Jul 19 2008
O Olhar de … Élia Carvalho
foto: joão espinho
-
Ao fim de muitos anos voltei… quebrei o que disse, desde a última vez que fechei esta porta…
Voltei…
Na esperança de um reencontro… incerta em relação ao que iria encontrar… mas… arrisquei…
A lembrança doce de cada entrada que fiz nesta porta… de cada vez que fechei este postigo… foi mais forte que qualquer outro pensamento…
Curioso… reconheci cada curva da estrada… cada árvore centenária… até os candeeiros da entrada estão iguais… sem luz…
Um gélido arrepio me percorre… Sinto o teu calor, aproximas-te, e sussurras… “Abandonei-a… tal como me fizeste. Mas… ainda hoje cá volto à mesma hora… só para sentir o cheiro que deixaste impregnado neste ar… Que nem as vidraças partidas deixam o vento levá-lo…”
Em cada passo oiço um estalido, algo se quebra… cacos por todo o lado… curioso… o espelho que parti no mesmo sítio… e os vidros caídos em seu redor…
“Foi preciso eu partir para saberes o quanto me querias… Mas olha em teu redor… Podes ver nestas paredes como eu estava quando daqui saí…”
O teu abandono começou muito antes de eu fechar esta porta a última vez…
Élia Carvalho
20 de Julho de 2008 às 10:16
Por muito que esteja curada, uma cicatriz é um rio por onde a alma corre.
20 de Julho de 2008 às 20:45
@charlie – quando a ferida deixa de doer, é a cicatriz que toma o seu lugar… Esta já não dói, mas é zona sensivel, que sem as devidas precauções, volta a causar muita dor…
Mas sim concordo que é um rio onde a alma corre… 🙂