Out 05 2008
Célia -56-
Mais uma vez me deparava com uma das muitas fugas de Célia. Confrontá-la com o equívoco do destinatário da mensagem? Questioná-la com o significado dessa missiva?
Sabia antecipadamente as respostas que Célia iria tecer para só me revelar a metade da mentira. Seria o repetir de situações que sempre nos deixavam marcas de amargura. Tentei, nessa noite, equacionar a forma de rompermos a nossa já frágil ligação e evitar que as despedidas se transformassem, de novo, num “olá!”.
Mariana escuta-me os pensamentos, lê-me o olhar como se soubesse exactamente adivinhar o meu próximo passo. “Destruíste as tuas muralhas quando recebeste aquele simples, mas fatal, gostava de passar a noite contigo e agora martirizas-te porque sabes que essa noite já não é contigo?!”. Recordei, por breves momentos, o longínquo diálogo com Célia onde me tentava explicar que “sempre que alguém aparece é mais uma marca que cresce. Para depois, na hora da abalada, esse sinal ficar como uma dor”.
Não foram necessárias muitas palavras para que Mariana me explicasse o conteúdo da mensagem. “Quartos 1302 há-os em todo o lado; podem ser num hotel como na cabine de uma embarcação ou no simples leito onde se faz o amor-sexo; são os que neles se deitam que lhe atribuem o número”. Abraçou-se a mim, de forma diferente das anteriores.
Alguma coisa me fez pensar na verdade da sua descoberta.