Ago 25 2006

CAMBALHOTA OU UMA QUESTÃO DE PRONÚNCIA? (actualização)

Publicado por as 20:55 em Geral

O PSD de Setúbal – e não sei se é a concelhia ou a distrital – está com um problema. É um fenómeno idêntico ao que foi recentemente revelado por peritos ingleses em fonética bovina.
É que, se estou recordado, o PSD clamou por eleições intercalares para a Câmara de Setúbal.
Ao ler isto fico com uma dúvida: será o mesmo PSD? Ou será uma questão de fonética? Na volta é uma valente cambalhota. Valente e feia.
Têm a palavra: Fernando Negrão e Marques Mendes.

Adenda: o comunicado de hoje é assinado por Bruno Vitorino, presidente da Distrital do PSD; na 4ª feira, a posição de reclamar intercalares é assinada por Paulo Valdez, presidente da Concelhia. Importam-se de esclarecer a Distrital que não tem que se meter em assuntos da responsabilidade da Concelhia? Ou será que esta não se importa de se ver desautorizada?

Adenda Nº2 – Através de comentário nesta entrada, ficamos a saber que o Presidente da Distrital do PSD/Setúbal é vereador (com pelouros) na Câmara Municipal do Barreiro (CDU). Há com cada uma…..

……………………..

Setúbal: PSD de Setúbal desiste de pedir eleições intercalares

Setúbal, 25 Ago (Lusa) – O PSD de Setúbal desistiu hoje de pedir eleições intercalares no concelho, depois de no início da semana ter defendido esta solução após a renúncia do comunista Carlos Sousa à presidência do município.

Em comunicado, os sociais-democratas de Setúbal dizem que “deixam em aberto a possibilidade de vir a exigir a realização de eleições intercalares, caso o futuro do concelho continue a ser hipotecado”.

Acrescentam que ficarão “atentos à gestão da nova presidente” Maria das Dores Meira, que a partir de sete de Setembro substitui o presidente demissionário.

“O PSD está redobradamente atento à gestão da nova Presidente, deixando em aberto a possibilidade de vir a exigir a realização de eleições intercalares, caso o futuro do concelho continue a ser hipotecado”, refere o comunicado hoje divulgado pela Comissão Política Distrital de Setúbal.

O PSD de Setúbal afirma no documento assinado Bruno Vitorino ser “por princípio, a favor da estabilidade das instituições” e, depois de reconhecer que do ponto de vista jurídico a substituição do presidente é legal, defende a necessidade de saber se a nova presidente tem condições para exercer o cargo, uma vez que “toma posse já fragilizada”.

No dia 23, quando o comunista Carlos Sousa anunciou a sua renúncia ao cargo, o PSD local, segunda força mais votada no distrito em 2005, com 25,43 por cento dos escrutínios e três vereadores, anunciou que iria tentar um entendimento com os socialistas para provocar eleições intercalares, mas o PS, com dois vereadores, mostrou- se pouco receptivo.

PSD e PS têm cinco vereadores e a CDU quatro.

MR.

Lusa/fim

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11 Resposta a “CAMBALHOTA OU UMA QUESTÃO DE PRONÚNCIA? (actualização)”

  1. António P. diz:

    Boa Tarde Nikonman,
    Felicitações ! Já deu pele cambalhota do PSD ! Mas continuo na minha :
    – mais do que criticar o PS e/ou o PSD o essencial é malhar no PCP.
    É uma questão de proiridades.
    Cumprimentos

  2. o camarro desconfiado diz:

    Por acaso o nome de Bruno Vitorino caíu aqui como sopa no mel. Você sabe que ele é vereador da Câmara do Barreiro, onde aceitou pelouros atribuídos por um presidente da CDU? O PS diz que existe uma coligação PC/PSD. Veja como as coisas mudam de cambiante consoante os lugares!

    Sabe que nessa Câmara também existia um vereador do PS que aceitou pelouros contrariamente aos outros vereadores eleitos pelo PS?

    O PS pretendia que o seu vereador (João Soares) votasse sempre contra as decisões da Câmara. Esse vereador não aceitou as imposições do seu partido e, há umas semanas, demitiu-se do PS continuando como vereador independente.

