Ago 16 2006
UM AEROPORTO EM ESPAÇO RURAL?
(Dado o interesse do artigo e porque o mesmo provocou já reacções institucionais, trago cá para cima este post.)
“Em 2008, em Beja, é preciso inovar e muito. Os resorts previstos para o Alentejo estão dispersos pela região. A maior concentração de camas vai de Tróia à Comporta e esta está a, pelo menos, 100 km. O posicionamento ambicioso dos resorts do Alentejo exclui-os do mercado charter de médio curso. Não vislumbro exemplo de um aeroporto para voos low-cost com a envolvente de Beja – alguém elaborou um benchmarking?
O documento estratégico do Governo exige deste uma aposta de longo prazo no apoio ao desenvolvimento de resorts no Alentejo e na atracção de actividades para a zona de Beja. Para isto funcionar, é preciso um grande compromisso público com a capacidade empresarial concreta e abrir muito o modelo de gestão do aeroporto.
A alternativa a este modelo ambicioso é um “aeroporto em espaço rural”, que, no anedotário alentejano, estará para o século XXI como a praia de Messejana esteve para o século passado.”
14 de Agosto de 2006 às 11:49
Quando os “tecnicos” entendidos falam, a “realidade” muda. Eu fiquei com a impressão que essa do aeroporto de Beja é apenas slogan e que ninguém está interessado em aprofundar o estudo sobre a viabilidade económica da coisa.
14 de Agosto de 2006 às 12:11
Lembro-me do episódio sito nos antanhos anos cinquenta do século passado, quando um empresário de S. João da Madeira, industrial de calçado que num rasgo de visão e audácia empresarial resolveu enviar um prospector de mercado para as nossas agora ex-colónias.
Um seu concorrente, ao saber da iniciativa de imediato fez o mesmo.
De volta à Metrópole os dois trouxeram aos patrões, impacientes no desejo de tomar a dianteira no negócio, os relatórios dos mercados por eles visitados. O segundo veio abanando a cabeça. “Patrão” Disse ele ” Aquilo é uma coisa para esquecer. Anda tudo descalço pelas ruas, não vejo futuro nenhum naquelas praças.”
No entanto, o primeiro prospector chegou cheio de entusiasmo quase esbaforido não cabendo em si. “Patrão! Aquilo é formidável: Um mercado com um potencial tremendo! Ninguém ainda tem sapatos! Vamos vender como nunca!”
Em Portugal tem vigorado uma vaga politica que tem levado ao despovoamento progressivo do interior, pela falta de aposta nesse mesmo interior. O País é cada vez mais uma faixa estreita quase a desabar para o mar enquanto o deserto humana avança a par do fecho de escolas, postos de saude e correios com a velocidade com que os incendios galgam serras e montes reduzindo o país ao cinzento estéril com que o criador dotou em massa cerebral os que tem a responsabilidade de gerir o nosso destino comum. Não vêem potencial de investimento onde os Espanhois adquirindo o que é nosso legado tudo apostam. Os nossos querem colher sem semear, ter proveitos sem investir. Deixar que outros se lembrem da quimera de criar riqueza para depois colocar um aeroporto, em vez de colocar o aeroporto para atrair a criação de riqueza!
Curiosamente a referência à praia da Messejana, não poderia ter sido mais infeliz. Estive há dias na tapada da Mina de S. Domingos. Alentejo profundo, vocacionado pelo pensar de quem nisto manda aos braços do abandono. Aí a Camara Municipal de Mértola contrariando a “main stream” que nortea o pensamento inteligente em voga dos opinion makers e politicos, investiu num complexo fluvial digno de nota. E querem saber? A única pronuncia de sotaque ligeiramente Alentejano era a minha. Por lá parecia estar-se na Costa de Caprica ou Estoril. O que prova que uns camiões de areia tem o valor dum par de sapatos para quem se habituou a andar descalço. Acaba por andar tão bem que até começa a dar lições de dança de salão aos que andam calçados há mais tempo que eles.
Mas a Mina é uma gota de água no que ao investimento no potencial do interior concerne. O abandono já instituicionalizado é uma sangria dramática.
