Ago 14 2007
UM PASSEIO POR BEJA
Domingo foi dia de irmos pela cidade, sem rumo, com o objectivo de fazer fotografia.
O ponto de partida foi o Jardim do Bacalhau, dali seguimos para a avenida M. Fernandes e Largo de Santo Amaro. Ali juntou-se-nos o Ricardo (bastou um telefonema e de imediato estávamos apresentados) e fomos em busca de um sítio para beber café ou uma água.
Não é fácil. O Domingo bejense é o coroar dos dias que passam numa cidade onde nada se passa. Praça da República deserta, cafés e esplanadas encerradas, apontámos para o novo ( e bastante divulgado) espaço museológico da Rua do Sembrano.
Esquecemo-nos que estávamos em Beja.
O aviso está lá; a gente é que pensava que aquilo funcionava como um Museu (“fecham às 2ªs”).
Tretas:
foto: joão espinho
Deu para perceber que a coisa é de grande nível, onde o público tem a vantagem de conhecer, ao pormenor, vestígios de civilizações passadas.
Ora vejam lá:
foto: joão espinho
Não demos por mal empregue aquele tempo de nariz na porta, pois tomámos também contacto com a riqueza da mesa que ali está e que deveria servir para ter alguém a atender os visitantes. Madeira de primeira, design do melhor (não mostro fotografias para vos obrigar a lá ir), elegância pós-modernista.
Como estávamos na Rua do Sembrano, aproveitámos para usar a passage de acesso à Rua Cap João F. de Sousa. Aquele espaço está degradado – não foram só os nossos olhos que viram, as charcas têm água da mesma cor das savanas que por ali crescem, enfim, o dinheiro público do Polis no seu melhor aproveitamento. É uma verdadeira inutilidade.
foto: joão espinho
Mais um aspecto daquela zona, cujo nome não me recordo, mas que tenho na lembrança ter tido honras de inauguração presidencial:
foto: joão espinho
Bem, chamar inutilidade ao espaço é uma injustiça. Aquilo servirá para muitas coisas (a gente sabe e até vê os vestígios) mas a maior utilidade é mesmo permitir-nos o acesso rápido à baixa bejense.
Só que, mais uma vez, estamos em Beja.
E a passagem para a outra margem é mesmo uma miragem:
foto: joão espinho
Esqueci-me de dizer. Pelo caminho conseguimos beber as águas e os cafés numa nova esplanada ali no Largo de S. João.
Uma esplanada com marca.
foto: joão espinho
E foi este o nosso passeio em Beja. Esta é a cidade que nós vimos com os nossos olhos. Ela existe e está aí para quem a quiser desfrutar. Há outra cidade, diferente, muito mais bela e apelativa, mas para a conhecer terá que visitar o site da Câmara Municipal de Beja ou ler o Boletim Municipal da respectiva autarquia.
Até um próximo passeio.
14 de Agosto de 2007 às 8:57
Perde-se nestas vagas de inutilidade a noção das verbas queimadas.
Tanto dinheiro, tanta treta pseudo-intelectual, com remates de grande retorica
e no fim…
Um corredor do mijo que pela exiguidade de sentido, liga a cidade a duas partes de lado algum…
14 de Agosto de 2007 às 9:32
O blog tambem é importante por isto. Parabéns de um bejense interessado e preocupado com a sua (nossa) cidade
14 de Agosto de 2007 às 10:08
Se eu fosse presidente da Câmara de Beja, não descansava enquanto não te tivesse como assessor (algo idêntico ao que me disse no ano passado Jaime Ramos, presidente da Câmara de Vila Nova de Poiares, depois de um almoço de chanfana que se prolongou numa conversa até à hora de jantar).
14 de Agosto de 2007 às 10:14
@paulo – os assessores da CMB não são escolhidos pela competência ou qualquer outro factor relevante. É tudo uma questão de cartão e respectiva cor.
14 de Agosto de 2007 às 14:48
Ora aqui está uma visão nua e crua do que é a cidade. No mês de Agosto a cidade era para estar com gente nas ruas! Mas há pessoas que insistem em achar que está tudo bem assim…
Chocou-me aquele espaço entre a rua do Sembrano e a Rua Capitão Francisco Sousa. A relva estava tão alta e a água tão suja, como comprovam as fotografias, que ainda pensei que estivesse nalguma savana com formas de vida mutante, algures numa “Beja equatorial”, triste, abandonada e sem rumo.
Agora pergunto: um turista que venha conhecer Beja, perante este cenário, tem vontade de estar e voltar cá?
Abraço!
14 de Agosto de 2007 às 15:02
Faço minhas as palavras do Ricardo! Nós, que estamos habituados a essa paisagem, por vezes temos que vestir a pele do turista que não conhece a cidade. É claro que ele não conhece todos os cantos aqui descritos, mas certamente haverá muitos lugares que são para turista NÃO ver. Só uma cidade apelativa e bem arrumada fixa um turista, para almoçar ou jantar, ou para pernoitar. Ao ver que muitas das atracções turísticas estão mal cuidadas ele não tem vontade em ficar por aqui!
14 de Agosto de 2007 às 15:34
Já nem sei o que dizer sobre a cidade. Custa-me ver amigos partir para outras paragens, mas fico contentes por eles porque vão para cidades que lhes oferecem melhores condições…
Já nem sei o que dizer…qualquer dia também sou eu que “abalo”!
14 de Agosto de 2007 às 17:19
um museu fechado ao fim de semana, sim que os poucos turistas que vao a cidade, especialmente se forem portugueses e durante a semana que la vao… o resto… bem o resto e o que esta a vista e nao so, talvez houvesse muito mais para colocar… mas e preferivel ficar com a amostra… triste triste e ver quem diga que esta tudo bem como se nada se passasse…
14 de Agosto de 2007 às 23:49
A Projecção da silicon valley, lei-se Beja, para não sei bem onde é um factor bem mais relevante do que todos estes PEQUENOS Grandes pormenores que aqui foram citados, mas é nisto mesmo que se está a pecar, ou seja, foi esquecida ou ultrapassada a qualidade de vida quotidiana, dos Bejenses e visitantes, sentindo-se e vendo-se insensibilidade em muitos sectores da CMB, parece mesmo que o que interessa é projectar Be(i)ja, não sei é para onde nem mostrando o quê.
15 de Agosto de 2007 às 0:14
Meu caro Paulo Moura: não e’ Ramos e’ Soares, o Ramos e’ o n. 2 do gajo da Madeira,alias 2 pessoas nada recomendáveis (penso eu de que…)
Tb gosto de chanfana, a minha familia e’ de la perto (Poiares), foi comer ao Restaurante do mercado?
Agora do Jaime Soares,vou ali e já venho…louvo-lhe a resistência (a sua,não a dele, afinal JS já e’ presidente da Câmara há…32 anos)
saudações
João Pedro
15 de Agosto de 2007 às 11:26
Tem razão, JP. E isso só prova que a minha mulher tinha razão, quando me disse que não devíamos ter aceitado a garrafa de whisky que ele ofereceu ao pessoal da nossa mesa. Exactamente no restaurante do mercado.