Set 12 2006
PRÓS E CONTRAS
Da poltrona, preparei-me para assistir ao debate de ontem à noite, na RTP1.
Pouco se acrescentou ao que já se sabe: Mário Soares alia a arrogância que o nome lhe dá à patetice de dizer os disparates que lhe vêm à boca. Argumentar com a plutocracia americana, advogar o diálogo com os terroristas da al-Qaeda e culpar a América/Bush pelos males do mundo, são as cerejas de um bolo que vem a ser confeccionado há uns tempos. Pacheco Pereira teve a inteligência de fazer derreter a capa de gelatina que cobre o pastel.
Haja tolerância para com o ex-presidente e ex-candidato a presidente, porque a paciência, essa, já se esgotou.
12 de Setembro de 2006 às 21:18
Realmente, Pacheco Pereira merecia um melhor adversário. Nada contra Mário Soares, nada contra a sua idade avançada, quem me dera estar assim quando tiver essa idade, mas um programa desses necessitava alguém mais lúcido e mais bem preparado para discutir um tema tão sensível como esse!
12 de Setembro de 2006 às 22:21
O problema dos “senadores” do regime é que quando se olham ao espelho se vêm como se tivessem ido à dermostética/ tipo Lili Caneças)… e também já não lhes interessa muito o que dizem, sabem que não é para levar a sério.
12 de Setembro de 2006 às 23:44
Sinceramente, sinceramente, digam lá (sem tirar alguma/muita razão aos comentários adversos a Soares que sempre foi um superficial e um poço de arrogância): Mas alguém foi capaz de achar que Pacheco Pereira acrescentou alguma coisa de útil?!!! Se o Soares é um anti-Bush (eu tb sou)… o Pacheco… é um pró Bush – mas não fundamenta as suas razões para o ser! Resultado: empate a zero! O único que falou com pés e cabeça foi o jovem advogado luso-muçulmano.
13 de Setembro de 2006 às 0:27
Nikonman, então?, a Al-Qaeda não existe, o Bin-Laden não existe,é tudo obra do FBI e da CIA e vens tu aqui falar do dr Mário Soares e do Rei (JPP) da umbigoesfera o teu companheiro PSD que sabe tudo como dirigir o PSD mas é só bocas pró ar, ir como candidato à liderança do PSD aos congressos é que não,e agora que se diz que foi o Zapatero a matar em Atocha e o Blair a matar no metro em Londres e não o FBI e a CIA, vens tu aqui falar do Mário e do Pacheco, ó Nikonman meu amigo, o que é que se passa?.
13 de Setembro de 2006 às 1:13
Estava a procura de um post acerca do nosso Sporting e nada…
Viva o sporting,a sua juventude o seu empenho e a sua humildade…
14 de Setembro de 2006 às 10:13
O debate sobre um dos assuntos mais delicados do nosso viver, protagonizado por Mário Soares e Pacheco Pereira pode dar as mais diversas leituras à posteriori. Dum lado um homem octogenário, do outro um intelectual que eu admiro e estimo.
Mas a minha concordância com o Nikonman fica-se por aqui.
Mário Soares, foi durante toda a vida expedito em acções que o envolveram pessoalmente nos projectos a que se entregou. Pacheco Pereira, escreve biografias, escreve em blogues, teoriza mas nunca mexeu uma palha para resolver coisa alguma.
Mário Soares, esteve na linha da frente do combate, nesses Verões quentes próximos do já distante 25 de Abril, às tentativas totalitárias que pretendiam perpetuar uma tradição de ditadura, desta vez de sinal contrário. Foi o homem que saiu apressadamente, e reuniu o impossível, depois dum telefonema do governador do Banco de Portugal quando este lhe disse que só havia dinheiro para honrar os compromissos e pagamentos internacionais assumidos até ao meio-dia. Ele conseguiu numa manhã o que nunca Pacheco conseguiria em toda a vida: um acordo com o FMI que nos salvou da bancarrota. Foi Mário Soares que negociou a entrada de Portugal para a então CEE. Se há coisa da qual Mário Soares sabe, com um saber genuíno, é esse mistério de negociar. O terrorismo é a face visível do mal que muitas vezes queremos ignorar olhando para o outro lado. Não nos podemos horrorizar com o atentados das torres gémeas e olhar com indiferença a destruição do Líbano a pretexto do rapto de dois elementos e a morte de outros, enquanto os raptos e mortes são o pão nosso de cada dia nessa quase diariamente bombardeada e minúscula faixa de Gaza.
