Set 13 2007
A posta chat
Aceito o repto do leitor AMR e lanço-o aos leitores.
Mas gostaria de dar o mote.
Esta afirmação de José Eduardo Agualusa, que li no Last Breath, tem muito que se lhe diga. Serão os leitores capazes de pensar em alto na caixa de comentários?
Sirvam-se de canapés, as bebidas estão no armário da direita. Quem conhece os cantos à casa que sirva o gelo e ponha os guardanapos na mesa. Quem precisar de ir à casa de banho, que saia discretamente.
Comentem-se!
13 de Setembro de 2007 às 20:52
Pontapé de saída:
Discordo: O amor tem certamente mais a ver com os amores possíveis do que com os impossíveis. A impossibilidade é alimento mais adequado à paixão e à pulsão, ou até à obsessão. O amor precisa de “condições de possibilidade”, mesmo que estas sejam difíceis de alcançar, perturbadoras ou arriscadas. Precisa do “chão” onde se desenvolvem os encontros, as conquistas e as partilhas. Contudo, há um outro universo da “possibilidade” que, de facto, pouco ou nada tem a ver com o amor, da mesma forma que também pouco ou nada tem a ver com a amizade, ou outros sentimentos similares. Refiro-me à possibilidade que se confunde com a “facilidade”, com o oferecimento sem resistência e sedução, com a entrega interesseira e sem critério autêntico. Platão disse que “tudo o que é belo implica dificuldade”, e se a impossibilidade foi associada aos amores platónicos, eu, no que ao amor diz respeito, aproximo-me mais do terreno da realidade e respondo com Woody Allen: “Cloquet odiava a realidade, mas achava que era o único sítio possível para se comer um bife…”. Bife parece-me ser uma carnívora metáfora do amor…
13 de Setembro de 2007 às 21:19
Até alguem me conseguir definir “amor” para mim tudo é amor.
Que me provem o contrário
13 de Setembro de 2007 às 23:51
@guess – tudo é amor? Uma colher de chá numa chávena de café é amor?
13 de Setembro de 2007 às 23:59
Quem já pisou a linha do horizonte?
Quem pensa, iludido na cegueira do sol pôr, alguma vez ter amado?
O amor é inatingível, uma quimera escorrendo entre os dedos em areias e ilusão.
Sempre que alguém pense te-lo encontrado, mesmo se pousado na palma da mão, não o consuma.
Ele desfaz-se no pó do nada de que é feito a nau do desejo à chegada.
Afinal, apenas a viagem importa e o amor fica já ali onde o sol em chamas,
numa linha eterna dum verso por terminar, nos chama.
14 de Setembro de 2007 às 0:14
O amor possível, ou os amores possíveis, só são o amor do momento; às tantas, os amores verdadeiros são sempre uma impossibilidade a cada instante…
Amores impossíveis serão aqueles que têm a ver com o Amor verdadeiro, o que precisa de “chão”?
14 de Setembro de 2007 às 0:15
Acho que não é possível discutir o amor.
O Amor não é feito de clichés, aliás, acredito que cada um tem a sua forma de amar. O amor que vale para uns não é o mesmo que vale para outros.
Eu sinto-me a cada dia que passa a descobrir o amor e a minha forma própria de amor. É um processo longo que se atinge numa determinada etapa do amadurecimento pessoal e do conhecimento próprio do ser.
Este foi um belíssimo mote João. Levo lá para o meu canto para escrever um destes dias.
Escreverei sobre a minha forma de amar e de viver o amor.
Aliás este é o mês do amor na nossa cidade e só apetece amar.
14 de Setembro de 2007 às 0:52
Hmmm, o primeiro cheirinho a Festival do Amor!
Pois, esta coisa do amor ultimamente não quer nada comigo, por isso, vou opinar aqui o quê?
Podes estar descansado, não vou ser de novo o “estraga-festas”!
14 de Setembro de 2007 às 1:05
@zig – falar de amor não estraga festas, apesar de muitas festas poderem estragar o amor.
14 de Setembro de 2007 às 1:49
@mad – o Amor é para se viver. Discuti-lo é perder o tempo de amar.
14 de Setembro de 2007 às 7:03
Não se deve confundir os planos. Na sua essência o amor é indizível e inefável, tal como também é vivido na estrita singularidade dos parceiros dando origem a uma relação única e incomparável. Contudo, essa dimensão vivencial da experiência amorosa, não obsta a que se possa conceptualizar o amor ou a expressá-lo e traduzi-lo na sua intensidade e significado, é o que fazem os filósofos, os poetas, os pintores, os fotógrafos.
14 de Setembro de 2007 às 14:20
Tornar o amor real é expulsa-lo de você, para que ele possa ser de alguém.
14 de Setembro de 2007 às 16:00
Quando uma chávena de café não se identifica com a sua colher porque não encontra o que procura numa colher de chá?
Quando uma colher de chá se identifica com uma chávena de café quem ou o que a impede de tentar entrar?
Se isso é amor … talvez. Depende do conceito que cada um tem de amor.
O que é real para mim pode não ser real para outro … ou até dependa do “meu momento” …
14 de Setembro de 2007 às 16:49
@paulo – o amor não é compatível com a busca de definições de real, de conceitos sobre o acaso ou mesmo sobre o momento de cada um. Mas será certamente, também, a soma de tudo isto.
(recebeste a minha resposta por maisl? foi suficiente a informação?)
15 de Setembro de 2007 às 23:33
Nikonman,
Tentarei dar uma achega, nada achegando, porquanto os amores possíveis são tão variáveis, que, por certo, alguns deles terão a ver com o Amor. Invariáveis, invariáveis, só os advérbios que por pululam no texto. 🙂
do amor como jogo e arte
o amor é um jogo de regras mil e todavia
sem regras e apesar disso quiçá ainda por tal
não só é jogo é arte é mistério e fantasia
de poeta que o sonha luz imortal
ou de joalheiro que lavra e cinzela em metal fundente
as jóias em linhas mestras ainda e tanto em espiral
que por vezes cedo antes ou depois se quebram
quando se parte um elo da corrente
o amor é semente guiada pelo vento
que busca a água algures além na fonte
longe ou perto acima abaixo e ali defronte
e desabrocha em flor aqui e alhures ali no monte
sobretudo e sobremodo eternamente
vive de beijos e é de abraços tão carente
que bem ou mal pior ou melhor
ainda e tanto como outrora antigamente
se alimenta de si próprio e é das palavras tão sedento
que é tudo na vida e muito mais tal e qual provavelmente
que tantas vezes quão demasiadas porventura
não somente é paz e doce encantamento
como é fonte de inesgotável pranto e amargura