Mai 30 2006
À DERIVA
A Ministra da Educação acordou mal disposta, agarrou num cajado e vá de dar porrada da forte nos professores.
Entretanto, circula no Governo a ideia peregrina de colocar pais e encarregados de educação a avaliar professores.
Digam-me que isto é só um pesadelo e que estamos a viver num país faz-de-conta.
É que, se fosse um País a sério, havia já uma Comissão de avaliação do desempenho ministerial da referida senhora e seria criado um Grupo de Trabalho para avaliar as capacidades dos encarregados de educação que se demitem diariamente de o ser.
Tirem-me daqui!
30 de Maio de 2006 às 14:33
Concordo plenamente com todas as observações…
mas convenhamos que há por aí certos professores que se fossem avaliados também não lhes fazia mal nenhum…!
30 de Maio de 2006 às 14:48
Não sei em que molde é feita essa avaliação dos professores por parte dos encarregados de educação.
O que ouvi a Sra Ministra dizer foi uma analogia entre os professores e os médicos, onde os melhores médicos são mobilizados para os doentes mais criticos, aos contrário dos melhores professores que ficam com os melhores alunos deixando os alunos com insucesso escolar crónico para os professores mais novos, sem experiencia e com menos anos de ensino.
Acho que tem razão.
30 de Maio de 2006 às 15:10
@Nikonman
A ideia dos pais participarem na avaliação de desempenho dos professores, nomeadamente, no que diz respeito a aspectos relacionais (professores/pais e professores/alunos) é mais que acertada. Penso que o meu caro Nikonman, como representante dos pais dos alunos de uma escola, deveria estar mais atento ao que vai surgindo. Trata-se de promover a participação dos pais, e de lhes permitir avaliar a qualidade da interacção que é estabelecida com os docentes. Não é necessário ser cientista para avaliar estas questões. Aliás, até convém não ser!
A minha opinião é a seguinte:
PROFESSORES TEMEM SER AVALIADOS PELOS PAIS
Ao que parece, os pais vão começar a participar (começar a participar, note-se) na avaliação dos professores dos seus filhos.
Os Sindicatos dos professores, para variar, opõem-se. Ao jornal Público, a Fenprof afirma que os pais
30 de Maio de 2006 às 15:16
O, triste, estudo a que se refere o texto é este:
http://www.gave.pt/2005/basico/relatorio_da_reflexao.pdf
30 de Maio de 2006 às 15:28
Desculpem-me os cientistas da educação mas eu, enquanto pai e encarregado de educação, não posso estar a avaliar professores se não me sei avaliar enquanto pai e encarregado de educação. Eu sei que a reacção dos professores é meramente corporativa, mas os pais deveriam também eles assumir uma postura de não desejar para si mais competências administrativas (ou que estão simplesmente no papel) na Escola, quando se sabe que a grande maioria duvida das suas próprias competências como educador.
Também é verdade que há professores que “descarregam” para cima dos pais o ónus do insucesso. Aí temos que reagir – e eu já o fiz no lugar próprio – e comunicar a quem de direito – o que também fiz. A partir daqui terão que funcionar os mecanismos legais. Este tema, obviamente, é demasiadamente complicado para caber aqui numa caixa de comentários. Devo dizer também que, pelo facto de ser presidente de uma associação de pais, tal não me inibe de criticar posturas corporativas que algumas Federações de Associações de Pais vêm assumindo.
30 de Maio de 2006 às 16:08
Só uma pergunta: Quem é que acha que as associações de pais nas escolas são representativas dos pais dos alunos, e se não devem também ser responsabilizadas pelo actual estado do ensino?
30 de Maio de 2006 às 16:22
@Nikonman
PARTICIPAR NA AVALIAçÃO DAS QUESTÕES RELACIONAIS
30 de Maio de 2006 às 16:30
@machado – as associações serão representantes dos pais que elegem os respectivos corpos directivos. E não, não devem ser responsabilizadas pelo estado actual do ensino.
