Jan 08 2007
Balanço
(crónica assinada por mim na edição de Janeiro/2007 do jornal “Notícias Alentejo“)
Passadas as festas, que calculo tenham consumido muitas das nossas horas em compras e, principalmente, à volta de mesas recheadas ou, no mínimo, melhoradas, chegámos ao período dos balanços. Fim de ano, princípio de novo, é a ocasião em que nos tornamos analistas do que passou e perspectivamos o que aí vem, como se fossemos uma mistura de fazedores de História e adivinhos, como se tivéssemos a capacidade de nos multiplicarmos em passado e futuro simultaneamente.
Garanto-vos que uma das especialidades que considero mais complicadas é a daqueles que fazem a retrospectiva do ano, enchem páginas com “a revista do ano” ou “as figuras do ano”, etc…
A escolha é sempre difícil e os critérios, raras vezes divulgados, divergem de jornal para revista, de TV para rádio, de blogue para sítio. Cada um tem as suas motivações e não deveremos questionar as razões daqueles que se prestam ao sacrifício de fazer resenhas e sumários do ano que passou.
Eu, que andei por aqui a escrever de blogues e de fotografia, e que na minha Praça já tive o trabalho de oferecer Pelourinhos a figuras, algumas ingratas – porque vêem naquela coisa em pedra um símbolo de tirania, e por isso acham que lhes quero mal, outros porque pensam que os blogues são coisas menores para gente menor, eu, dizia, não sei bem que balanço posso fazer nesta pequena crónica.
Falar de fotografia? Sim, podia fazer um pequeno balanço e dizer que foram publicados excelentes livros que recorreram ao poder da imagem para assim demonstrar a sua excelência – a da escrita e a da fotografia; que houve exposições de qualidade superior e que, por isso, deveriam abandonar as paredes das galerias do costume e meter-se a caminho numa itinerância que só lhes viria a acrescentar valor; que há autarquias encerradas aos novos fotógrafos – ou à nova fotografia – e que se transformaram em agências de emprego para alguns artistas, impedindo que estes avençados se reconstruam e progridam na arte de registar imagens; que há meritórias instituições bancárias a desempenhar um mecenato louvável mas cujos critérios de escolha faz pairar no ar muitas interrogações. Outras questões se poderiam colocar relativamente ao ano fotográfico que agora terminou. Uma certeza, porém, podemos ter: vendem-se cada vez mais máquinas fotográficas. O que não significa que se faça melhor Fotografia. É como os livros que saltam das estantes dos hipermercados mas que, duvido, venham alguma vez a fazer parte das estantes da Literatura. A guerra das marcas parece também não abrandar. Eu sou um nikonmaníaco e, apesar de não me considerar um fundamentalista da marca, desdenho sempre das outras e muito principalmente da sua mais directa rival. Nas máquinas, como em tudo o que gravita à roda da Fotografia, a rivalidade é, ainda, a dominante. Pode ser que um dia se fale de Fotografia com maiúscula e como Arte. Mas o caminho, até lá, é penoso.
Quanto aos blogues e à blogosfera, pois não há muito a dizer. Com a velocidade que leva, apetece dizer “o que lá vai, lá vai”, na certeza porém que os blogues ainda estão a meio caminho de um trajecto que não se sabe onde vai desembarcar, mas que se deseja o da credibilidade e o da escrita madura.
Desejo a todos os leitores do Notícias Alentejo um Feliz Ano Novo.
28 de Janeiro de 2007 às 1:57
“ESCRITA MADURA”RSSSSSSSSSS