Agora transformada em campo de concentração com a reinvenção do muro de Berlim que a cerca por completo. O terrorismo nasce da nossa indiferença perante a injustiça neste mundo em que alguns, cada vez menos, tem cada vez mais e atropelam todos os valores. O mundo só repara que existem terroristas quando estes cometem os crimes, ( são crimes horríveis, porque nada justifica o que eles fazem) enquanto o povo donde eles nascem sofre e come o pó que o diabo amassou. Tudo se passa no nosso doce viver como se não existissem, como se não tivessem direitos, como se a felicidade fosse coisa vedada a esses gentios obscuros e distantes. Os terroristas são uma ferida que temos aberta neste corpo que é a Humanidade e que agora reparamos que existe porque nos magoa, porque nos dói. Não se cura mexendo e arranhando nela. Depois das desastradas intervenções desse anormal do Bush, há agora muitos mais terroristas. A ferida alastrou e ameaça todo o corpo de infecção. Combateu-se o fogo com gasolina. Nesse aspecto, Mário Soares foi muito mais visionário e avançado que Pacheco Pereira. Estamos numa viragem da História e aí esta uma diferença genética entre os dois. Um escreve biografias, empacota o passado, o outro, mais velho, é um homem do futuro. E o futuro passa por fazer-se muito mais que o algo que muitos pensam fazer para que tudo fique na mesma, e o mundo continue olhando para o lado onde não se vê a dor.
14 de Setembro de 2006 às 11:06
Mário Soares foi (é) o principal “amigo” dos EUA e da CIA em Portugal. Para além disso na sua vida de lorde nunca “mexeu uma palha” para obter o que quer que fosse … Por alturas do 25-A surgiu depois de consumado o golpe procurou colar-se à figura de Álvaro Cunhal para ter alguna visibilidade. Ideias próprias não tem nem nunca teve nenhumas …
14 de Setembro de 2006 às 20:06
@ Charlie,
Subscrevo na totalidade. Apareça por aqui mais vezes homem porque este blog precisa de gente clara, precisa e concisa como você!
Ps. Se ambos passarem a fronteira, claro que ninguém sabe quem é o Pacheco Pereira.
14 de Setembro de 2006 às 20:30
@charlie – concedo na importância de Mário Soares na implantação da Democracia em Portugal. A História falará sobre o resto.
14 de Setembro de 2006 às 20:33
@coerente – “gente clara, precisa e concisa” é a gente com a qual concordamos, sendo que, aqueles com quem não concordamos serão “escuros, imprecisos e inconcisos”, não é? Y viva la Democracia!
14 de Setembro de 2006 às 22:09
Mais uma vez os meus parabéns ao João Espinho, por mais um aliciante debate que este blog nos propiciona. A talho de foice, também aqui vou deixar a minha opinião. Há cerca de trinta anos tinhamos ao mesmo tempo,um império e um país triste, inculto e subdesenvolvido. Trinta e dois anos depois, temos o país mais pobre da UE, com os piores índices de desenvolvimento, de escolariedade, de rentabilidade do trabalho, etc…. No entanto, desde então temos tido excelentes debates televisivos com intlectuais que sabem tudo, mas que ainda ninguém os viu fazer nada de importante, a não ser o enriquecimento dos próprios. Tenho de reconhecer que nos conseguem de tal forma convencer, que inclusivé nos zangamos uns com os outros, a discutir coisas tão importantes para o nosso dia-a-dia, como o futuro do regimen cubano ou a legitimidade dos actos do império americano. Foi o caso deste aqui referido, que confesso não consegui vêr até ao fim, tão monocórdico e repetitivo de pontos de vista já badalados até à exaustão. Também não consegui foi ouvir alguma nota sobre os nossos interesses em todo o conflito, isto quando estamos a enviar soldados para o “atoleiro” do Afeganistão; que o digam desde os russos até agora os ingleses.
14 de Setembro de 2006 às 23:18
Não vi o debate e se o visse não o faria numa perspectiva de jogo de futebol do “torço por este ou por aquele”, de qualquer forma três notas breves:
1ºMário Soares, goste-se ou não, é o político português de maior dimensão internacional;
2ºMário Soares “colou-se a Álvaro Cunhal”!? A leitura que faço da História não me leva de modo algum a essa conclusão. Soares cortou por diversas vezes, isso sim, tentações totalitárias do PCP. Foi, na prática, o grande adversário político e ideológico do PC de Cunhal, derrotando-o sempre;
3ºAo dizer-se que Soares negociou, a seu tempo, quer com o FMI, quer com a então CEE, não devemos transpôr essa realidade para uma hipotética (mas não desejável,acrescento!) negociação com uma organização terrorista, com uma ampla rede de carácter internacional. Não se negoceia da mesma forma com organizações de carácter internacional, legitimadas pelo direito e aceites pelas nacções, e com organizações bombistas clandestinas cujos objectivos nem se conhecem.
15 de Setembro de 2006 às 11:57
@ Nikonman e Coerente.
Olá companheiros deste mundo virtual.
Não quero que tenha passado a mensagem de que eu sou a favor dos terroristas e que concorde com as suas acções. Apenas pretendi deixar esta ideia: So reparamos que estamos doentes quando nos doi alguma coisa. O terrorismo é a face visivel dum sistema mundial que está inquinado e doente. Mas há mais sinais. O filme recem estreado e terrivel sobre o holocausto ambiental que o Homem está a preparar alegremente como herança, não para uma data sine die, mas se calhar ainda para esta geração, mostra bem como somos egoistas e nem com o futuro dos nossos filhos nos preocupamos quanto mais com o destino de almas sem rosto que moram algures, onde não os vemos.
15 de Setembro de 2006 às 20:26
@Snoopy
Abençoados os pobres de espírito porque deles será o reino dos céus.
Amen