Ago 05 2006
ESTALINE EM BEJA
Transcrevo, com a devida vénia, na íntegra, artigo publicado no “Os Corredores do Poder“:
“Tenho alguma dificuldade em escrever sobre Beja, ainda mais pelos piores motivos.
Atravessei vezes sem conta o Alentejo, entre a minha residência de Lisboa e a casa de fim de semana no Algarve.
Alimentei, em toda a minha adolescência, a esperança de viver num lugar pacato como Beja: Tudo para mim era encanto naquele destino.
Anos mais tarde, e por motivos exclusivamente profissionais, contactei Madalena Palma, da Câmara Municipal de Beja. Percebi naquele momento que se tratava de uma profissional muito segura, muito embora defendesse a pulso uma gestão autárquica comunista que eu não admirava.
Reencontrei-a no Aliciante, onde tive a oportunidade de a conhecer numa perspectiva pessoal, que muito me agradou.
Na passada semana fui surpreendido com um post que denunciou que algo de estranho estaria a ocorrer na vida profissional da Madalena.
Palavra puxa palavra e percebi o que estava a acontecer: A Madalena foi profissionalmente responsabilizada pelas iniciativas politicas do seu companheiro, Deputado Municipal eleito pelo PSD, João Espinho.
Se esta responsabilidade é estranha, mais ainda são as consequências: Término do Contrato de Trabalho.
Sendo Beja um meio pequeno e do conhecimento de todos que a Madalena é mãe de dois filhos, e que os sustenta sozinha, esta atitude só pode ser comparada ao aniquilamento que Estaline promoveu a todos os seus opositores.
Beja voltou a dar nas vistas pelos piores motivos. À incapacidade política de procurar um projecto de dinamização económica, o executivo camarário soma práticas fascistas ao seu desempenho.”
in “Os Corredores do Poder”
Deixo para mais tarde um comentário quer ao artigo quer à situação em que o Presidente da Câmara colocou a Madalena.
5 de Agosto de 2006 às 12:01
Haja Deus.
5 de Agosto de 2006 às 12:13
Diria de outra forma:
Haja politicos, locais ou nacionais, que compreendam que Portugal precisa de um projecto económico/social ao invés de utilizarem os recursos públicos ao serviço de interesses pessoais e partidários.
Hesitei durante duas décadas na emigração. Os meus colegas de curso fizeram-no e estão todos melhores do que eu. Insistiram e reinsistiram para que os acompanhasse.
Mas eu tomei uma decisão: Vou ficar em Portugal a fazer o meu melhor e a denunciar o que tem envenenado a actividade governativa e autárquica.
Não me admiraria que termine os meus dias na prisão por difamação a um qualquer abutre. Mas acredito que o tempo tudo revela e eu não tenho pressa.
Tenho tempo e dinheiro para fazer a vida que escolhi.
5 de Agosto de 2006 às 14:21
Isto, a ser verdade, é grave, muito grave mesmo!
5 de Agosto de 2006 às 14:59
É por essa e por outras que na RTP1 está a dar um programa sobre e Beja e só têm para mostrar ovelhas, um pastor, mineiros de aljustrel e um fazedor de cornos. Triste cidade esta!
5 de Agosto de 2006 às 15:07
…Depende muito!
Esse “fazedor” terá feito um parzinho para alguém conhecido?!
Acredite que era um bom começo.
5 de Agosto de 2006 às 21:50
Realmente é de uma tristeza enorme a mesquinhez e maldade que envolve certas situações como a descrita neste artigo. Penso que sei quem é uma das pessoas envolvidas e que na minha opinião não vale nada (aliás tive o prazer de lho dizer cara-a-cara).
Dão a chave de um palheiro a um qualquer e ele pensa logo que a palha é toda dele.
Um abraço de solidariedade para com a tua companheira.
5 de Agosto de 2006 às 22:42
Hoje, cerca das 19:00 a Av. Vasco da Gama ainda se encontrava fechada ao trânsito, no sentido descendente,com um aviso da Câmara Municipal de Beja que dizia “Encerrado até às 17:00”
Pelo menos dois autocarros da rede de expressos tiveram de se desviar para a faixa da esquerda para sair deste sítio cada vez mais mal frequentado!
5 de Agosto de 2006 às 23:56
Não sabia deste acontecimento! A ser verdade é um escándalo, e não entendo porquê é que não denuncias aqui no teu blog directamente essa situação e deixas outro blog (com todo o respeito) a fazer isso. Ainda por mais tratando-se da tua companheira!!!
