Abr 17 2006
Desafio Solidário
O desafio foi-me lançado pela Pandora. Consiste em divulgar uma Associação humanitária (Nacional ou Internacional), escolhida por nós, através de um link, de uma imagem, de uma mensagem. E lançar o desafio a outros bloguistas/blogueiros.
O meu destaque:
A CAIS é uma Associação de Solidariedade Social sem fins lucrativos. Nasceu em 1994 e tem como missão o apoio à reinserção, a todos os níveis, de pessoas sem tecto e sem lar em Portugal.
Com a publicação de uma revista, vendida exclusivamente por pessoas sem residência fixa, e mais recentemente com a Ponte Digital, a CAIS tem procurado reintroduzir no mundo das relações interpessoais e de trabalho, mulheres e homens pobres e marginalizados.
A revista CAIS é de muito boa qualidade e apresenta excelentes fotografias. Aqui em Beja só por uma vez a vi a ser vendida. A CAIS promove diversos eventos, dos quais um Concurso de Fotografia, já aqui destacado.
Desafio que lanço a:
– Aliciante
– O Bom Gigante
– Portas de Mértola
– Instantâneos de Beja
Em entrada extendida, um testemunho.
Com apenas seis meses de idade, o Carlos foi entregue pela mãe, aos cuidados dos avós.
– Os meus pais verdadeiros foram os meus avós. Foram eles que me criaram , educaram e ensinaram tudo o que sei hoje.
Da mãe, as lembranças são distantes e frias. Aos 14 anos, os avós faleceram e o Carlos deixou a escola, por falta de dinheiro. Como era menor de idade, acabou por ir viver para casa da mãe, onde ficou muito pouco tempo, visto não conseguir suportar o vazio que sentia.
– Saí de casa da minha mãe porque não tinha aquele afecto, aquele carinho. Sentia muito a falta dos meus avós.
E foi assim, que o Carlos se tornou um sem-abrigo.
Durante muito tempo , vagueou por vários cantos e recantos da cidade de Lisboa, até arranjar o seu primeiro trabalho, como vendedor num mercado. Sobrevivia com latas de sardinha, bocados de chouriço, torresmos, pão e fruta. As condições higiénicas e alimentares eram, porém, de tal ordem, que o Carlos acabaria por ir parar ao hospital, onde permaneceu internado e em recuperação, durante dois anos.
Assim que melhorou, o Carlos teve que fazer o serviço militar obrigatório. Também esse durou dois anos. No final o Carlos voltava à rua. Nessa altura conheceu a Comunidade Vida e Paz, e é através dela, que se re-encontra a si mesmo, e o lar que afirmava ter perdido. Houve depois, passado algum tempo, um colega seu de rua, que lhe falou da Porta Amiga das Olaias (AMI), da roupa, dos balneários para ir tomar banho, das refeições, da assistente social, de um médico e dos vendedores da CAIS.
A CAIS já não era novidade para o Carlos, mas é nesse momento que surge a oportunidade para a vender. Começou por vendê-la na Rotunda do metro, mas com o aparecimento de outros vendedores, o Carlos decide voltar com as revistas, à rua Barata Salgueiro, onde já tinha estado como arrumador de carros.
– Comecei a vender a revista e pouco a pouco fui ganhando clientes. Tornei-me numa pessoa mais extrovertida e alegre. Sou um vendedor sempre com um sorriso nos lábios. Por isso, consigo cativar muitas pessoas. A revista CAIS foi muito importante e útil na minha vida, ajudou-me muito e ainda me continua a ajudar. A CAIS ensinou-me a ter horas para me levantar e a saber lidar com o dinheiro.
O Carlos foi depois morar para o Conde Redondo. Procurava vender as 300 revistas, a que cada vendedor tem direito, de forma a poder pagar todas as suas despesas, e colocar algum dinheiro de parte. Um dia, no seguimento de uma entrevista, o Carlos recebe do Centro de Emprego a proposta para ser vigilante nocturno na Pousada da Juventude de Sintra. Ele não só aceitou, como ficou todo feliz quando soube que 250 pessoas tinham respondido ao mesmo anúncio. É claro que o trabalho à noite não lhe permite estar com a esposa e filha, o tempo que deseja, por isso, ele anda a ver, de momento, se consegue arranjar trabalho como vigilante diurno. No entanto, com esta ocupação, e com a venda da CAIS, ele tem conseguido melhorar, sem dúvida, a sua situação.
Quanto aos sonhos, diz o Carlos…
– Já os concretizei. Ter uma casinha, aquela que eu perdi com os meus avós, ter um tecto, onde estivesse abrigado e não apanhasse chuva; não ter necessidade de uma camisola ou de um casaco, ter um pratinho quente. Depois, construir uma família. A minha filha e esposa são a coisa mais linda da minha vida. Agora, para o futuro, o que eu desejo é ter saúde e continuar a melhorar a minha vida. Não desejo mais nada, só isso. Os sonhos, para mim, já estão todos realizados, por isso, não posso pedir mais.
Carlos Gonçalves, vendedor da CAIS.
17 de Abril de 2006 às 13:43
uma história de sucesso 🙂
conheço esta associação e a revista também e acho que fizeste uma excelente escolha.
🙂 beijo e boa semana!
17 de Abril de 2006 às 13:44
Ora aqui está um excelente desafio, o qual aceito com muito agrado.
Só tenho uma pequena dúvida: como sei quais foram as instituições já divulgadas?
Não quero correr o risco de repetir.
17 de Abril de 2006 às 13:48
@chico – nestas coisas devemos sempre correr o risco da repetição. Mas há a vantagem de quantas mais vezes uma Associação for divulgada, mais vezes ela será conhecida. Cada blog tem os seus leitores residentes. Que poderão não ser comuns aos leitores dos vizinhos. Pelo menos é assim que vejo as coisas.
17 de Abril de 2006 às 19:36
Aceito o desafio com todo o gosto! Responderei ao mesmo no decorrer desta semana. Estou com muito trabalho, tentarei ser o mais rápido possível. Obrigado por se lembrar de mim!
Abraço!
18 de Abril de 2006 às 12:58
Porque não falam da Buganvilia que existe na nossa terra??