Receio sinceramente que um dia o litoral esteja tão povoado que esta tábua que é o nosso País desabe com o peso para dentro do Atlântico. Tenho a secreta certeza que a estupidez não saiba nadar. Dar-lhes ia então como conselho, talvez por uma questão de prudência e em tom preventivo, uma visita à praia da Messjena…
14 de Agosto de 2006 às 16:14
Charlie,
Partilho perfeitamente a sua opinião. Esta gente, que deve ser bem paga para dar a sua opinião, não percebe que é necessário criar as infraestruturas para atrair o investimento. Mas para isso também é necessário que os governos ajudem e encerrando escolas e maternidades certamente não estão a dar o melhor contributo. Assim empurram as pessoas para o litoral criando aí problemas de habitação, trânsito, etc, ao mesmo tempo que o interior vai ficando deserto. E olhamos para o lado e tudo é diferente. Um país (Espanha) que em trinta anos se desenvolveu ao passo que nós marcámos passo. Porquê? Porque eles têm regiões e tem verdadeiros políticos. Nós só temos as escolhas dos aparelhos partidários. É triste ver os nossos montes abandonados, onde jazem os resquícios de investimentos comunitários e quase desesperamos que apareça um espanhol que compre aquilo e o coloque a produzir. Infelizmente é assim e se a Irlanda, a Espanha e a Grécia já se afastaram não demora muito que estaremos na cauda da Europa a 25, atrás daqueles países que apesar de lhes ter faltado a democracia não lhes faltou o factor fundamental para o desenvolvimento de um país: a educação e a formação.
14 de Agosto de 2006 às 16:46
Bem, caros colegas e amigos da blogosfera e não só, vou contrariar por completo a vossa opinião. Parece que ninguém ainda se lembrou disso, a culpa do estado de coisas é – dos alemães! Surpreendidos? Passo a explicar! Foram eles que construíram esse aeroporto com essas enormes duas pistas, se não existisse, não havia esse ping-pong de acusações e politiquices. Com a piscina, a mesma coisa. Quem é que mandou construir uma infra-estrutura desse tamanho, para a qual parece não haver dinheiro suficiente para a manter? Portanto, a culpa é dos alemães!!!
14 de Agosto de 2006 às 17:02
@zig – em cheio. Não é do teu tempo, mas havia à entrada da piscina uma placa a dizer quem a tinha mandado construir. Foi arrancada, não fosse alguém dizer que aquilo era obra dos imperialistas (é só uma questão de nos recordarmos como PCP e os grupos de extrema-esquerda eram contra a presença alemã em Beja).
14 de Agosto de 2006 às 18:39
@ Zig.
Realmente dá-se pérolas a porcos quando o que eles querem é umas casquinhas de batatas e uns restinhos para irem engordando alegremente. Metáforas à parte. A BASE é obra feita. É um recurso fabuloso que está ali a secar ao sol quase sem proveito enquanto se discute o sexo dos anjos e se assobia para o lado. Vamos sim a crescer cada vez mais para dentro em espiral negativa até ficarmos do tamanho dum berlinde. Todos a viver no mesmo ponto do mapa que por acaso até pode ser um buraco feito pelo desgaste no sítio por onde o papel dobra.
14 de Agosto de 2006 às 22:44
nikonman,qual era o teu partido na altura em que foi arrancada essa placa na piscina ?
Estarias lá também ou já eras do PSD ?
Quanto a mim quem fez isso nem sabia o que era partidos e tu talvez fosses um deles.
Desculpa mas tu por vezes parece que pensas pouco antes de escreveres.
Nunca fui nem sou de nenhum tento é ver as realidades.
Nao te zangues , não estamos em campanha agora para tanta politiquice.
Precisamos é de ajudar a erguer esta nossa terra e não acabar com o que ainda resta.
Fica bem
14 de Agosto de 2006 às 23:06
Com tantas discussões e perdas de tempo ’tou mesmo a ver o filme: a coisa não avança e a culpa nunca é dos responsáveis locais – é do governo central, da União Europeia, dos americanos, dos franceses, dos espanhóis, etc…
Só espero é que não se perca mais um coimboio … neste caso avião…
14 de Agosto de 2006 às 23:11
@ventura – eu não estava, pelo menos não apareço nas imagens que consagram esse momento. Mas estavam lá vários. Alguns são nossos conhecidos. E nessa ocasião certamente que não estava em nenhum partido. E essa expressão “não estamos em campanha agora para tanta politiquice” para mim não serve. Há, de facto, quem só faça política em época de eleições. Não é o meu caso.
15 de Agosto de 2006 às 2:34
Beja entrou num circulo vicioso, bastante perigoso que é completamente manipulado pelos mesmos senhores, aqueles que rodam pelos cargos de poder no distrito de Beja. Senhores estes de competências bastante duvidosas, formação académica aquém do que se exige para os cargos, que à boa maneira portuguesa nunca são chamados a prestar contas pela sua incompetencia e actos de corrupção, que infelizmente não tem fim. Que pena que os alemães que deixaram uma notavel obra na cidade, não tenham deixado também o saúdavel hábito de questionar.
