Set 30 2007
Escrita Erótica
“Era uma noite como outra qualquer. Por acaso até era uma noite especial, embora naquele local sem história, o especial que se comemorava lá fora, era banal aqui dentro. Os corpos repousavam num improvisado sofá, corpos banais, com falhas e imperfeições, de uma banalidade mítica que só se conhecem nos momentos especiais.
Bocas nervosas verbalizavam sem se deter, cientes na força do silêncio, propulsor do abraço quente e forte que os corpos exigiam, em gritos mudos. Tocaram-se, motivados pela fome canina do desejo, entregues na paixão do efémero, consomem-se com a volúpia da primeira e única vez. Comem-se com a suprema tesão dos amantes furtivos, vasculhando com lábios insaciáveis todos os recantos de um corpo que era seu sem nunca o ter sido. Mas são traídos por gestos e olhares, mais expressivos que as palavras que não querem ou sabem dizer! Afastam-se, cada um segue mudo o seu próprio destino, depois de fingirem foder quando se amaram!”
Amélia
(contributo para um dos Passatempos referentes ao Festival do Amor)