Muito gostava de saber o que leva o nosso amigo João Espinho a publicar tão frequentemente neste seu blog fotografias, umas vezes suas outras alheias, onde se evidencia a aliança do erotismo com símbolos religiosos. Não que haja o menor puritanismo nesta minha estranheza, até porque entendo e aplaudo os que consideram a sexualidade como o brinquedo de Deus dado aos homens e mulheres, entenda-se Deus como entidade real, ou como a mais sublime criação da mente humana.
A dúvida é se devemos classificar a cabeça do João com o velho cliché, se com uma das suas possíveis variações: cabecinha pensadora, cabecinha sonhadora (o sonho duma sociedade menos preconceituosa) ou, para os puritanos, cabecinha pecadora…
@charamba – nada me move para aqui apresentar imagens onde se constata que erotismo e religião não são indissociáveis. SE com estas fotografias eu conseguir, pelo menos, agitar algumas mentes mais preconceituosas, já dou por muito bem empregue este meu tempo em busca destas imagens.
Como pode verificar, as fotografias que refere são sempre editadas aqui ao Domingo, dia consagrado ao Senhor na minha religião. E, catolicamente aos Domingos, tenho visitantes fiéis.
Até porque Deus criou toda a Natureza e vestiu-a de nu.
Os Homens é que despem a sua nudez cobrindo-a de roupa.
Onde está Deus?
Em toda a parte; no ar, na água, no arrepio, na saliva, num toque de pele, em todo o lado.
Excepto nessa criação do demónio: os trapos.
Que o diga o touro quando enfurecido investe contra o vermelho duma ilusão.
Se não houvesse trapos, não haveria toureio a pé.
Amigo(a)s dos animais! Gente anti-tourada: Fora com a roupa! Pobres dos bichos!
(heheehe estes já estão no papo, agora só falta convencer aquele torrão de açucar que mora mesmo ao lado, a ver se vem ao quintal com menos que o bikini)
E viva o dia do Senhor!
Amen
@João Espinho – A minha pergunta só aparentemente era provocatória, mas era evidente que eu esperava uma resposta como foi a sua. Les beaux esprits toujours se rencontrent, já que a modéstia nunca foi o meu forte.
Confesso que não tinha reparado que as suas emissões tinham uma periodicidade liturgicamente semanal, aos domingos, o que me leva a concluir que, enquanto eu defendia a compatibilidade entre o transcendente e o erótico fora das confissões religiosas, você vai francamente mais longe e defende essa compatibilidade, direi mesmo essa indissociabilidade mesmo portas a dentro da sua religião, a despeito de todo um passado de puritanismo que tem propalado ao longo de muitos séculos, sobretudo durante os de franca sacerdotocracia.
A única diferença, pois, entre a sua posição e a minha, é que você afirma, aos domingos, liturgicamente, a sua tese, e eu, desprovido do conforto da fé, tenho que a afirmar todos os sete dias de semana. Que é como quem diz: quando calha…
Nu.
Descansou.
E Deus
Fez o Adão
Fe-lo à sua semelhança.
E po-lo num recanto perfeito, o paraíso.
Mas Adão cansou-se da solidão e Deus com pena deu-lhe Eva.
E andaram pelo paraíso, podiam usar e comer de tudo excepto da árvore que Deus tinha posto para testar os Homens.
Depois?
Eva…
Eva caiu.
Caiu no engodo.
A serpente seduziu a mulher.
Eva mordeu a maça e sobreveio o desencanto
A serpente disse à Eva que não poderia arcar com toda a culpa.
E a Eva sorriu amargamente por não ficar só na desgraça e deu a maçã do pecado a comer a Adão.
Come!
Eu?
Sim! Come,
Eu já comí…
Ficarás tão sabedor como Deus.
Olha para mim, tenho o Paraíso no olhar.
Para quê Deus e a suas regras, se basta um fruto da árvore.
Uma só dentada e ficarás tal como éu, Adão, tão sabedora como Deus e dona de todos os Paraísos do Universo.
Hesitou.
Pensou
Olhou Eva.
Como ela dançava
Todo o seu sorriso enigmático…
De corpo nú e suado, pulsando a ânsia.
Trazia um brilho estranho e diferente no olhar e de novo sorriu-lhe.
E Adão, misto de temor e expectativa, deixou-se levar por Eva, chegou a maçã do Saber aos lábios e mordeu..
Parou.
Assustado.
Este sabor….
Não conseguiu engolir.
A angústia de ter pecado.
Jamais poderia voltar a encarar o olhar Divino.
Que nos fizeste!? Eva! Estamos condenados. Por isto, Deus não nos perdoará nunca.
De que nos serve agora este Saber se perdemos para sempre a graça da vida eterna e sem sofrimento no Paraíso?…
Adão!
Eva!
Onde estáis.
Porque vos escondes?