30 de Maio de 2006 às 16:35
@pontapé – o meu receio é que se caia em exageros. E que as ferramentas colocadas ao dispor de pais/ee não sejam mais do que meia dúzia de parágrafos de legislação para “dar a ideia” de que sim, que os profs estão a ser avaliados.
30 de Maio de 2006 às 16:48
@Nikonman
Eu também tenho esse receio, mas não deve ser ele a tolher-nos a acção. Na minha opinião, na teoria, a medida é positiva. Vamos ver, com tantas reticências, á priori, como será a sua aplicação.
@machado
Sim, acho que as Associações de Pais têm a sua parte de responsabilidades, apesar de relativa. Até porque se não são responsáveis, para o bem e para o mal, então a sua existência não faz sentido.
30 de Maio de 2006 às 17:32
Acordou mesmo mal disposta e não foi só por pôr os pais a avaliar-nos. Pois é, sou professora e, ainda por cima, de Matemática. Acho que nunca irei mudar de escalão, como brincavam ontem no JN!…
Além de sermos avaliados pelos pais, somos avaliados pelas notas que damos, pelo abandono escolar dos nossos alunos, etc, etc…
Se quiserem ler tudo, está aqui: http://www.min-edu.pt/Scripts/ASP/destaque_det.asp?newsID=467
Não vejo mal nenhum em avaliar professores de uma forma mais coerente que aquela que vigora neste momento. O que eu acho é que somos um grupo profissional muito especial e que tem de ter parâmetros de avaliação adequados e não inventados por quem não conhece a realidade das escolas… que é o caso da nossa ministra.
Já agora uma questão. Os médicos são avaliados pelo número de pessoas que morrem aos seus cuidados? Coitados daqueles que estão nas urgências dos grandes hospitais… mais valia terem sido oftalmologistas!
É um pouco isto que nos vai acontecer e não me parece que seja a forma de distinguir os bons dos maus professores.
E ainda vou ter de perceber como vou avaliar os professores do meu filho…
30 de Maio de 2006 às 18:28
Desculpem a interrogação, mas pais e encarregados de educação, que actualmente, na sua grande maioria, se desresponsabilizam totalmente pela educação dos seus filhos, a avaliar professores? – Algo no meio disto me parece estar mal… Mas posso ser eu que estou a ver mal, por isso, como sou jovem, agradeço que me corrijam!
Será que é assim que vamos levar os pais para dentro da escola?
A meu ver, o grande problema da escola permanecer encerrada aos pais até hoje, prende-se pelo facto da classe docente ter medo de ser substituída pelos pais, e consequência disto, ao longo do tempo já se criou um clima, quase inato, de desresponsabilização.
Será que os professores vão aceitar isto, uma das maiores afrontas (na visão deles) ao seu poder dentro da escola?
E mais uma vez onde ficam os estudantes no meio disto? Mas será que hoje só temos estudantes “mudos”, autênticos “yes’man’s”, “paus mandados”, formatados(!) pelo Conselho Executivo e ao seu serviço? É assim que se que fazer a tão apregoada Educação para a Autonomia? A meu ver bastante necessária para que cada um assuma uma postura de cumprimento e de fazer cumprir todos os direitos e deveres cívicos de qualquer ser humano, consiga pensar e decidir por si próprio, ter uma visão aberta, a sua visão sobre o mundo. (Desculpem a divagação.)
Mas temos um exemplo antagónico, no nosso país, sobre isto, que inclusive é modelo mundial de gestão e sucesso escolar. A famosa e conceituadíssima Escola da Ponte em Vila das Aves, conhecida por sobretudo receber casos problemáticos de estudantes, funciona com uma direcção que maioritariamente é constituída por pais. Os pais naquela escola mandam! Os resultados estão à vista e são inegáveis! E esta?!
