Abr 28 2008
Basta! Já chega!
Crónica publicada no Correio Alentejo de 25/4/2008
1.
Foi assim, com a expressão que serve de título a esta crónica, que Luís Filipe Menezes encenou a sua saída de líder do PSD. Dramático, como convém nestas ocasiões, proclamou-se vítima de meia dúzia de críticos, um número seguramente pouco rigoroso, mas que lhe saiu inadvertidamente da boca, tentando apoucar o crescente número de vozes que, dentro do Partido, lhe apontavam a inabilidade para a liderança, a incapacidade para ser o motor da agenda política, a incompetência para vencer eleições.(…)
2.
A quem apetece também dizer “Basta!” é aos responsáveis pela Câmara Municipal de Beja que, num passe de mágica, e a reboque da Ovibeja, pretende agora proclamar que a sua renovada imagem gráfica está associada a uma nova forma de encarar o futuro do concelho.(…)
1.
Foi assim, com a expressão que serve de título a esta crónica, que Luís Filipe Menezes encenou a sua saída de líder do PSD. Dramático, como convém nestas ocasiões, proclamou-se vítima de meia dúzia de críticos, um número seguramente pouco rigoroso, mas que lhe saiu inadvertidamente da boca, tentando apoucar o crescente número de vozes que, dentro do Partido, lhe apontavam a inabilidade para a liderança, a incapacidade para ser o motor da agenda política, a incompetência para vencer eleições. Provavelmente Luís Filipe Menezes não reparou no País que se propunha governar. Acolitado por delirantes conselheiros, Menezes nunca conseguiu embaraçar a governação socialista, preferindo os meandros enlameados do insulto, da desconfiança infantil, achou que para o País seria melhor examinar uma relação do Primeiro-Ministro ou que rebaixar os seus mais directos adversários internos lhe traria a glória do reconhecimento nacional.
Não se sabe se Menezes regressará com a vaga de fundo. Se voltar, oxalá os militantes do PSD lhe saibam dizer “Basta! Já chega!”.
2.
A quem apetece também dizer “Basta!” é aos responsáveis pela Câmara Municipal de Beja que, num passe de mágica, e a reboque da Ovibeja, pretende agora proclamar que a sua renovada imagem gráfica está associada a uma nova forma de encarar o futuro do concelho. Tenta-se, pela propaganda, apresentar um novo bilhete de identidade da autarquia, não se poupando num entusiástico vocabulário, cheio de floreadas promessas. Atente-se: “Beja cidade de afectos, cidade de carinhos, uma urbe onde a qualidade de vida é evidente, um espaço onde se pode usufruir de um quotidiano com tempo para a família, para os amigos, para o lazer.” E todo esta quimera para quê? Segundo a máquina de reclames da CMB porque este é um dos “principais factores de atracção de investimentos e de investidores, certos que aqui encontrarão não apenas a mão de obra empenhada que necessitam, mas igualmente as condições de produção mais favoráveis (…)”.
Ora, os investimentos não caiem do céu e os investidores só apostam numa casa que lhes dê, de facto, condições para se instalar, que não lhes crie entraves, numa palavra, que os acarinhe. Destaco aqui o exemplo de empresários que se instalaram num concelho vizinho (Ferreira do Alentejo), onde a respectiva autarquia está apostada no desenvolvimento, criando inclusive um Centro de apoio aos investidores. Para já, fugiram de Beja cerca de 1 milhão e 400 mil euros e algumas dezenas de postos de trabalho. Realce-se que estas empresas (4) têm sede na zona da grande Lisboa. Terem preterido a capital do Distrito deveria deixar a pensar os responsáveis políticos do município bejense.
Então, das duas uma.
Ou a autarquia está mesmo empenhada em mudar a sua política, em mudar o rumo desta governação de fidelizar votos e desenvolve mecanismos eficientes para atrair investidores e negócios, o que pressupõe desde logo que transforme a estrutura do seu ADN (os genes), abdicando de uma insolência anti-democrática que lhe é característica, abandonando a sua já tradicional filosofia pouco ambiciosa, representada ultimamente pela assinatura de protocolos, aparentemente inconsequentes, com representantes do capitalismo selvagem da República Popular da China, à boleia do projecto do aeroporto, que não se sabe o que vai ser nem isso parece preocupar os edis, ou, então, o município bejense está a tentar vender, mais uma vez, gato por lebre, convencido que é na propaganda intramuros que está a salvação desta cada vez mais pobre parcela do território alentejano.
Beja tem vindo a perder a sua centralidade e vai vertiginosamente deixando de ser o motor do Distrito. Essa avaliação seguramente que já foi feita pelo poder comunista na CMB, pelo que não se acredita que seja com retoques na imagem gráfica que se inverte o rumo e se cria uma nova centralidade, apostada no futuro e na modernidade. Está a tornar-se tarde para apanhar o comboio do desenvolvimento, pelo que vai sendo tempo de dizer “Basta! Já chega!” àqueles que, por actos e omissões, são um obstáculo ao progresso.
3 – A Ovibeja regressa este ano com a comemoração dos seus 25 anos. Imagem de sucesso, é um exemplo de como, sem rasgar as tradições, se pode ter os olhos no futuro. Votos de longa e profícua vida para a grande Feira do Sul, é o que se deseja.