    Como vê, aqui os “stalinistas” parecem ser os do partido da rosa (não interessa se o trabalho é bom ou mau tem é que se votar contra).

  3. tomarpartido diz:

    NOVAS ENERGIAS

    Antigamente dizia-se que aos 40 anos se nascia de novo. Agora é aos 50. Coisas do botox político setubalense. A não perder esta prosa do Pedro Correia. Entretanto, Setúbal parece ser também terra fadada para a prática da ginástica. Têm-se,…

  4. Che diz:

    Sauda-se com hip hip urra! a vida e funcionamento democráticos do PSD… que nunca instituiu o centralismo democrático, preferindo antes o “centralismo distrital”.

    Quanto à atribuição de pelouros, aí discordo da posição (já antes assinalada) de Nikonman. Pois caso não seja por razões financeiras (razões instrumentais), que é o que acontece quando aqueles que assumem uma vereação perdem dinheiro face ao salário que auferem na sua profissão de origem, considero de uma enorme dignidade e responsabilidade políticas que aqueles cuja competência técnica e política seja reconhecida, possam contribuir de forma efectiva e executiva na governação autárquica, prestando um melhor serviço aos eleitores e às populações, mesmo que isso implique um “pior” serviço às cúpulas partidárias…

  5. nikonman diz:

    @che – vamos por partes:
    1 – O presidente de uma Distrital a assumir pelouros em executivo presidido por outra força política? E como é que ele pode fazer oposição? A não ser que, quando entra na Câmara vista o casaco de vereador e à saída o dispa, para envergar uma bata cor de laranja para ir fazer oposição. Não tem pés nem cabeça. Mas já vai sendo hábito, que a troco de umas migalhas de poder (mendigado) se vergue a coluna vertebral.
    2 – Quam ganha uma Câmara deve governá-la. E para isso deve contar com a oposição das forças derrotadas. Aceitar pelouros é co-governar, e não foi isso que os eleitores escolheram. Vamos lá a dignificar o papel da oposição, que deve ser feita claramente e sem os constrangimentos das tais “migalhinhas”.

  6. Quintanilha diz:

    Afinal o PSD parece que também já não quer eleições intercalares em Setúbal!
    Cambalhota?

  7. aldeão diz:

    @ Nikonman,

    A sua visão da democracia é espantosa: As Câmaras em que não exitisse uma maioria absoluta tornavam-se ingovernáveis, com as necessárias consequências em termos das necessidades mais básicas dos municípes.

    Por outro lado, toda a gente sabe quais são os pelouros atribuídos a cada um dos vereadores para que no fim seja apreciada a sua actuação. Assim é que é a democracia.

    No caso do ex deputado Bruno Vitorino, embora esteja a meio tempo, estão-lhe atribuídos pelouros importantes e isso não o impede de votar a favor, de se abster ou votar contra conforme a apreciação que faça dos assuntos em discussão.

    Mas se quiser ficar mais espantado, também o informo que a SIMARSUL (empresa que gere os resíduos no âmbito da Associação de Municípios de Setúbal) é dirigida por Miguel Amado que é, como você, deputado municipal pelo PSD. Como vê a prática e a obstinação anti-comunista não é seguida em todos os lados, como aqui em Beja.

    Mas já agora que toda a gente fala em Carlos Sousa (presumo que muitos dos que agora “postam” antes só associavam àquele nome o piloto da Mitsubishi), recordo que nos anos 80 houve umas purgas no PSD por causa de uns militantes que não apoiaram o candidato presidencial do partido e apoiaram Mário Soares. Já estão esquecidos? Não podemos ter dois pesos e duas medidas e a coerência não pode voar com o vento (que por acaso hoje até sopra em Beja).

    Depois, não se esqueçam que nas noites das eleições são os secretários gerais e os presidentes dos partidos quem justifica os sucessos, ou insucessos, da sua força política nas eleições. Não é o presidente da Câmara X, ou Y. Como tal, julgo que os partidos, seja qual for, tem toda a legitimidade em substituir o Presidente ou o vereador quando algo não corre bem (parece que no caso em apreço as relações entre os dois membros destituídos não eram as melhores).

