Dez 14 2008
Conto da madrugada
foto: jukarl
Árvore de Natal
Pedi-lhe ajuda para enfeitar a árvore. Quatro mãos e quatro olhos seriam, esperava eu, mais que suficientes para compor o símbolo natalício. Chegou, e com o seu olhar percorreu a árvore despida, pegando nalgumas fitas, douradas, e em meia dúzia de coisas, também em tons dourados, que pendurou nos ramos dispersos da velha árvore. Já está!, deixando-me espantado pela simplicidade e rapidez com que o fez. E as luzinhas? Vem, e trá-las contigo, arrastando-me para o quarto, onde pusemos as luzes a cintilar em modo fade in fade out.
Despiu-se e agora fotografa-me com a luz que tens foi um convite para que abandonasse a ideia de registar imagens com a máquina e me lançasse naquele corpo que brilhava à minha frente, cheio de reflexos dourados, cintilando a sofreguidão de me ter. Com as mãos, registei-lhe todos os movimentos, todos os recantos, sem sombras, e com a minha boca fiz-lhe tocar os sinos que em mim ecoaram com profunda volúpia. No momento em que os nossos corpos quase explodiam de prazer sobre a colcha do leito, escutámos a música suave que ainda tocava na sala. E foi aqui que acabámos por consumir o ardente desejo e a sede de nos possuirmos.
A árvore de Natal, verde e dourada, ali estava, incompleta, mas com ar sorridente.
28 de Dezembro de 2008 às 17:13
Há gemidos nesta loucura, nesta aventura, nas gotas de suor!