Set 13 2007

A posta chat

Publicado por as 20:07 em Geral

Aceito o repto do leitor AMR e lanço-o aos leitores.
Mas gostaria de dar o mote.

os amores possíveis nada têm a ver com o Amor

Esta afirmação de José Eduardo Agualusa, que li no Last Breath, tem muito que se lhe diga. Serão os leitores capazes de pensar em alto na caixa de comentários?
Sirvam-se de canapés, as bebidas estão no armário da direita. Quem conhece os cantos à casa que sirva o gelo e ponha os guardanapos na mesa. Quem precisar de ir à casa de banho, que saia discretamente.
Comentem-se!

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14 Resposta a “A posta chat”

  1. AMRevez diz:

    Pontapé de saída:

    Discordo: O amor tem certamente mais a ver com os amores possíveis do que com os impossíveis. A impossibilidade é alimento mais adequado à paixão e à pulsão, ou até à obsessão. O amor precisa de “condições de possibilidade”, mesmo que estas sejam difíceis de alcançar, perturbadoras ou arriscadas. Precisa do “chão” onde se desenvolvem os encontros, as conquistas e as partilhas. Contudo, há um outro universo da “possibilidade” que, de facto, pouco ou nada tem a ver com o amor, da mesma forma que também pouco ou nada tem a ver com a amizade, ou outros sentimentos similares. Refiro-me à possibilidade que se confunde com a “facilidade”, com o oferecimento sem resistência e sedução, com a entrega interesseira e sem critério autêntico. Platão disse que “tudo o que é belo implica dificuldade”, e se a impossibilidade foi associada aos amores platónicos, eu, no que ao amor diz respeito, aproximo-me mais do terreno da realidade e respondo com Woody Allen: “Cloquet odiava a realidade, mas achava que era o único sítio possível para se comer um bife…”. Bife parece-me ser uma carnívora metáfora do amor…

  2. guess diz:

    Até alguem me conseguir definir “amor” para mim tudo é amor.
    Que me provem o contrário

  3. nikonman diz:

    @guess – tudo é amor? Uma colher de chá numa chávena de café é amor?

  4. Charlie diz:

    Quem já pisou a linha do horizonte?
    Quem pensa, iludido na cegueira do sol pôr, alguma vez ter amado?
    O amor é inatingível, uma quimera escorrendo entre os dedos em areias e ilusão.
    Sempre que alguém pense te-lo encontrado, mesmo se pousado na palma da mão, não o consuma.
    Ele desfaz-se no pó do nada de que é feito a nau do desejo à chegada.
    Afinal, apenas a viagem importa e o amor fica já ali onde o sol em chamas,
    numa linha eterna dum verso por terminar, nos chama.

  5. ofthewwod diz:

    O amor possível, ou os amores possíveis, só são o amor do momento; às tantas, os amores verdadeiros são sempre uma impossibilidade a cada instante…
    Amores impossíveis serão aqueles que têm a ver com o Amor verdadeiro, o que precisa de “chão”?

  6. mad diz:

    Acho que não é possível discutir o amor.
    O Amor não é feito de clichés, aliás, acredito que cada um tem a sua forma de amar. O amor que vale para uns não é o mesmo que vale para outros.
    Eu sinto-me a cada dia que passa a descobrir o amor e a minha forma própria de amor. É um processo longo que se atinge numa determinada etapa do amadurecimento pessoal e do conhecimento próprio do ser.
    Este foi um belíssimo mote João. Levo lá para o meu canto para escrever um destes dias.
    Escreverei sobre a minha forma de amar e de viver o amor.
    Aliás este é o mês do amor na nossa cidade e só apetece amar.

  7. zig diz:

    Hmmm, o primeiro cheirinho a Festival do Amor!

    Pois, esta coisa do amor ultimamente não quer nada comigo, por isso, vou opinar aqui o quê?

    Podes estar descansado, não vou ser de novo o “estraga-festas”!

  8. nikonman diz:

    @zig – falar de amor não estraga festas, apesar de muitas festas poderem estragar o amor.

  9. nikonman diz:

    @mad – o Amor é para se viver. Discuti-lo é perder o tempo de amar.

  10. AMRevez diz:

    Não se deve confundir os planos. Na sua essência o amor é indizível e inefável, tal como também é vivido na estrita singularidade dos parceiros dando origem a uma relação única e incomparável. Contudo, essa dimensão vivencial da experiência amorosa, não obsta a que se possa conceptualizar o amor ou a expressá-lo e traduzi-lo na sua intensidade e significado, é o que fazem os filósofos, os poetas, os pintores, os fotógrafos.

  11. Claudia diz:

    Tornar o amor real é expulsa-lo de você, para que ele possa ser de alguém.

  12. paulo diz:

    Quando uma chávena de café não se identifica com a sua colher porque não encontra o que procura numa colher de chá?
    Quando uma colher de chá se identifica com uma chávena de café quem ou o que a impede de tentar entrar?
    Se isso é amor … talvez. Depende do conceito que cada um tem de amor.
    O que é real para mim pode não ser real para outro … ou até dependa do “meu momento” …

  13. nikonman diz:

    @paulo – o amor não é compatível com a busca de definições de real, de conceitos sobre o acaso ou mesmo sobre o momento de cada um. Mas será certamente, também, a soma de tudo isto.

    (recebeste a minha resposta por maisl? foi suficiente a informação?)

  14. Zénite diz:

    Nikonman,

    Tentarei dar uma achega, nada achegando, porquanto os amores possíveis são tão variáveis, que, por certo, alguns deles terão a ver com o Amor. Invariáveis, invariáveis, só os advérbios que por pululam no texto. 🙂

    do amor como jogo e arte

    o amor é um jogo de regras mil e todavia
    sem regras e apesar disso quiçá ainda por tal
    não só é jogo é arte é mistério e fantasia
    de poeta que o sonha luz imortal
    ou de joalheiro que lavra e cinzela em metal fundente
    as jóias em linhas mestras ainda e tanto em espiral
    que por vezes cedo antes ou depois se quebram
    quando se parte um elo da corrente

    o amor é semente guiada pelo vento
    que busca a água algures além na fonte
    longe ou perto acima abaixo e ali defronte
    e desabrocha em flor aqui e alhures ali no monte
    sobretudo e sobremodo eternamente

    vive de beijos e é de abraços tão carente
    que bem ou mal pior ou melhor
    ainda e tanto como outrora antigamente
    se alimenta de si próprio e é das palavras tão sedento
    que é tudo na vida e muito mais tal e qual provavelmente
    que tantas vezes quão demasiadas porventura
    não somente é paz e doce encantamento
    como é fonte de inesgotável pranto e amargura

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