Porque tapais os vossos corpos?
Acaso fizestes algo que mereça a vossa vergonha?..
Não respondeis! Nem é preciso. Sei de tudo e tudo será diferente agora:
– Agora sofrereis com as doenças e a morte, e já que comestes do Saber, todos os vossos descendentes nascerão com dor.
Levarão o vosso pecado de geração em geração, e tereis vergonha dos vossos corpos que dantes bastava para gloria minha, vosso Criador. Agora condeno-vos e à expulsão e ao rastejar eterno da Serpente….-
@ – Charlie: Caro confrade (e chamo-lhe assim, porque é o que circunstancionalmente somos, hóspedes desta “casa” onde o João Espinho generosamente nos acolhe): confesso que gostaria mais de o ver aplicar a excelente qualidade poética do seu texto na invocação dum Deus de bondade e perdão do que esbanjá-la na glorificação do Deus severo, implacável justiceiro que nos chegou no Génesis, depois dos maus tratos sofridos pelos longos séculos e múltiplas traduções .
Eu tenho, e não me lembro como me chegou, outra versão, onde a bonomia divina é mais celebrada que a sua temível cólera.
Deus ordenou a Adão que procurasse Eva e se reproduzissem. Adão perguntou o que era isso e o Senhor explicou-lhe.
E disse que procurasse a companheira, que entretanto descansava e o aguardava, como Ele lhe ordenara, numa gruta da montanha.
E Adão perguntou o que era uma gruta, o que era a montanha. E o Senhor, pacientemente, esclareceu-o.
E disse-lhe que tinha de atravessar o riacho e subir a montanha para encontrar a gruta. E o Senhor teve de o ensinar sobre o que era o riacho.
Até que Adão encontrou a gruta. Entrou e o Senhor sorriu, enternecido com a ignorância e a obediência de Adão.
Mas foi curto este período de descanso divino. Porque pouco depois aparece Adão à entrada da gruta, a perguntar aflito:
– Senhor, o que é uma enxaqueca?
15 de Junho de 2008 às 9:15
Muito gostava de saber o que leva o nosso amigo João Espinho a publicar tão frequentemente neste seu blog fotografias, umas vezes suas outras alheias, onde se evidencia a aliança do erotismo com símbolos religiosos. Não que haja o menor puritanismo nesta minha estranheza, até porque entendo e aplaudo os que consideram a sexualidade como o brinquedo de Deus dado aos homens e mulheres, entenda-se Deus como entidade real, ou como a mais sublime criação da mente humana.
A dúvida é se devemos classificar a cabeça do João com o velho cliché, se com uma das suas possíveis variações: cabecinha pensadora, cabecinha sonhadora (o sonho duma sociedade menos preconceituosa) ou, para os puritanos, cabecinha pecadora…
15 de Junho de 2008 às 13:37
Taradices…LOL
15 de Junho de 2008 às 13:47
@charamba – nada me move para aqui apresentar imagens onde se constata que erotismo e religião não são indissociáveis. SE com estas fotografias eu conseguir, pelo menos, agitar algumas mentes mais preconceituosas, já dou por muito bem empregue este meu tempo em busca destas imagens.
Como pode verificar, as fotografias que refere são sempre editadas aqui ao Domingo, dia consagrado ao Senhor na minha religião. E, catolicamente aos Domingos, tenho visitantes fiéis.
15 de Junho de 2008 às 14:30
Até porque Deus criou toda a Natureza e vestiu-a de nu.
Os Homens é que despem a sua nudez cobrindo-a de roupa.
Onde está Deus?
Em toda a parte; no ar, na água, no arrepio, na saliva, num toque de pele, em todo o lado.
Excepto nessa criação do demónio: os trapos.
Que o diga o touro quando enfurecido investe contra o vermelho duma ilusão.
Se não houvesse trapos, não haveria toureio a pé.
Amigo(a)s dos animais! Gente anti-tourada: Fora com a roupa! Pobres dos bichos!
(heheehe estes já estão no papo, agora só falta convencer aquele torrão de açucar que mora mesmo ao lado, a ver se vem ao quintal com menos que o bikini)
E viva o dia do Senhor!
Amen
15 de Junho de 2008 às 15:38
@João Espinho – A minha pergunta só aparentemente era provocatória, mas era evidente que eu esperava uma resposta como foi a sua. Les beaux esprits toujours se rencontrent, já que a modéstia nunca foi o meu forte.
Confesso que não tinha reparado que as suas emissões tinham uma periodicidade liturgicamente semanal, aos domingos, o que me leva a concluir que, enquanto eu defendia a compatibilidade entre o transcendente e o erótico fora das confissões religiosas, você vai francamente mais longe e defende essa compatibilidade, direi mesmo essa indissociabilidade mesmo portas a dentro da sua religião, a despeito de todo um passado de puritanismo que tem propalado ao longo de muitos séculos, sobretudo durante os de franca sacerdotocracia.
