Jan 18 2008

O Olhar de … Nuno Júdice

Publicado por as 8:30 em Fotografia,O Olhar de....,Poetas

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foto: Anne Vitale

    DEMOCRACIA

    Fui dar com a democracia embalsamada, como
    o cadáver do Lenine, a cheirar a formol e aguarrás,
    numa cave da Europa. Despejavam-lhe por cima
    unguentos e colónias, queimavam-lhe incenso
    e haxixe, rezavam-lhe as obras completas do
    Rousseau, do saint-just, do Vítor Hugo, e
    o corpo não se mexia. Gritavam-lhe a liberdade,
    a igualdade, a fraternidade, e a pobre morta
    cheirava a cemitério, como se esperasse
    autópsias que não vinham, relatórios, adêenes
    que lhe dessem família e descendência. Esperei
    que todos saíssem de ao pé dela, espreitei-lhe
    o fundo de um olho, e vi que mexia. Peguei-lhe
    na mão, pedi-lhe que acordasse, e vi-a mexer
    os lábios, dizendo qualquer coisa. Um testamento?
    a última verdade do mundo? «Que queres?»,
    perguntei-lhe. E ela, quase viva: «Um cigarro!»
    Nuno Júdice

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4 Resposta a “O Olhar de … Nuno Júdice”

  1. madalena diz:

    Olha João, nem sei que te diga.

  2. Marcos diz:

    O que vocês não sabem é que este júdice se anda a atirar à minha mulher. manda-lhe sms.

  3. marcos diz:

    Tretas? Afinal, até são … há cerca de dez anos. Pergunte a quem quiser. Quanto à poesia… muita parra e pouca uva. Aquilo faz-me lembrar uma espécie de algaraviada ou, talvez… de culinária! Preferiria mesmo o Pedro Abrunhosa.

  4. marcos diz:

    Sou um técnico e encontro em plena sanidade mental, simplesmente reveoltado com estas 2 proeminências invisíveis. Só para terminar: «Romã» é uma alcunha da família dela. (Sei mais do que possam pensar).
    Terminado

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