Out 19 2007
Autárquicas 2009
A crónica (ponto 2.) publicada no anterior post, mereceu do Director do “Correio Alentejo” o seguinte Editorial, que destaco, com as vénias devidas:
“Erro táctico
A previsível entrada do ex-socialista José Monge para a equipa comunista da Câmara Municipal de Beja fez despertar na cidade vários debates em torno das próximas autárquicas. Um deles assenta no surgimento, ou não, de uma candidatura de cidadãos independentes. Coisa cara a muitos bejenses, entre eles muitos militantes partidários, como se atesta no texto esta semana assinado no “CA” por João Espinho.
Os argumentos são saudáveis e as intenções muito genuínas. E até é muito provável que surja uma candidatura de independentes em Beja, formada por pessoas qualificadas, capazes de pensar a cidade e traduzir um projecto de mudança com outro arrojo e maior visão. O cenário é muito estimável e um movimento destes faz falta. Discordamos, contudo, que tenha a força necessária para conseguir ganhar as eleições.
Beja não é Alvito. E em Beja, felizmente, não há “Valentins” ou “Isaltinos”! Os melhores quadros dos partidos não vão deixar o conforto dos seus emblemas. A nata da sociedade civil bejense não vai expor-se numa candidatura fora do seu círculo político.
Assim, vale a pena pegar no balde de água fria para fazer notar que uma candidatura de independentes apenas irá fortalecer a CDU, que voltará a apresentar Francisco Santos e a sua actual equipa. E mostrará as contas da Câmara equilibradas, alguma obra e promessas com outro arrojo para o mandato que se segue.
Só os partidos na oposição, com candidaturas mobilizadoras, fortes e muito credíveis, poderão lutar contra o PCP. Uma candidatura de independentes será muito saudável, agitará consciências, mas vai manter os comunistas a governar a cidade. Como sempre, desde o 25 de Abril.” António José de Brito
Merece-me o seguinte comentário:
AJB parte de um pressuposto errado, pois o debate sobre as Autárquicas 2009 (no que se refere a coligações e/ou participação de movimentos independentes) não surge pela mão subitamente vermelha do vereador Monge. Já anteriormente me referi a esse assunto, AM Revez escreveu também naquele jornal sobre o mesmo assunto e em alguns blogs editados na região o mesmo havia já sido aflorado, muito antes de se consumar o casamento de Monge com o PCP. O assunto tomou outra dimensão porque foi abordado com frontalidade por um dirigente socialista, tal como refiro na minha crónica. E isto faz a diferença.
Como se pode perceber, o assunto não se esgotou nem morreu.
20 de Outubro de 2007 às 10:37
Muito embora se possa argumentar com a pulverização da oposição que colocaria o o quadro executivo actual em posição de mãos em esfreganço, é de crer que talvez surgisse um desfecho surpreendente.
Na verdade, um dos elementos fundamentais da democracia – o espectro partidário – está desacreditado.
A desilusão e a descrença é transversal e em muitos sectores da sociedade existe o nítido deixar cair de braços e o desânimo.
No entanto, nada melhor para quem está no poder do que sentir não ter oposição, deste sentir que podem fazer o que muito bem entendem pois além da critica esporádica e a ausência de apresentação de alternativas, pouco os incomoda o papel vigilante e fiscalizador assim desempenhado.
Perante isto, alheado às guerra intestinas que minam e descredabilizam ainda mais os partidos, é inevitável que do gérmen da insatisfação faça confluir num movimento comum, esse réstea de querer, esse reduto dos que não conformam: todos os que ainda resistem, todos os que se atrevem a dizer não!
Talvez fosse bom mesmo para os partidos sentirem de repente que por entre ventos que passam, há outros caminhos, que as possíveis soluções não se esgotam nas suas propostas. Os movimentos espontâneos são tremendamente flexiveis, todos os partidos nascem e crescem assim, como borboletas à volta duma luz que se acende e que se acimenta num ideal.
Depois vem o estatus, os acertos, os jogos de repartição de poder e por fim; a corrupção do conceito que os fundou e finalmente o lamaçal e o desvio da pureza dos ideais.
Os partidos são, todos, hoje companheiros do mesmo pantano.
Talvez, mas só talvez, fizesse falta a tal pedrada no charco.
Só para acordar as rãs….