Dez 16 2006
LEONOR – A RAíNHA
foto: joão espinho
Eleita “Figura Política de Beja – 2006”, o Praça da República pediu a colaboração de alguns dos seus leitores e colaboradores para que escrevessem um texto em torno desta figura. Damos assim início ao nosso programa de atribuição do galardão Pelourinho 2006.
Na nossa história, porque não dizer nas nossas vidas? tivemos muitas Leonores. Tivemos a Telles, de grande visão de futuro, que nos passados mil trezentos e oitenta e tais já projectava que este cantinho à beira-mar deveria estar integrado em Castela sem termos de nos admirar de agora termos uma Avenida da Liberdade que mais parece El Paseo de La Libertad. Lixou-se por morrer de amores com um tal conde de Andeiro. Valha-nos Deus, ninguém morre por amores de um gajo com um nome desses, melher. Tivemos também uma que andava pela verdura, formosa mas não segura. Na verdade era Leanor, mas o tema de hoje obriga-nos a ter de fazer destas alterações gráficas. Hoje, não poderia mais andar sobre a verdura, neste país queimado até ao tutano, sujando-lhe de negra fuligem os delicados pés. Talvez caminhasse mais segura mas de certeza menos formosa. E a Leonor, minha vizinha do 7º andar, boa como o milho, mas que, pelo dizer da vizinhança, essa fonte de má-lingua, não é flor que se cheire, atendendo que quem a quer ver só quando as persianas se abrem por volta das três da tarde, trabalhando a mecinha toda a santa noite, vá-se lá saber em quê.
(texto de Alves Fernandes)
Mas da Leonor que hoje vos falo, não é nenhuma destas. Foi muito justamente considerada a figura política de Beja, para a atribuição do Pelourinho, pelos estimados leitores desta Praça.
D. Leonor de Lencastre, nasceu em Beja, não se tendo a certeza, porém, da data. Segundo alguns historiadores 1458, segundo outros 1468. Morreu em 1525, tendo feito da caridade o fulcro da sua realeza. Atribui-se-lhe a criação das Santas Casas da Misericórdia. Casou com 12 anos com o primo D. João II, tendo também sido acusada da sua morte por envenenamento, segundo o 24 Horas, prontamente desmentido por Frei Miguel Contreiras, seu confessor, que declarou à Lusa, que o Instituto de Medicina Legal tinha provado que se tratou de peçonha. Aliás, o Ministério Público fez uma longa investigação, que mais tarde se veio a revelar inconstitucional, pelo que o processo nunca chegou aos tribunais. Era também uma rainha de rara beleza tendo sido capa da Vogue, mais de meia dúzia de vezes e página central da Caras outras tantas. Recusou-se a pousar para a Playboy, sendo no entanto um dos modelos mais requisitados pela Dica da Semana e pela Mango, onde apresentou a nova colecção de hábitos das Clarissas. A sua beleza causava tanta inveja a certas tias do reino, que sofreu várias torturas físicas e morais, a elas não sendo alheio seu amo e esposo D. João II, considerado determinado e insensível de tal maneira que ali, um pouco mais acima, em Évora mandou decapitar o seu cunhado Duque de Bragança e também apunhalar o irmão da rainha, Duque de Viseu. Acho que foi ele o célebre autor da frase
18 de Dezembro de 2006 às 10:02
Fabuloso!