Fev 05 2009
O pastor
foto: joão espinho
“No montado, o pastor guarda o silêncio todo na boca. As palavras ditas e os outros ruídos do mundo não passam por ali que o pastor não deixa. Ali, só quem passa é a brisa e mesmo essa vem já ao fim da tarde, fresca, fugida do sol, para pentear e endireitar a erva que o gado pisou.
(…)
Eu passo na estrada.
O pastor acena-me e eu desligo o rádio.
Também eu preciso de sentir o sabor do silêncio na minha boca.”
Vitor Encarnação
5 de Fevereiro de 2009 às 18:01
Fotografia e Poetas. Bem categorizado, pois a escolha que fizeste dá ainda mais poesia à tua fotografia.
5 de Fevereiro de 2009 às 18:01
ps: parabéns a ambos 🙂
5 de Fevereiro de 2009 às 21:21
“O pastor guarda o silêncio” com sabedoria, mas eu não o guardo por razões diferentes !
Algumas camadas da nossa sociedade têm uma falta de esperança colectiva e até mesmo um sentimento depressivo generalizado, ou não fossemos nós portugueses.
Basta ver um qualquer telejornal para deixar depremido o mais optimista dos seres humanos, mas nós somos mesmo assim ? Ou não fossemos o país do fado e da saudade !…
Gostamos de viver a lamúria e a tristeza, expluramo-las até à exaustão, alimentamos e pertuamos estes sentimentos com a resignação, e é com tudo isto que mais nos identificamos …
Afinal, toda esta “crise” assenta que nem uma luva nos nossos traços de identidade nacional !!!
Ainda ontem o deputado do PCP/CDU de nome Benardino Soares, clamava que a “crise” é culpa do governo, quando a olhos vistos ela é internacional e jamais vista pela nossa geração, esta maneira de estar é revoltante, e é sempre dos outros é como jogar barro às paredes e ele não pegar, entendem ???
E se é certo que são muitos e sérios os motivos de preocupação, existe e existirá sempre uma luz ao fundo do túnel !!!
A inércia autarquica em Beja é nauseante, populista e demagógica.
Não tenho perfil depressivo e ainda bem que tal acontece, e recuso-me a ser “o pastor” e ser contagiado por este vírus que parece afectar “alguns bejenses” que preferem a abstenção e a não participação.
Procuro desenvolver todos os dias os meus anticorpos, apesar de tantos coveiros da esperança, que cativa aos braços caídos e que saberá resistir a este “destino” e a este “fado” .
Acredito na capacidade de trabalho, acredito no investimento pessoal, acredito no esforço e na recompensa, acredito que podemos ser bons, acredito que podemos produzir mais e mais, acredito que o estado que somos todos nós podemos fazer muito melhor.
E gostava de acreditar em “certos” políticos e nas políticas deles e gostava que eles acreditem em nós.
Como ser independente e sem qualquer compromisso acredito que podemos ter uma melhor cidade e concelho de Beja.
O “pastor” aceno-me e eu escrevi o que neste momento sentia …