Set 11 2008

O carteiro

Publicado por as 12:32 em Contos no Parque,Fotografia


foto: via roesje

Uma inesperada transferência, levou-o a ser colocado numa pequena aldeia do interior. 2 ou 3 restaurantes para lhe aconchegarem o estômago, uma sala de projecção de filmes, um quiosque de jornais, brindes e pó-de-arroz, tudo parecia pouco, mas o suficiente para o mês que iria ali passar.
À falta de pensões ou residenciais, decidiu-se por alugar um quarto, com serventia de casa de banho e tomadas para ligação do seu portátil.
Nos números pares, em maior quantidade, senhoras viúvas, de lenço negro, ofereciam-lhe roupa lavada e serões em volta de histórias antigas, talvez até um joguinho de cartas. Nos ímpares, senhoras divorciadas, que para além da cama ainda lhe ofereciam alguma saliva para colar os selos. Tudo a bom preço.
Em desespero, lançou o batente da última porta, onde já se adivinhava o fim do mundo. Uma trintona de bom aspecto e perfume suado, cobrava-lhe um preço demasiado elevado para o seu parco salário. Mas garantia-lhe uma cama aconchegada. Decidiu-se por esta habitação. Mais pela cama do que pelo quarto em si, que só dispunha de bidé.
E também porque a sua proprietária não tinha por hábito ler e muito menos escrever cartas.

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