Mar 18 2008
Go! Shopping Beja
Um projecto para o Estádio Flávio dos Santos que é reprovado, numa altura em que está a decorrer um concurso público de ideias para aquele espaço.
Seguramente que este “chumbo” não terá sido uma contrariedade para os responsáveis da Câmara Municipal de Beja que, apesar do concurso público, deverão ter uma ideia muito precisa do que pretendem para aquele espaço da cidade de Beja. E a pretensão camarária não é, nem de perto nem de longe, a da criação de uma zona comercial.
Os receios de que grande parte daquela área venha a ser ocupada por apartamentos (zona residencial), vão tendo o seu fundamento.
Ou serei eu que estou a ver mal?
(notícia Radio Pax)
18 de Março de 2008 às 19:09
Há quatro anos, a caminho de Madrid, reparei num pormenor entre os muitos outros que nos saltam à vista quando nos aproximamos daquela megalópole que começa a ser Madrid ainda a uma hora antes do carro chegar ao ponto onde a NV se bifurca entre a Avenida de Portugal e El Paseo de Extremadura para se diluírem, após as pontes sobre as águas tímidas do Manzanares, no emaranhado infinito da cidade.
Um ano antes reparara como intervalados por polígonos industriais, nos remotos arredores da capital espanhola, bairros inteiros exibiam a placa “Se vende”.
Agora, as placas a exibir a sua disponibilidade para venda continuavam.
Paradoxalmente novas construções cresciam a rompendo do chão sobre as garras ameaçadoras de incansáveis gruas.
Construir, construir, construir….para quase não vender.
Um pesadelo sem nexo tendo como único objectivo manter uma dinâmica financeiro- industrial de crescimento económico baseada no gigantesco fluir e acumular de capitais que a construção representa sob a expectativa de hipotéticas futuras vendas.
Obviamente insustentável num quadro de oferta inflacionada e procura naturalmente limitada, tudo sustentado pelo crédito mundial interbancário. Esse mecanísmo que rompeu precisamente na maior economia do mundo :EUA!
Neste momento em Madrid tal como por cá, dificilmente os bancos aceitam as casas como garantia. De casas estão eles cheios! De capital imobilizado a longo prazo e sem perspectivas de resolução rápida. Uma onda de falências de empresas de construção e de imobiliárias pôs a tónica na real.
Mas não só por lá.
A crise financeira é mundial. Com uma das vertentes principais precisamente no negócio da habitação.
Em muitos locais, o excesso de construção rompeu equilibrios ecológicos, criou enormes problemas urbanísticos, de transportes, de fornecimentos e logistícas a vários níveis.
Longe de se construir a Polis, fez-se do viver o Inferno diário. E não satisfeitos, construiu-se mais. E mais e mais. Onde se podia, onde não se podia, onde se devia e onde nunca se deveria. E arrastou fluxos enormes de capital agora sem retorno.
*
Por cá e à escala, é só olhar para as placas de “vende-se” que começam a mudar de cor. As zonas novas da cidade que sucumbiram à lógica e sublógica corruptora do betão. De ruas estreitas transformadas em poços onde o sol apenas se atreve a espreitar uns minutos no inverno. Prédios inteiros onde não se vendeu um único apartamento.
Perante isto o que temos em perspectiva?
O arrepiar caminho e aproveitar um espaço periférico que a cidade englobou de forma a fazer-se Nobre e Cidade?
Ás vezes somos ingénuos e damos connosco a pensar que há homens que ainda sonham nos intervalos do mandar.
18 de Março de 2008 às 22:41
se não for estes balões de oxigénio, como é que a camara alimentava os seus devaneios? o dinheiro não cai do ceu…
19 de Março de 2008 às 11:09
@ João Barros,
Dar uma dose a um entoxicado só lhe alivia o delírio…