meus anticorpos, apesar de tantos coveiros da esperança, que cativa aos braços caídos e que saberá resistir a este “destino” e a este “fado” .

    Acredito na capacidade de trabalho, acredito no investimento pessoal, acredito no esforço e na recompensa, acredito que podemos ser bons, acredito que podemos produzir mais e mais, acredito que o estado que somos todos nós podemos fazer muito melhor.

    E gostava de acreditar em “certos” políticos e nas políticas deles e gostava que eles acreditem em nós.

    Como ser independente e sem qualquer compromisso acredito que podemos ter uma melhor cidade e concelho de Beja.

    O “pastor” aceno-me e eu escrevi o que neste momento sentia …

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