Em minha modesta opinião, para além de educar os filhos, tem que novamente se educar os pais e professores, tal como os Conselhos Executivos, porque, a meu ver, actualmente estes (supostos!) parceiros educativos, que deveriam ver-se como tal e trabalhar para um mesmo objectivo – o sucesso escolar e na vida do aluno, vêem-se dentro da escola como “inimigos”, fogem uns dos outros e atacam-se às escondidas. No meio de tudo isto quem sofre é o aluno e todos por consequência.
Todos com voz, juntos por um mesmo objectivo, com competências bem definidas, verdadeiros parceiros, porque como diz o ditado africano “É necessário toda uma aldeia para educar uma criança!”.
Já agora, depois de tanta asneirada que a ministra tem feito, não a mandamos para a reforma ou para casa cuidar dos netos e leva-los à escola para ver se descobre o que é o ensino (desculpem mas eu prefiro chamar em vez de ensino, FORMATAçÃO/ALIENAçÃO!) em Portugal?!
Desculpem, sou jovem e estudante!
30 de Maio de 2006 às 18:29
É curiosa a tendência para desculpar o que está mal com
30 de Maio de 2006 às 19:05
Parece que há quem esteja satisfeito com a eventual participação dos pais na avaliação de desempenho dos professores
30 de Maio de 2006 às 19:18
Melhor do que alimentar guerras aqui na praça, fica um bom exemplo, que nos ajuda a acreditar que é possível os pais participarem de uma forma responsável na “vida da escola”. Escola da Ponte, na Vila das Aves.
http://www.eb1-ponte-n1.rcts.pt/
30 de Maio de 2006 às 19:31
@pontapé – a CONFAP diz: “A CONFAP atenta às alterações do ECD e à inclusão dos pais no processo de avaliação dos professores reafirma, no entanto, a necessidade de continuar a pugnar pela defesa de uma ampla participação dos pais na gestão democrática da vida das escolas e na Avaliação Integrada do Sistema Educativo. A CONFAP encontrará com o Ministério da Educação a melhor forma de enquadrar, na legislação em vigor, os contributos que os pais, representantes de pais de turma e Associações de Pais poderão prestar na promoção da excelência e da qualidade dos serviços prestados à comunidade.”
Julgo que é, ainda, uma posição cuidadosa. Vou estar atento à evolução das posições da CONFAP que não são, algumas vezes, concertadas com as posições das Associações. Veja-se o comunicado de imprensa da Confederação a referir quem é quem nesta matéria: http://www.confap.pt/desenv_noticias.php?ntid=548
30 de Maio de 2006 às 19:58
Já rectifiquei a informação da CONFAP no meu blog. Vá lá a gente fiar-se nos jornais.
30 de Maio de 2006 às 20:21
@Nikonman
De qualquer modo, não deixa de ser estranho a Confap ter uma posição diferente da sua presidente – Maria José Viseu – citada pelo Público.
http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1258815
31 de Maio de 2006 às 1:11
Avaliar professores? Quem tem medo? Quem não deve não teme. Sejamos objectivos. Todos fomos alunos e há que saber distinguir entre o mau e o bom professor. Há bons e maus professores. Quem tem medo de ser avaliado? 🙂
31 de Maio de 2006 às 2:07
não me incomoda nada ser avaliada pelos meus pares ou pelos meus superiores, que para tal tenham capacidade; acho muito bem ter que prestar provas da minha capacidade científico-pedagógica, não me incomoda absolutamente nada. No entanto, neste momento nem sequer à ministra dou crédito para me poder avaliar, pois tem vindo a demonstrar que não faz a mais minima ideia do que se passa nas escolas deste país. talvez conheça a realidade do colégio particular onde tem os filhos, mas não sabe nada da minha escola!
4 de Junho de 2006 às 23:09
Não percebo muito bem qual o drama de um encarregado de educação poder contribuír com uma ínfima parte da avaliação de um professor!
Se são competentes, de que têm medo?
Os pais pagam os impostos, que sustentam o Ministério da Educação, que por sua vez paga os ordenados aos professores, não terão uma palavra a dizer?