  8. nikonman diz:

    @aldeão – você sabe tanto daquilo que eu penso como eu sei do valor do kilo de banana na China.
    Sou a favor de executivos camarários mono-partidários, com mais competências atribuídas às assembleias municipais.
    Não me venha pois dar lições de democracia, pois de si não as aceito.
    Como deve saber, muitas empresas municipais servem para dar tacho a clientelas. E haverá alguma razão para que eu esteja de acordo em que assim seja, mesmo que militantes do PSd façam parte dessas clientelas?
    Quanto às “purgas” no PSD saberá você por acaso que posições tomei?
    E a obstinação anti-comunista é um chavão que tem o valor que tem. Já estou habituado e não me chateia nada. Porque a maior parte das vezes vem da boca de quem é anti-democrata.

  9. Che diz:

    @Nikonman,
    Penso sinceramente que tem pés e cabeça. Os vereadores não são eleitos para fazerem “oposição”, isso cabe aos partidos derrotados. Caso o vereador eleito seja “alto” dirigente partidário e caso se coloque a atribuição de pelouros (que tu entendes como as “migalhas do poder” e que eu entendo como responsabilidade e dever político para com os eleitores), então tal pessoa deverá escolher: ou servir os interesses do seu partido e fazer “oposição”, ou servir os interesses dos munícipes participando na governação autárquica, respondendo pelo que faz e demarcando-se do executivo quando for premente e justificado.
    Mas quando o vereador eleito não é dirigente partidário nenhum mas apenas um técnico capaz e habilitado, então ele também pode escolher: ou aceita pelouros e mostra trabalho e competência, ou limita-se a fazer o acompanhamento político do executivo eleito, orientando muitas vezes o seu voto não tanto segundo o critério do “bem comum” e do “interesse público”, mas mais segundo o tacticismo e o oportunismo partidários, o que tem, sem dúvida, pés e cabeça. Ou mais “pés” e menos “cabeça”…

  10. nikonman diz:

    @che – obrigado pela participação neste debate.
    O que apresentas é uma bem fundamentada teoria. Porém, a prática e os exemplos que conhecemos, contrariam a viabilidade dessa teoria.
    O exemplo do que se está a passar em Setúbal é bem significativo das relações dos poderes autárquicos. Caso o Presidente da Distrital do PSD/Setúbal não fosse um vereador (com pelouro) numa Câmara comunista, acreditas que a posição dele seria idêntica?
    Repara agora no que se passa na CM de Serpa. Aí também o PSD aceitou uma vereação com pelouros
    (http://www.cm-serpa.pt/artigo.aspx?ID=30), não se sabendo quais, pois o site da CMS simplesmente ignora este vereador. E, pergunto eu, sabe-se alguma coisa do que é que este vereador tem feito na CMS? Em 2009, se se repetir a candidatura do PSD, poderá ele chamar a si alguma da obra executada em Serpa? Não pode! Os canais de divulgação das actividades autárquicas – vulgo Boletim Municipal – são veículos de propaganda das obras do executivo e as imagens que aparecem são as do Presidente e dos vereadores do Partido maioritário. De facto, há uma promiscuidade PCP/PSD (injustificável), sendo prática a distribuição recíproca de migalhas. Estas relações incestuosas têm um preço, até porque não há almoços grátis.
    Pode ser que aborde este tema noutra ocasião.

  11. Che diz:

    @Nikonman,
    Não pondo em causa nada do que dizes, pergunto:
    – pode uma má prática inviabilizar uma boa teoria?
    – ou deve uma boa teoria ser critério sancionador de algumas más práticas?
    -pior mesmo é quando recorrentes más práticas, que contrariam boas teorias, acabam, pela força do hábito e da transigência, dar lugar a más teorias. Contudo, legitimadas pela prática. Pela má prática.
    – Se as teorias são boas, importa aprofundá-las e corrigi-las e apontar o dedo ao comportamento dos que, pelas suas más práticas, as desvirtuam.

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