Se a região de Beja necessita de um aeroporto, deve justificá-lo com um projecto seu. Deverá ter um plano solido, baseado em factos e estudos independentes que provem que existem ideias válidas e condições para que não seja um projecto mal amanhado como foi o programa Polis. Se não o tiver eu e mais de 9 milhoes de portugueses não estaremos dispostos a pagar mais um elefante branco. Em Beja, Èvora, Faro ou Ota, tanto faz. Alguem me explica onde posso encontrar essa informação?
Quem pagará o investimento e manutenção até que apareçam os tais sinais de riqueza e desenvolvimento? E durante quanto tempo? São incógnitas preoucupantes.
Se o projecto seguir em frente, espero que ao menos grande parte do investimento e dos projectos seja local. It’s called blind hope.
Cumpts
15 de Agosto de 2006 às 14:07
http://ireflexoes.blogspot.com/2006/08/suposto-aeroporto-de-beja-ou-rip-de-um.html
15 de Agosto de 2006 às 18:29
Os nossos vizinhos espanhóis
agora parece que vão arrancar com o aeroporto em Beja, queriam comprar aquilo para outro olival mas mudaram de ideias e
aproveitam para levar o azeite e depois tornam a trazer de outra qualidade e muito mais caro .
15 de Agosto de 2006 às 20:12
Parece que ainda não entenderam a questão. O AEOROPORTO DE BEJA ESTÁ FEITO…PRONTINHO A SER USADO. Apenas precisa da paneleiriçe do terminal civil e pouco mais, uma pechincha podem crer. Os muitos e muitos milhões de contos dos alemães estão a secar ao sol com quase nenhum proveito. Não se trata de fazer um aeroporto. Estamos perante o caso do individuo a quem lhe é oferecido um cheque gordo que ele tem de levantar no banco. Aborrecido resmunga a propósito do dinheiro que tem de gastar com o transporte para ir até à agência bancária.
16 de Agosto de 2006 às 0:11
Um lobby organizado, com o desejo em enriquecer a região através do investimento privado, apresentava ideias concretas e um plano audaz que aproveita-se o aeroporto de beja. Hoje talvez estariamos a discutir o nome do aeroporto de beja com inaguração para 2007 ou 2008.
É isto que acontece?
Como cães que se atiram a um osso, todos ralham e ninguem tem razão. Esse tal lobby não passa da palhaçada do costume : os espanhois esboçam o plano, convencem facilmente uns vendidos com promessas de novo riquismo. Cria-se um lobby testa de ferro que por uns milhares de euros trabalhará para os señores.
acordem.
16 de Agosto de 2006 às 0:19
Boa charlie! Mas é tanto trabalho! Ir ao banco, chamar um motorista, esse tem que por gasolina, tem de tirar o carro da garagem, a garagem está fechada, ninguém sabe da chave, é preciso chamar os bombeiros para rebentar com a porta, os bombeiros não têm tempo para vir, realmente, é complicado….
16 de Agosto de 2006 às 0:50
outra coisa :
Charlie _ Um aeroporto não é apenas um terminal e duas pistas. É pessoal qualificado, acordos com companhias que estejam dispostas a fazer ligação com o beja.
Se industria é algo que praticamente não existe na região e o turismo é o unica actividade priveligiada a curto/medio prazo com o aeroporto. Pergunto-te que tipo de turismo? Para que target? Onde estão os equipamentos? Existe ao menos um estudo sobre o real valor do turismo rural na região?
Existe muito trabalho por fazer nesta área. Que tal re-pensar a forma como comunicamos a região e a sua imagem aos portugueses?
O ICEP anda à anos a investir massivamente na marca Portugal, cá dentro e lá fora, com bons resultados.
16 de Agosto de 2006 às 9:26
“Factores Críticos.
O sucesso deste projecto depende de alguns factores críticos aos quais deverá ser dada a atenção adequada de forma a não prejudicar a estratégia geral do seu desenvolvimento. Em particular, considera-se determinante que:
O aeroporto será a porta para uma grande parte da produção agrícola da zona de regadio e do movimento turístico da Barragem do Alqueva, de uma parte da carga e passageiros chegados e a transportar de Sines por via marítima, nos low cost e charter, rectaguarda de Lisboa e Faro.
