Jun 20 2007
DA MEMÓRIA – CONTRIBUTO –
O leitor DG deixou em comentário ao post “Da Memória” o seguinte contributo:
“Nikonman!
Já que o tempo é de memórias e não temos a máquina do tempo (infelizmente) é bom recordar esses tempos de menino. O tempo dos vagares, o tempo em tinhamos tempo para ter tempo.
Lembras-te decerto daquela máquina subtil de discos de vinil; com um braço articulado que ia puxar a música para os nossos ouvidos e que, depois de introduzida a moeda da caravela ela começava a debitar música “Oh! darling please believe me…” encontrava-se colocada já dentro do espaço do bar do Senhor Nolasco e da D.º Maria.
De seguida saboreavamos um gelado de gelo. Qual pele ressequida pelo Sol!… Qual camada de ozono!… Qual carapuça!… vá mais umas braçadas que o estilo era Crawl.
Já lá vão 40 anos, meu Deus 40 anos. É MENTIRA…
Eram os espaços físicos da nossa cidade e nós aprendemos a respeitá-los e a gostar deles porque crescemos com eles.
Depois, (aqui começa a estória triste) passados anos chegaram à cidade e ao Alentejo vindos não sei de onde uns senhores tratar das suas vidinhas a soldo de ideologias. Esses senhores nunca sentiram a cidade como sua, não cresceram nela, não sabiam o que era ver o castelo depois de alguns dias de ausência e, cometeram o maior crime de lesa património alguma vez visto na nossa cidade, destruíram a memória fisica das vivências dos bejenses (não nos quiseram ouvir) (chamaram a isso pólis) UM NA NI POLI POLIPOLIANA UM BARQUINHO QUE VEIO DE ESPANHA UM NA NI – requalificação urbana – MERDA PÁ!…
Agora chamam-lhe Be(i)ja, com pronúncia do norte
Só que não nos apagaram a memória. Essa há-de continuar até ao fim dos nossos dias a alimentar-nos o amor pela nossa cidade
VIVA BEJA”.
Este é um retrato da nossa cidade, em poucas palavras, sem um parágrafo a mais.
20 de Junho de 2007 às 19:40
fiquei presa ao ecran a ler..apesar de bem mais nova, consegui (n sei como…) imaginar…como se lá (no passado) estivesse. que descrição fabulosa.
20 de Junho de 2007 às 21:01
Foi uma pena os romanos terem destruido a “Beja” da Idade do Ferro; depois foi um crime,os visigodos terem derribado a fabulosa Pax-Julia; mais tarde vieram esses infiéis que atravessaram o estreito e, em nome de Alá,quase não deixaram pedra sobre pedra da vistosa Paca, onde nasceram e morreram tantos vultos das letras e da ciência;mas não contente com isto, a história, essa miserável destruidora de cidades,tomou o freio nos dentes e veio por aí abaixo e os nossos Afonsos á espadeirada, destruiram a Baju das Mil e uma noites.Não deixaram pedra sobre pedra.Depois, os homens construiram como sempre e voltaram a destruir de novo.Isto é a história.Isto é a vida.Feitas de construções e destruições.Sempre assim foi.Só que agora o mau gosto por vezes sobrepõe-se e ficamos pasmados.Mas o mau gosto não tem ideologia e quando caminhamos por aí estamos a confundir a árvore com a floresta.
20 de Junho de 2007 às 22:19
Pois… mas esqueceram-se que estava lá também um disquinho que na altura não havia à venda em Portugal: o “Je t’aime moi non plus”, eh eh! A malta punha uma moeda de 10 tostões (meio cêntimo, para os mais novos), carregava na dupla mágica de teclas e raspava-se antes que o disco começasse a rodar; e ouvia a uns dez metros, e depois quem é que tinha sido o desavergonhado?
Quanto às mudanças de Beja, há que dizer que a história se repete: a primeira vez que acontece é um drama porque inevitável; da segunda é uma farsa, porque se baseia na hipocrisia, no “carneirismo” e sabe-se lá que mais (vidé isso mesmo, a maior parte das obras do polis).
21 de Junho de 2007 às 8:58
Infelizmente, logo após a conclusão do polis, quando a memória estava bem viva. Os camaradas lá se levantaram das camas, saíram dos lares, e das casas cheias de mofo, para irem religiosamente cumprir os mandamentos do comité central, quais zombies moribundos sem alma.
21 de Junho de 2007 às 9:53
Pronto o mal tá feito…mas Beja continua lá! e o que não está, tá na minha memoria.
bjs
21 de Junho de 2007 às 13:41
Que saudades das crónicas da malograda arquitecta Maria João George que, pondo o “dedo nas feridas” (das obras do Polis) sempre encontrava algo de positivo e novas formas de fruição dos velhos espaços públicos remodelados!