Não mereceu grandes discussões a atribuição deste Prémio. Houve unanimidade na votação final e só nas argumentações se verificaram algumas divergências. Alguns gostariam de realçar atitudes públicas – entrevistas nas rádios, declarações à saída de reuniões, etc… – outros preferiam que se realçassem algumas expressões – mais ou menos felizes, mas foi a soma das várias prestações e posturas que levaram à atribuição do Pelourinho 2007 – Figura do Ano – Regional a Francisco dos Santos, Presidente da Câmara Municipal de Beja.
Não o tratamos aqui por Chico, pois ninguém esquecerá o seu “não me trates por Chico!”, arremessado em plena Assembleia Municipal, microfones ligados para uma plateia atenta, e que só não consta da acta dessa sessão para salvaguardar a imagem de um Presidente cordato e afável.
A expressão “não me trates por Chico!” caracteriza bem a primeira metade do mandato autárquico de Francisco dos Santos. Isto é: há uns que têm acesso ao tratamento por tu, ao tratamento vulgar por Chico. São os bafejados pela felicidade suprema de poderem partilhar alguma coisa com o Presidente. Alguns serão Chicos espertos e esperam mais do que o tratamento por tu. Desejam favores ou coisa parecida. Mas o Chico – desculpem, o Dr. Santos, para ser mais correcto, – não vai nessas conversas. Daí a separação das águas. Recupera-se a muralha de aço e do outro lados estão os que levam na cara com o “não me trates por Chico!”. Adulador das ditaduras comunistas, tem emprestado à cidade de Beja uma visão diferente de fazer política. É uma visão rasgada, percebe-se, muito influenciada pelo culto do Oriente, e que levou o Senhor Presidente a oferecer ao lobby chinês uma assinatura protocolar em que se dá tudo a troco de nada. Muitos ficaram com os olhos em bico, outros passaram a comer arroz a todas as refeições. A maior parte julga que o tal protocolo sino-bejense se transformou em guardanapo.
Francisco Santos poderá não fazer nada pela cidade, mas o seu nome ficará inscrito nos anais das estórias de Beja como o Presidente que soube por a ralé no seu devido lugar. “Não me trates por Chico!” diz tudo.
Arrebata todos os pelourinhos: ouro, prata e bronze. Porque há coisas que não são partilháveis.