Será dotado com a instalação de um Parque Empresarial na Área do aeroporto e elaborado um Plano Integrado de Desenvolvimento.
Estima-se que sejam criados incentivos, nomeadamente de natureza fiscal, e de facilidades de instalação para as empresas, dada a situação de interioridade da região.
Seja melhorado o sistema de transportes rodo/ferroviários, particularmente as ligações a Sines e Lisboa, para que venha a possuir características que permitam a rápida movimentação de pessoas e mercadorias, face ao aumento de tráfego que se prevê. De resto a transformação do IP8 em dupla faixa de rodagem está prevista e as obras serão lançadas a curto ou médio prazo.
O apoio político ao projecto não só das forças políticas regionais mas também nacionais.”
in EDAB
O Aeroporto de Beja parece ser um projecto assente em previsões, estimativas, e em constelações astrais positivas…
16 de Agosto de 2006 às 13:11
“O presidente do Nerbe, um dos accionistas da Empresa de Desenvolvimento do Aeroporto de Beja, já reagiu a este artigo. Luís Serrano lamenta que alguém que se diz alentejano assuma esta postura.”
Mais do mesmo – quando alguem questiona ou é contra acusa-se de ser mau alentejano ou então fascista.
Aos olhos dos outros, falta-lhe profundidade ao projecto da EDAB.
Para EDAB o que importa é que seja aprovado o projecto, qualquer projecto e com eles venham os milhões desejados.
Mais um balão de oxigénio para os senhores dos costume. Que sensação de deja vu, recorda-me os 90s.
Cumpts
16 de Agosto de 2006 às 15:31
Cumprimentos ao Nikonman e ao seu sempre interessantíssimo Blog (na realidade um dos melhores que conheço).
Depois de ter lido as várias opiniões aqui expressas, percebi através desta amostra porque é que o Aeroporto de Beja é cada vez mais uma quimera. Meia-dúzia de malta e ninguém se entende. Os espanhóis desistiram da reconversão da base em olival porque descobriram que aquela terra nunca deu nada que se aproveitasse ( a não ser aviões).
Depois de ter escrito umas pequenas quadras acerca deste assunto no meu Blog fico surpreendido por elas estarem tão adequadas (risos).
Um abraço.
16 de Agosto de 2006 às 19:02
boa tarde conterraneos,ainda a conversa do aeroporto,por favor eu como bejense só quero que construam de uma vez o aeroporto,deixem se de guerras,juntemo-nos por esse e outros objectivos para a nossa querida cidade.bem hajam
21 de Agosto de 2006 às 11:59
Claro que a maior parte de vós conhece bem a história da Praia de Messejana. Para os demais, atrevo-me aqui a contar o que realmente se passou, de modo a tentar contribuir para que uma vez por todas acabe o mito do alentejano estúpido. Brito Camacho, filho de grande proprietário do concelho de Aljustrel e figura central da implantação da República, que se considerava “um alentejano no Chiado” e uma persogem que nos devia orgulhar a todos nós, foi ministro de um governo na 1ª República. Logo de imediato, não havia cão nem gato que da sua terra natal não se deslocasse ao seu ministério para lhe pedinchar tudo. Ele que embora médico, foi um jornalista mordaz, farto de os aturar, um dia perguntou a uns quantos, se também não quereriam uma praia em Messejana. Desde então têm sido os naturais daquela terra massacrados até ao “tutano”, por algo em que não foram vistos nem achados.
22 de Agosto de 2006 às 1:22
o aeroporto só n está já em évora , não sei como.
Com estas direcções todas q até agora a unica coisa q souberam fazer , foi meter o dinheiro dos contribuintes ao BOLSO. Reunem meia duzia de Demagogos a uma mesa, e no final dá cá o meu de ter estado aqui.è uma vergonha.
Já agora aproveito para perguntar qual o motivo de tantas coisas abalarem para évora.
Se se diz q a culpa é da Camara,alguém diz q é o Goveno civil.
Se se diz que é o governo civil, alguém diz q é com a Camara.
É o jogo do rato e do gato.
A verdade é esta, a nossa cidade cada vez mais pobre.
Não há duvida q a cidade de Beja é de meia duzia de ARTISTAS , que nem lhes interessa q as coisas evoluam para que continuem com os seus negocios próprios , continuando a encher os bolsos sem concorrência alguma.
22 de Janeiro de 2007 às 0:24
Atenção: o caminho é a modernização, riqueza, economia, emprego, fazer circular o dinheiro.