Jun 11 2008
Ponte sobre o Guadiana
foto: Michel Subrenat-Auger
A propósito desta fotografia, o leitor Michel Subrenat-Auger enviou-me esta imagem, registada em Agosto de 1965, durante a sua primeira visita a Portugal.
Jun 11 2008
foto: Michel Subrenat-Auger
A propósito desta fotografia, o leitor Michel Subrenat-Auger enviou-me esta imagem, registada em Agosto de 1965, durante a sua primeira visita a Portugal.
11 de Junho de 2008 às 20:17
Que preciosidade! Belo registo!
11 de Junho de 2008 às 23:33
Magnífica!
Tenho andado aqui às voltas com os anos da construção da ponte de betão.
Que é coisa fácil de ver quando foi concluída, é ver o que lá está nos acrotérios, se não roubaram já os números.
Tenho algures um postal acho que da Zagope com a ponte já concluída mas não o encontro.
Tenho ideia de ter andado por lá antes de 74, ainda na fase das sondagens e de ter lá ido umas quantas vezes em anos diferentes.
É provável que a obra tenha apanhado a fase da turbulência e se tenha atrasado e sido concluída já tarde na década, como disseste.
Mas que tenho memórias de andar por lá no início da década, lá isso tenho.
Ia até dizer que já em 1970 havia lá trabalhos.
Abraço
P.S. E não tenho fotos da construção. 🙁
12 de Junho de 2008 às 9:24
Todos os que já contam os anos de vida em “entas” e que estavam por cá nos “intes” lembram-se como Serpa, hoje quase subúrbio vetusto e nobre dos arredores de Beja, a um quarto de hora de carro, ficava por essas alturas quase a um quarto dia de distância quando se tinha o azar de apanhar a então maior passagem de nível do mundo fechada tanto na ida como depois na vinda.
Era descer a ladeira dos 10 % a partir da recta de Baleizão, fazer as curvas e contracurvas e parar que o meio pau estava murcho, descaído: por aqui não podes passar que a ponte agora é para o comboio.
Era sair do carro, fumar (na altura fumava) uma ou duas cigarradas, ir passeando até à casota do guarda da passagem -havia uma de cada lado da ponte- dar uma ponta de bom dia ou boa tarde e perguntar se ainda estava demorado.
– Passou agora a Baleizão,- respondia.
Sabia por essa altura que tinha com sorte uns vinte minutos de espera. Não que o comboio, – era quase sempre uma automotora- demorasse ainda muito, mas a partir da ponte até chegar a Brinches a linha era sempre a subir.
E mandavam as normas de segurança que só quando a composição chegasse a esse destino e o chefe da estação ou guarda da passagem, não sei, telefonassem para os postos da ponte é que se podia franquear a passagem aos automóveis.
Não fosse um dos vagóns desligar do comboio e vir desgovernado linha abaixo chocar com algum desgraçado automobilista, argumentava a CP através dos funcionários da ponte.
Mas depois do comboio passar, e os guardas receberem o telefonema esperado pensam que era só andar?
Nem pensar!
Não era pera doce. Não, não!
Como a foto documenta e os que como eu lá passaram centenas de vezes podem testemunhar, a ponte tinha apenas espaço para uma faixa de rodagem.
Primeiro passavam uns dum lado e depois do outro. Devagarinho que as tábuas da ponte tocavam castanholas nas solas dos nossos pés. E havia carros ligeiros, carros menos ligeiros, as incontornáveis motorizadas e ainda as carroças de tracção animal!
O país era o ainda esse das profundezas que Cavaco Silva evocou uma vez mas já com sabor a efeméride.
Voltando à ponte:
Era ver os dois guardas com as rodelas, dum lado verde, do outro vermelho a encimar o pau que esperávamos verde que o outro, o da passagem, já estava levantado e nós cheios de tesão para passar a ponte e chegar ao outro lado.
Belos tempos dizemos agora quando nem nos lembramos dela lá em baixo quando em vez de castanholas nos pés, dançamos ao ritmo do cavalo do Bastinhas com os altos e baixos serpenteantes do que agora chamamos a ponte de Serpa.
Estamos mais próximos, o país está mais pequeno.
Tão pequeno que morando um destes dias toda a gente em Lisboa, as estradas só sirvam para que fiquemos mais perto da fronteira.
Essa a do mapa, porque Espanha já mora cá dentro.
12 de Junho de 2008 às 10:19
Bom texto charlie, obrigado por ter partilhado estas memórias
12 de Junho de 2008 às 11:53
€ Bejense
É verdade.
Vamos acabando e ficando só memórias.
Obrigado pelo apreço ao texto.
12 de Junho de 2008 às 14:21
O texto do charlie faz jus à beleza da foto, sem dúvida.
12 de Junho de 2008 às 15:03
@manuel – relativamente à data da conclusão da obra de betão (e respectiva inauguração), espero numa próxima passagem pelo local verificar o que diz a legenda. Ou, então, que algum leitor o possa fazer ou mesmo saber.
Sei que em 1977 a mesma ainda estava em obras. Más recordações de um acidente de aviação ocorrido junto ao local e onde faleceu um grande amigo.
12 de Junho de 2008 às 17:32
Um acidente em que disseram a aeronave ter embatido nos cabos eléctricos? Se foi esse, lembro-me. Um dos mortos era meu familiar embora eu não o conhecesse.
Pois não há assim dúvida de que foi inaugurada no final da década.
Encontrei entretanto uns apontamentos em que se percebe que a obra decorria em Julho de 74.
Foi de facto a confusão da época que a atrasou. Agora quero mesmo perceber é quando começou.
Que a minha memória de lá ir é mais de criança do que de adolescente ou mesmo de adulto, que o era em 78, 79.
Abraço
12 de Junho de 2008 às 18:03
@manuel – exacto, o acidente foi a 15/2/1977.
12 de Junho de 2008 às 18:21
Achei o postal, que eu sabia estar estragado mas pensava que não tanto.
Ainda assim, mostra bem que a obra se prolongou muito mais do que devia.
Em Novembro de 1975, estava já feita mais do que a metade do tabuleiro.
24 de Junho de 2008 às 19:24
[…] propósito dos comentários neste post, confirma-se a data de conclusão da referida ponte: […]