6 de Agosto de 2006 às 0:07
@zig – tens estado desatento. Mas ainda vais a tempo de ler a minha última crónica no CA. Para além disso, cada coisa no seu tempo e no seu lugar. Como dizia Bob Beamon: “Whatever you do, don’t do it halfway.” Na ocasião certa, para não ficar a tarefa a meio. Ok?
6 de Agosto de 2006 às 0:49
Mesmo visto à distância, esta história causa enjoos. Se fosse só em Beja que os políticos abusavam do poder, estava o resto do país bem. Não se admirem depois de haver quem tenha saudades dos tempos da velha senhora… (não, não é de mim, eu sou uma gaja nova… digo, de meia idade… digo, OK, OK, mas não sou eu).
6 de Agosto de 2006 às 1:04
Inqualificável!
6 de Agosto de 2006 às 10:04
Beja, a saudade, onde trabalhei entre 1976 e 1980, e onde já não vou há cerca de 20 anos. Visitarei mais vezes este interessante blogue.
6 de Agosto de 2006 às 21:01
Ok! Ainda não comprei esse jornal, é que o local onde normalmente o compro está fechado para férias….
6 de Agosto de 2006 às 21:16
@zig – na secção “Crónicas”, aqui na Praça, podes ler o que vou escrevendo pelos jornais:
http://pracadarepublica.weblog.com.pt/cronicas/
(neste caso: crónica 28/7 do Correio Alentejo)
6 de Agosto de 2006 às 22:40
A atitude é no mínimo repugnante, mas não é de estranhar tomada por um militante do PCP. Deixo aqui a minha solidariedade para com a Madalena e o seu companheiro João Espinho que tive o prazer de conhecer pessoalmente.
E para quem é fiel às palavras de ordem. Abaixo a perseguição política. Um abraço aos dois do Raul
6 de Agosto de 2006 às 22:47
@raul – um forte abraço!
7 de Agosto de 2006 às 10:39
Esta situação, além de grave, é repugnante.
Em Beja, o PREC vive!
7 de Agosto de 2006 às 11:30
Para entender e explicar melhor a situação, talvez fosse interessante saber qual o tipo de contrato celebrado, qual a sua duração ou termo no caso de haver, fundamento da celebração e fundamento da rescisão ou não renovação.
É que há vários tipos de contrato de trabalho: a termo resolutivo certo ou incerto, sem termo resolutivo, contrato administrativo de provimento, contrato de prestação de serviços (tarefa ou avença)…
7 de Agosto de 2006 às 11:38
E há mais: um contrato pode cessar por caducidade (termo do prazo ou fim da tarefa ou função que lhe deu origem), rescisão amigável das partes, ou denúncia de uma das partes.
Neste último caso, a fundamentação tem de ser feita com muito cuidado, pois a cessação não é “automática” como nos anteriores.
Além disso, há prazos a cumprir, notificações, etc.
7 de Agosto de 2006 às 23:24
Obrigado João, mas já tinha lido. É que não entendi bem o caso porque não sabia qual era o cargo que a tua amada ocupava.
7 de Agosto de 2006 às 23:28
Expresso a minha solidariedade para com a pessoa em causa – que não conheço – ficando à disposição para qualquer iniciativa que se queira levar a cabo para minorar as consequências. É que ninguém vive de solidariedades, mas de acções concretas.
Um abraço.
8 de Agosto de 2006 às 9:58
Tem piada, numa época em que a nostalgia vende,beja essa cidade sui-generis vai logo recuperar os métodos dessa sinistra figura chamada Estaline. Este pessoal de Beja não aprende, há 30 anos que vivem comandados pelo PCP e não vêem o atraso da cidade.
8 de Agosto de 2006 às 10:52
@chico: contrato de prestação de serviços (avença), com término em Setembro de 2006.
8 de Agosto de 2006 às 11:04
@anónimo – já que está perto do contrato (na Câmara Municipal, donde está a escrever) releia os termos do mesmo. Está lá escrito até Setembro de 2006? Não está. Mas estava nas suas contas e nas de quem agora exerceu o poder de despedir. E não são as questões legais que estão em causa. O Presidente pode até dispensar todos os avençados (o que não vai fazer, pois alguns têm o cartão do Partido), mas deveria saber enfrentar quem despede. E explicar as razões, olhos nos olhos. Mas não!