A única diferença, pois, entre a sua posição e a minha, é que você afirma, aos domingos, liturgicamente, a sua tese, e eu, desprovido do conforto da fé, tenho que a afirmar todos os sete dias de semana. Que é como quem diz: quando calha…
16 de Junho de 2008 às 1:26
Nu.
Descansou.
E Deus
Fez o Adão
Fe-lo à sua semelhança.
E po-lo num recanto perfeito, o paraíso.
Mas Adão cansou-se da solidão e Deus com pena deu-lhe Eva.
E andaram pelo paraíso, podiam usar e comer de tudo excepto da árvore que Deus tinha posto para testar os Homens.
Depois?
Eva…
Eva caiu.
Caiu no engodo.
A serpente seduziu a mulher.
Eva mordeu a maça e sobreveio o desencanto
A serpente disse à Eva que não poderia arcar com toda a culpa.
E a Eva sorriu amargamente por não ficar só na desgraça e deu a maçã do pecado a comer a Adão.
Come!
Eu?
Sim! Come,
Eu já comí…
Ficarás tão sabedor como Deus.
Olha para mim, tenho o Paraíso no olhar.
Para quê Deus e a suas regras, se basta um fruto da árvore.
Uma só dentada e ficarás tal como éu, Adão, tão sabedora como Deus e dona de todos os Paraísos do Universo.
Hesitou.
Pensou
Olhou Eva.
Como ela dançava
Todo o seu sorriso enigmático…
De corpo nú e suado, pulsando a ânsia.
Trazia um brilho estranho e diferente no olhar e de novo sorriu-lhe.
E Adão, misto de temor e expectativa, deixou-se levar por Eva, chegou a maçã do Saber aos lábios e mordeu..
Parou.
Assustado.
Este sabor….
Não conseguiu engolir.
A angústia de ter pecado.
Jamais poderia voltar a encarar o olhar Divino.
Que nos fizeste!? Eva! Estamos condenados. Por isto, Deus não nos perdoará nunca.
De que nos serve agora este Saber se perdemos para sempre a graça da vida eterna e sem sofrimento no Paraíso?…
Adão!
Eva!
Onde estáis.
Porque vos escondes?
Porque tapais os vossos corpos?
Acaso fizestes algo que mereça a vossa vergonha?..
Não respondeis! Nem é preciso. Sei de tudo e tudo será diferente agora:
– Agora sofrereis com as doenças e a morte, e já que comestes do Saber, todos os vossos descendentes nascerão com dor.
Levarão o vosso pecado de geração em geração, e tereis vergonha dos vossos corpos que dantes bastava para gloria minha, vosso Criador. Agora condeno-vos e à expulsão e ao rastejar eterno da Serpente….-
16 de Junho de 2008 às 9:34
@ – Charlie: Caro confrade (e chamo-lhe assim, porque é o que circunstancionalmente somos, hóspedes desta “casa” onde o João Espinho generosamente nos acolhe): confesso que gostaria mais de o ver aplicar a excelente qualidade poética do seu texto na invocação dum Deus de bondade e perdão do que esbanjá-la na glorificação do Deus severo, implacável justiceiro que nos chegou no Génesis, depois dos maus tratos sofridos pelos longos séculos e múltiplas traduções .
Eu tenho, e não me lembro como me chegou, outra versão, onde a bonomia divina é mais celebrada que a sua temível cólera.
Deus ordenou a Adão que procurasse Eva e se reproduzissem. Adão perguntou o que era isso e o Senhor explicou-lhe.
E disse que procurasse a companheira, que entretanto descansava e o aguardava, como Ele lhe ordenara, numa gruta da montanha.
E Adão perguntou o que era uma gruta, o que era a montanha. E o Senhor, pacientemente, esclareceu-o.
E disse-lhe que tinha de atravessar o riacho e subir a montanha para encontrar a gruta. E o Senhor teve de o ensinar sobre o que era o riacho.
Até que Adão encontrou a gruta. Entrou e o Senhor sorriu, enternecido com a ignorância e a obediência de Adão.
Mas foi curto este período de descanso divino. Porque pouco depois aparece Adão à entrada da gruta, a perguntar aflito:
– Senhor, o que é uma enxaqueca?
16 de Junho de 2008 às 10:01
Uma versão mais contemporânea relata que Eva mandou Adão fazer um “upgrade peniano“.
16 de Junho de 2008 às 12:06
@ João Espinho
Pois é. Mas Adão era leitor assíduo de Pacheco Pereira e tinha aprendido que quem nasce lagartixa nunca chega a jacaré
16 de Junho de 2008 às 17:10
hehehe! Boa malha João.
Charamba: a enxaqueca é mesmo filha da gruta… 😉