(agora pode ir fotocopiar a esta resposta e meter no secretária do seu dono)
8 de Agosto de 2006 às 11:37
quem vive pela espada, morre pela espada….o que não significa que seja justo, mas acontece
8 de Agosto de 2006 às 11:39
Pior do que ser cego é deixar que nos tapem os olhos.
Enfim… já dei para esse peditório.
8 de Agosto de 2006 às 11:47
@anónimo/a – não vale a pena andar a fazer navegação anónima, porque a gente também sabe como é que isso se faz. E o gato, ou coelho, deixa sempre o rabo de fora. Mas vocês também sabem isso.
Quanto à espada: calha a todos, não é?
8 de Agosto de 2006 às 12:07
Espero que a espada a cair, caia mesmo a TODOS que Beja bem precisava.
nota: Aqui não há ‘voces’ é erro de assunção, sou só mais uma pessoa que ouve, lê, e vê o o que por aí se diz e faz.
8 de Agosto de 2006 às 12:13
Tenho muita fé na minha assunção. Errada ou não!
8 de Agosto de 2006 às 14:39
Não seria de esperar outra coisa de uma gestão feita por comunistas!
8 de Agosto de 2006 às 19:14
Coisas de comunistas!
Vindo desta gentalha, nada me surpreende, nada, mesmo nada. Também eu vivo numa RDA dominada pelos comunistas há 32 anos. Conheço-os a todos de gingeira. É gente pouco recomendável.
Só que, felizmente não preciso deles para nada e posso dizer que há mais de seis anos que não ponho os pés no edifício da Câmara. Só preciso deles para pagar os minhas contribuições e os meus impostos e isso eu consigo fazer sem lhes dar o prazer da minha presença!
O que é lamentavel é o facto de nos aparecerem como senhores e donos da verdade, dos bons costumes, do respeito pelo próximo, gente cheia de virtudes, gente democrata, sempre muito críticos em relação aos outros partidos de direita, pois segundo eles, só eles e apenas eles é que são de esquerda.
Na prática, não são nada disso!
Por vezes são o oposto!
9 de Agosto de 2006 às 3:41
Mas qual é a admiração?!
Não é isto que acontece todos os dias em todo lado? Quando o músico (avençado) deixa de alinhar no alinhamento do maestro (linha política da entidade patronal) não é rapidamente saneado? Tocava aquela música – vem; deixou de tocar – vai. Onde é que entra aqui a CMB ou o PCP ou outros quaisquer? Eu que tenho pouca experiência no ramo (dez anos de autarquias) já vi isto acontecer, à vontadinha, mais de 50 vezes! E isso do pessoal ter de andar calado ou precisar de ter cuidado com o comportamento… Trabalhei com três presidentes em cinco mandatos (obviamente que não foi sempre na mesma Câmara), cinco anos de comunistas e outros cinco de não comunas e não vi grande diferença. Estalines há em todo lado. Já me vi em situações de ter de “não ver”, “não ouvir”, “isto não é comigo” porque a vida não está fácil e não me apetece ir para a bicha do IEFP. Sou fraco? Está certo, joguem-me pedras…
O que mais me espanta é como é que a pessoa em causa se aguentou tanto tempo. Não acredito que ela nunca tenha pensado nisto, que fosse apanhada de surpresa… Não acredito que ela não sabia que era uma questão de tempo, ainda mais com um contrato de prestação de serviços. Se não aconteceu antes, sabendo que ela já não é companheira do ex presidente há uns tempos (penso que seja mais isto do que actualmente namorar com um deputado municipal do PSD), foi porque é uma pessoa que toda a gente sabe quem é e que esta atitude faz um rombo grande na já de si baixa popularidade do executivo. O que aconteceu é que perderam o medo e a vergonha! Quantas pessoas da CMB (e em tantos sítios…) conhecem que não vão já atrás dela só devido a terem um vínculo contratual mais forte?
Agora não digam que isto é exclusivo de Beja, da CMB ou do PCP porque sabem que (INFELIZMENTE) não é!
Resumindo: Não concordo mas não me surpreende. Não me identifico porque ‘acho que não’. A pessoa em causa conhece-me, já trabalhámos juntos há mais de uma dúzia anos numa altura em que essa coisa dos partidos não interessava nadinha para nós passarmos o dia de soriso nos lábios. Infelizmente com a idade começamos a levar umas porradas…
Cumprimentos a todos